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DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL RURAL

Por:   •  17/6/2018  •  Artigo  •  2.824 Palavras (12 Páginas)  •  363 Visualizações

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Introdução

        A agricultura é considerada a base do início de nossa sociedade e, a partir do seu desenvolvimento que nossos antepassados decidiram abandonar a forma nômade de sobrevivência e se instalar em um local, formando assim os primeiros vilarejos sedentários, o que posteriormente levou as primeiras cidades e então civilizações (PENA, 2017). O mundo foi se desenvolvendo e assim também a agricultura, porém sempre de forma muito empírica, então, por volta de 1950 foi difundido um novo método de agricultura, a chamada “Revolução Verde”, que consiste no uso de agroquímicos, mecanização, sementes hibridas, monocultura e redução nos custos de manejo (ALVES, 2001)(5)

Tudo isso foi muito importante para o desenvolvimento da população mundial e desenvolvimento do agronegócio, porém como este método toma em conta que a terra é uma propriedade, e não um organismo vivo, fazendo uso indiscriminado de agroquímicos e fertilizantes, logo foram apresentados os problemas desta “maravilha da agricultura moderna”, insetos e plantas desenvolveram resistência às moléculas utilizadas, comprovação de que o uso de certas moléculas, até então presentes no mercado, poderiam provocar câncer, ocorrência de anomalias congênitas, de doenças mental, de disfunções na reprodutividade humana ficando presa na cadeia trófica e provocando um enorme desequilíbrio ambiental, degradação dos solos agrícolas, contaminação do mesmo e da água devido ao uso indiscriminado e sem o correto manejo. (SIQUEIRA, 2006; PERES, 2001)

Além dos problemas citados anteriormente a “Revolução Verde” também afetou a questão social, causando aumento da concentração de renda e da terra nas mãos de poucos, o êxodo rural e todas as consequências que esse desbalanço traz (ALTIERI, 2002).

Em contrapartida à Revolução verde surgia no mundo vários sistemas agrícolas em diversos lugares, simultaneamente e independentes de si, tais como a Agricultura Biodinâmica, na Alemanha; a Agricultura Natural no Japão; e a Agricultura organo-biológica na Suíça e Áustria; por volta dos anos 40 surgiu a agricultura orgânica na Inglaterra e Estados Unidos. Nestas vertentes havia uma maior preocupação com o impacto da agricultura na natureza, porém foram todas apresentadas para um mundo que estava apenas preocupado com o desenvolvimento econômico, sendo completamente desconsiderado o aspecto ambiental (EHLER, 1999 [8]; SMAZZOLENI & NOGUEIRA, 2006).

Logo começou a surgir as primeiras teorias que iam contra o uso de agroquímicos e apresentavam seus riscos, um dos primeiros manifestos e muito conhecido foi o “Silent Spring” (Primavera silenciosa) de Rachel Carson, onde ela alertava sobre o risco do uso dos agroquímicos organoclorados (no caso, o diclorodifeniltricloroetano, o DDT) para a saúde humana e do ambiente. Em 1980 foi apresentado a Teoria da Trofobiose, afirmando que o uso de agroquímicos prejudicava o metabolismo da planta, rompendo a resistência natural da mesma (CHABOUSSOU, 1987)

Aqui no Brasil, durante o 1º Congresso Paulista de Agronomia em 1977, se propôs a repensar a agricultura brasileira, procurando alternativas de desenvolvimento, entretanto desta vez levando em conta as considerações ecológicas (GRAZIANO NETO, 1982).  Porém o avanço do sistema orgânico no Brasil ocorreu apenas a partir de 1992 e seus conceitos não abordavam a questão da justiça social como uma característica do sistema produtivo necessariamente. (MAZOLENI, NOGUEIRA; 2006)

Atualmente o termo agricultura orgânica ganhou uma nova conotação mais abrangente, visando desenvolver a agricultura de forma economicamente viável, social justa e ambientalmente correta (MAZZOLENI & NOGUEIRA, 2006). Segundo Assis et al. (1996) a agricultura orgânica evita ou restringe o uso de agroquímicos (agrotóxicos e fertilizantes químicos), reguladores de crescimento e aditivos para a alimentação animal, obtidos sinteticamente, e visa o uso de variedades vegetais resistentes, controle biológico de pragas e doenças, rotação e diversificação de culturas, manejo ecologicamente seguro para os animais e práticas recomendadas de conservação do solo e da água. O termo "orgânico" remete a “organismo", significando que todas as atividades de uma propriedade agrícola (hortas, pomares, culturas anuais, criações etc.) são partes interagentes de um corpo dinâmico

        Este modelo de produção agrícola que é a agricultura orgânica é a vertente mais popular do Sistema de Produção Agroecológico, que busca criar agro ecossistemas sustentáveis, com princípios básicos a menor dependência possível de insumos externos a unidade de produção agrícola e conservação dos recursos naturais, procurando sempre maximizar a reciclagem de energia nutrientes, como forma de minimizar a perda dos mesmos durante os processos de produção (AQUINO; ASSIS, 2007). De acordo com Altieri (1998) as técnicas agroecológicas tem capacidade de produzir colheitas de qualidade de diversos cultivos e manter a fertilidade do solo, reduzindo então a dependência do produtor aos insumos químicos, que possuem alto custo e mercado instável, otimizando o uso de recursos disponíveis no próprio local combinando os diferentes componentes do agrossistema, ou seja, plantas, animais, solo, água, clima e população, de modo que estes se complementem e que tenham o maior sinergismo possível.

        Sendo o sistema orgânico um dos sistemas [a]agrícolas mais sustentáveis em todos os aspectos, conservando a agro biodiversidade, promovendo práticas e inovações reconhecidas pela comunidade cientifica e pelos tomadores de decisões (NODARI et al., [b]2015), trazendo um maior compreendimento do funcionamento e dinâmica dos sistemas agrários e resolvendo grande parte das questões técnico-agronômicos que as ciências agrarias convencionais não conseguem esclarecer. Necessitando de compromissos socioambientais e total entendimento do termo agroecologia, onde as variáveis sociais indicam a dimensão entrópica da deterioração dos recursos naturais nos sistemas agrários (SEVILLA GUZMÁN, 2002).

        A transição do sistema de monocultura, com alto uso de insumos químicos, para um manejo agroecológico e/ou orgânico, não é fácil, requer paciência, constante monitoramento rigoroso, controle cuidadoso com nutrientes, água e ciclo de energia, para se obter altos níveis de produção. Logo encontra-se o desafio de se estabelecer o correto uso de insumos externos, na fase de transição, sendo estes apenas para obter elementos em déficit no ecossistema, aumentando os recursos biológicos, físicos e humanos disponíveis, visando a reciclagem máxima e ao impacto nocivo mínimo ao ambiente. Porém os agricultores só adotarão estes modos de produção caso haja uma boa perspectiva financeira através do aumento da produção ou da redução de custos de produção. Dependendo neste caso da percepção do agricultor perante os benefícios a curto e médio prazo da agricultura sustentável (ALTIERI, 2004).

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