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Ensino Da Arte

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Por:   •  24/3/2015  •  772 Palavras (4 Páginas)  •  593 Visualizações

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SOBRE ARTE, ENSINO DE ARTE E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

A partir dos resultados dos estudos realizados, considerando especificamente o papel do ensino regular de artes e ofícios no que diz respeito ao tema da reestruturação produtiva do país no século XIX e de suas conseqüências na esfera ideológica em meio a qual observamos ao aparecimento dos primeiros traços da razão dualista que nos persegue até hoje, pode-se afirmar a importância estratégica central da Academia Imperial de Belas-Artes e de seus sucedâneos (na linha da própria academia e dos liceus) no processo de reestruturação da economia brasileira a médio e longo prazo. Seja abrindo espaço para o aparecimento de manufaturas industriais mediante a formação de mão de obra especializada, seja para a criação de um Sistema de Belas-Artes mediante a formação de artistas para atender à demanda estético-cultural de uma fração nova da burguesia, urbana e voltada para o empresariamento industrial.

De fato, dentre outros propósitos subordinados, se à Academia cabia levar adiante o plano estratégico de produzir conhecimento, estabelecer um método científico de trabalho e uma hierarquia disciplinar capaz de reproduzir os

12 Ver REIS (2008, 2007).

13 Cf. REIS (2008).

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ensinamentos ministrados, e, no limite, instaurar um aparato legislador das coisas da arte com vistas à formação de um Sistema de Belas-Artes que correspondesse aos objetivos hegemônicos da classe dominante, aos liceus e outras escolas de ofícios cabia tarefa semelhante ajustada ao nível da classe trabalhadora. Não obstante, a ignorância ou descaso que as elites de um modo geral devotavam pela herança artística colonial, o desprezo que sentiam pelo trabalho manual era ainda maior, o que tornaria a tarefa de sistematizar a produção artística ainda mais complexa. Contudo, isso se fez de duas maneiras complementares. Isto é, por um lado, a Academia construiria junto às elites do país a idéia de que a produção artística acadêmica interessava estrategicamente ao Estado, seja como forma de acumulação de um capital simbólico à altura dos seus dirigentes e, por conseguinte das elites, seja como forma de reprodução do capital acumulado14. Por outro lado, construindo imaginariamente a tradição das Belas-Artes no país, seja universalizando a idéia de uma hierarquização fundada em princípios éticos e estéticos insuspeitos porquanto baseada no domínio competente da técnica, seja apagando ou mascarando oficialmente os resquícios da tradição colonial.

Dessa forma, dada a sua centralidade estratégica, o ensino de artes e ofícios, respectivamente, tornar-se-iam teleologicamente determinantes na indicação do caminho a ser percorrido pela sociedade brasileira na busca do progresso nacional. À precisão da técnica, ao conhecimento científico dos materiais e ao domínio das ferramentas, apanágios do Iluminismo, associava-se o pensamento positivista a considerar a ordem como sinônimo de modernização. Nascia, assim, no seio das elites da época, um discurso paradigmático fundado num tipo de razão dualista a alinhar, de um lado, modernização e riqueza e, de outro lado, conservadorismo e pobreza.

3. O TRABALHO DO PESQUISADOR: O LONGO PRAZO COMO IDEOLOGIA

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