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FEBRE EM CRIANÇAS: PROCURA DE PAIS POR SERVIÇOS MÉDICOS DE EMERGÊNCIA

Por:   •  25/5/2022  •  Artigo  •  2.561 Palavras (11 Páginas)  •  109 Visualizações

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

ELENICE MEIRELES IZABEL

FEBRE EM CRIANÇAS: PROCURA DE PAIS POR SERVIÇOS MÉDICOS DE EMERGÊNCIA

SÃO PAULO

2022

ELENICE MEIRELES IZABEL

FEBRE EM CRIANÇAS: PROCURA DE PAIS POR SERVIÇOS MÉDICOS DE EMERGÊNCIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Pós-Graduação em urgência e emergência da faculdade venda nova do imigrante como pré-requisito para obtenção do título de especialista em urgência e emergência.

SÃO PAULO - SP

2022

FEBRE EM CRIANÇAS: PROCURA DE PAIS POR SERVIÇOS MÉDICOS DE EMERGÊNCIA

Elenice Meireles Izabel

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.

Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO

Este estudo foi desenhado para refletir a compreensão dos pais ou responsáveis de crianças de 0 a 5 anos sobre febre, direção e enfermagem em serviços de urgência e emergência. A abordagem empregada neste artigo é a pesquisa bibliográfica, leitura crítica, redação de resumos e paráfrases de obras relacionadas à confrontação tópica e conclusões direcionadas. Concluiu-se que as experiências dos pais que procuram esses serviços relacionaram-se a três temas: medo da febre; cuidar de uma criança com febre; e experiência de atendimento em serviços de urgência e emergência. O medo exagerado da febre é generalizado e os pais/responsáveis se sentem seguros diante da tecnologia existente nos serviços de urgência e emergência. No entanto, nem sempre os cuidados tomados são recomendados para a situação apresentada.

Palavras-chave: Febre. Urgência. Criança

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  1. INTRODUÇÃO

A febre é um achado comum na infância. Cerca de 20% a 40% das crianças com menos de 5 anos recebem cuidados médicos para febre. Os conceitos de febre e formas de manejo, embora tenham sofrido diferentes entendimentos ao longo do tempo, têm sido considerados benéficos e terapêuticos desde a época de Hipócrates em 400 aC, pois trata-se da recuperação da febre evento obrigatório para a restauração do estado de saúde.

Em 1876, o médico e fisiologista francês Claude Bernard realizou um estudo e descobriu que os animais morriam quando a temperatura corporal era de 5 a 6 graus Celsius acima do normal. Desta forma, o conceito de febre para a saúde do organismo deixa de ser plenamente considerado. À medida que o paradigma quebra, as pessoas lutam para entendê-lo e, assim, controlá-lo. Assim, no final do século XIX, novos antitérmicos foram descobertos e começaram a ser usados rotineiramente em todo o mundo.

Com isso, a procura pelos serviços de saúde tem aumentado, fazendo com que as equipes de saúde tenham dificuldade em diagnosticar e tratar a febre. Somente em meados da década de 1980 alguns padrões como Boston, Milwaukee, Filadélfia e Rochester foram elaborados e utilizados como base para diretrizes e protocolos de associações médicas, sendo utilizados na prática clínica e atualizados até os dias de hoje.

Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é refletir a compreensão dos pais ou responsáveis de crianças de 0 a 5 anos em relação à febre, condução e enfermagem nessa situação, em serviços de urgência e emergência. Também apresenta como objetivos específicos o manejo da criança febril e analisa os motivos pelos quais os pais procuram os serviços de urgência e emergência em caso de febre.

Como método, emprega-se a pesquisa exploratória e descritiva, com foco na revisão bibliográfica, onde serão utilizados livros, manuais, artigos, dissertações e artigos indexados e publicados nas seguintes bases de dados eletrônicas para recuperação científica.

  1. REVISÃO DE LITERATURA

Segundo Fernandes (2019), independentemente do grau de febre, a avaliação inicial das crianças é focada no seu estado geral prejudicado, avaliado por parâmetros como frequência cardíaca, frequência respiratória, tempo de enchimento capilar, nível de hidratação, atividade e resposta a irritação, pois a febre por si só não é um fator de risco para determinar a gravidade da doença.

Há pouca evidência de uma relação entre febre alta e gravidade de doenças. Isso foi confirmado em um grande estudo australiano com 16.000 crianças com febre, sugerindo que o valor preditivo dessa relação é baixo, pois descobriu-se que menos de 1 em 250 crianças com febre menor de cinco anos progrediu para uma doença invasiva num valor próximo de 3,2%. (Cool et al., 2013).

Também é importante ressaltar que a incidência de doenças de maior gravidade diminuiu significativamente após a introdução da vacina Haemophilus b (HIB) e da vacina S. pneumoniae, pois esses agentes têm sido a principal causa de doenças, como Pneumonia, meningite, e sepse, na faixa etária abaixo de três anos.

Mesmo frente a tais evidências, conforme Purssell (2013, p. 16)

Tais queixas continuam sendo um dos principais motivos de procura por serviços de urgência e emergência pediátrica, pois os pais percebem a febre como uma doença e fator de risco para complicações maiores (convulsões ou danos cerebrais). O mal-entendido dos fatos ocorre muitas vezes porque a febre pode levar a uma aparência desagradável na criança, gerando medo, ansiedade e insegurança diante de qualquer novo evento febril. Como resultado, esses conceitos incorretos criam medo, descrito como fobia febril, um termo usado para definir medos irreais associados a um caso.

Guiada pela prática e pela crença, a febre pode ser compreendida a partir de três perspectivas: científica, científica pragmática e temerosa. A primeira é caracterizada por uma resposta adaptativa e benéfica ao organismo; a segunda é definida como a consciência da função do corpo na febre, e mesmo assim, tratamento por profissionais de saúde devido ao conhecimento prévio da febre; e a terceira é o medo modelo de -fobia, que se caracteriza por altos níveis de ansiedade e medos frequentes por parte dos pais ou responsáveis (CECÍLIA; MINAYO, 2019).

Essa diferença conceitual em relação à febre evidencia a necessidade de uma compreensão permanente do assunto em diferentes realidades, pois mesmo a orientação profissional pode levar a comportamentos inadequados.

Segundo Pitoli et al. (2020), em uma análise do significado da febre, os pais expressaram medo da febre, associando-a a infecção, convulsão, doença grave, crença de que seu filho era imunocomprometido e manifestaram preocupação com os sinais e sintomas da febre que deixam a criança fraca, chorando, sem comida, cansada e miserável. A febre é entendida como um sinal de algo incomum no corpo da criança, mesmo que a experiência anterior indique que sua ocorrência signifique uma deterioração da saúde.

De acordo com o estudo realizado pelos autores, os entrevistados utilizaram medidas farmacológicas e não farmacológicas, bem como uma combinação das duas, no manejo da febre em crianças. Quanto às medidas medicamentosas, os entrevistados relataram usar apenas ibuprofeno, alternando com dipirona se a febre persistisse. Além disso, foi introduzido paracetamol em dose dupla. As dipironas também foram relatadas como associadas ao paracetamol. Também há preocupações sobre não dar remédios às crianças porque os serviços de urgência e emergência não conseguem lidar com a febre.

De acordo com Pitoli et al (2020) em seu estudo sobre as respostas dos pais à febre em crianças. Quanto ao atendimento prestado pelos serviços de urgência e emergência, os entrevistados relataram estar bem estruturados, sentindo-se melhorados, sentindo-se cuidados e tranquilos. No entanto, alguns apontaram para atrasos no serviço. Quanto a uma estrutura assistencial favorável, dizem que lhes proporciona uma sensação de segurança que permite uma avaliação detalhada da situação, bem como um bom atendimento em caso de agravamento das condições.

O atendimento à criança com febre em serviços de urgência e emergência, como se acredita, dá a sensação de que a criança está sendo cuidada, que está recebendo a medicação certa e sendo testada. Tudo isso contribui para a melhora da condição, o desaparecimento da febre e traz paz. Além disso, os responsáveis ainda esperam que essa melhora continue.

A febre tem sido observada para fazer com que as pessoas procurem mais serviços de saúde, com pouco tempo de febre à necessidade. O conhecimento e o manejo da febre têm sido investigados em diferentes partes do mundo e as práticas são desencorajadas, essencialmente levando crianças a serviços de urgência e emergência quando não são realmente necessários (PÉREZ, 2019, p. 18).

Segundo Lanzlinger (2019) em revisão sistemática sobre febrefobia, as convulsões são o principal problema por se tratar de uma experiência aterrorizante, principalmente para os pais. No entanto, tomar antipiréticos não resolverá o problema. Recentemente, um estudo conseguiu mostrar que o uso de paracetamol retal reduz a prevalência de convulsões febris.

Os pais ou responsáveis procuram os serviços de urgência e emergência por medo de que uma criança fique imunocomprometida. Sabendo que a febre é necessária para uma melhor resposta imune no hospedeiro, um estudo mostrou que apenas 0,4% de 1.097 crianças com febre apresentavam uma condição que poderia evoluir para doença invasiva. O risco de complicações diante de um quadro febril foi encontrado próximo a 3,2% (KOOL, 2013).

Também vale a pena considerar os resultados de estudos que analisaram por que os pais procuraram serviços de urgência e emergência  em casos de febre. Ressalta-se que classificaram este serviço como o local mais adequado onde a consulta com o especialista, a investigação e o tratamento da doença são pontuais e determinados. Outro aspecto de ajudar os pais a levar seu filho aos serviços de urgência e emergência em caso de febre é a facilidade de acesso devido à proximidade ou manipulação quando os serviços de atenção primária estão fechados (Rati et al., 2013).

De acordo com Rati et al. (2013), reconheceu-se que, por estar relacionado a condições que nem sempre são verdadeiras, o foco excessivo na febre pode levar a exames desnecessários, uso indevido de antibióticos, antitérmicos e analgésicos e angústia para pais e filhos. Um ponto importante a ser entendido nesta discussão é que o uso profilático de antipiréticos não previne complicações.

É importante destacar que nos serviços de urgência e emergência não há vínculo entre profissionais e familiares, o que dificulta a avaliação da capacidade dos pais em detectar possíveis agravamentos do quadro clínico, colocando em dúvida as garantias da vigilância das crianças. Além disso, o cumprimento de protocolos de risco tornou-se mais difícil nesses serviços, embora representem um potencial avanço no tratamento de pacientes com febre afocal. A febre em si não requer tratamento, e as diretrizes recomendam que o tratamento seja destinado a aliviar os sintomas concomitantes, em vez de reduzir a temperatura corporal como único objetivo.

Além disso, descobriu-se que não é incomum que os pais forneçam medicamentos em baixa ou em overdose e usem outras intervenções muitas vezes desconfortáveis e desnecessárias. Mesmo diante da evidência de febre, mais de 50% dos pais usavam antitérmicos e cerca de 67% dos cuidadores continuavam em monoterapia. A alternância de medicamentos e/ou uso simultâneo de dois antitérmicos também tem sido relatada na literatura, como encontrado neste estudo. O uso concomitante de medicamentos não é recomendado devido ao risco de efeitos adversos e/ou overdose (Bertille et al, 2018)

Um estudo de revisão de literatura de Nijman (2010) analisou as mudanças no comportamento dos pais e no conhecimento sobre febre nos últimos 30 anos, mostrando diferenças específicas ao longo dos anos, mostrando uma lacuna entre conhecimento e comportamento dos responsáveis e as recomendações dos órgãos de saúde, o que evidencia o fenômeno da inércia cultural.

Notavelmente, esse fenômeno também afeta os profissionais de saúde. Há dados que mostram que isso acontece por diferentes razões: Muitos pediatras estão preocupados principalmente com o desconforto de crianças e enfermeiras, e a consequência mais terrível: convulsões.

Com grande preocupação com a febre em crianças, muitos procuram atendimento médico por não se sentirem seguros para o manejo. Por isso, procuram a avaliação de um profissional de saúde para se assegurarem de que a febre não está relacionada a uma doença grave. Dessa forma, as fantasias dos pais sobre o processo de saúde e doença de seus filhos são resgatadas, fazendo com que eles busquem no outro o que lhes falta (Martins; ABECASIS, 2016).

Na visão psicanalítica, quando um evento é fantasiado, pode ser lembrado como se realmente tivesse acontecido. Na fantasia, há um contraste entre a realidade espiritual e a realidade material. No mundo neurótico, as realidades mentais se sobrepõem. Nos sujeitos com febre, os responsáveis manifestaram sua compreensão sobre o atendimento em serviços de urgência e emergência, observou-se que as estruturas e atendimentos prestados eram satisfatórios e que os equipamentos previstos para sua segurança estavam cobertos (Martins; ABECASIS, 2016).

Diante disso, é preciso levar em consideração que as avaliações dos usuários da assistência recebida nos serviços de saúde incidem principalmente nos aspectos emocionais da experiência, embora represente uma área importante da qualidade da assistência à saúde, e não é sempre claro para os usuários o que realmente significa.

Nessa perspectiva, nas últimas décadas, com a promulgação da nova constituição federal, a legislação brasileira propôs um novo modelo de atenção à saúde que defende amplamente a saúde geral, tem foco na promoção da saúde, assume uma perspectiva interdisciplinar, visa superar o modelo biólogo fragmentado que se concentra em especialidades e tecnologias de alta densidade.

No entanto, apesar de todos os esforços que vêm sendo realizados, observa-se que ainda existe uma crença generalizada entre os pais e responsáveis de que o atendimento em serviços de urgência e emergência, mesmo na presença de febre sem sinais de localização, é mais eficaz devido à seguintes razões: Proximidade dos recursos da unidade de terapia intensiva e testes complementares disponíveis.

Segundo Rati et al (2013), em estudo realizado na capital mineira brasileira, mães que levaram seus filhos ao pronto-socorro por motivos não emergenciais também constataram que eles eram atendidos, estruturados e realizados por pediatras havendo estrutura para testes adicionais. No entanto, a necessidade de procurar desnecessariamente os serviços de urgência e emergência acarreta custos pessoais e sociais, em primeiro lugar a enorme procura criada, que afeta o atendimento de condições mais complexas e significa também um aumento dos custos para os serviços de saúde.

Uma alternativa para essa situação é a implantação da classificação de risco nos serviços de urgência e emergência, embora represente uma importante forma de organização das necessidades e nem sempre satisfaça os usuários que percebem o problema em si como mais relevante do que a avaliação. de profissionais. Um ponto fraco do estudo é a falta de análise da compreensão e do comportamento dos profissionais de saúde diante dessa situação, sugerindo que suas percepções são complementares na definição de intervenções diante dos sintomas e sinais da febre (OLIVEIRA et al, 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiu-se que pais ou responsáveis de crianças que levaram seus filhos aos serviçoes de urgencia e emergencia  com febre atribuíram a necessidade ao medo extremo, pois o vincularam a doenças infecciosas graves, convulsões e imunidade. No cuidado da febre, utilizaram tanto medidas farmacológicas quanto não farmacológicas, e uma combinação das duas, nem sempre seguindo padrões adequados.

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