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Jon Maitrejean

Por:   •  17/8/2016  •  Relatório de pesquisa  •  5.449 Palavras (22 Páginas)  •  279 Visualizações

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Jon Maitrejean:

a casa como mote de reflexão e experimentação

Eneida de Almeida e Kátia Azevedo Teixeira

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Fig. 1: Casa Dymaxion Wichita, Buckminster Fuller, 1946
Foto Wendell Burnett [http://tsl8.blogspot.com/2007/12/buckminster-fullers-round-dymaxion.html]

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Uma invejável inquietude

O arquiteto Jon Maitrejean (Eibar /Espanha, 1929) conserva aos 79 anos um perfil absolutamente marcante reconhecido por aqueles que com ele conviveram em diversas circunstâncias de sua carreira, por sua inteligência inquieta, aliada à acuidade e independência de pensamento: combinação poderosa que lhe permite apresentar-se, em qualquer situação, como um interlocutor respeitável, hábil e corajoso intelectualmente porque capaz de refletir e rever conceitos novos ou estabelecidos. Sem o temor de parecer incoerente, o arquiteto faz do auto-questionamento uma característica do seu modo de ser e de agir, reposicionando-se sobre convicções já defendidas em outros momentos e contextos de atuação, como se, lembrando Habermas (1), suspendesse o juízo para, de fato, buscar o conhecimento.

Sua atividade profissional contempla, ao longo de mais de 50 anos, diversas frentes de atuação, desde a produção arquitetônica em diversas cidades e estados – casas, escolas, centros comerciais, edifícios de habitação, hotéis, projetos na área de abastecimento e consultoria em logística de supermercados – à participação efetiva junto às entidades representativas da categoria profissional dos arquitetos e de órgãos deliberativos. Não é incomum, portanto, que nos surpreendamos com o interesse e vitalidade que o fazem somar a essas atividades mencionadas, a atuação no ensino. É, com certeza, um dos poucos arquitetos a se manter ligado por todos esses anos à formação de jovens estudantes da graduação em arquitetura e urbanismo.

Iniciar uma investigação que recupere parte desse percurso é o interesse deste estudo. A atenção a certos projetos de residências das décadas de 1960 e 70, considerados entre os mais representativos da atuação do arquiteto Jon Maitrejean, possibilita retomar uma discussão deixada de lado na experiência mais recente da arquitetura brasileira contemporânea, ou seja, o tema da industrialização dos componentes da arquitetura residencial e a tão propalada utopia da “máquina de morar”.

Esta é uma – certamente não a única – das preocupações centrais que norteiam as soluções adotadas pelo arquiteto naquele momento. O processo industrial, entendido como sistema de produção a ser empregado na construção civil, é visto sob a perspectiva de diminuição dos custos e aceleração dos tempos de execução, por contribuir para a otimização do desenvolvimento dos trabalhos no canteiro de obras e, sobretudo, por favorecer a pesquisa e a experimentação de novos modelos em relação aos métodos e materiais tradicionais.

A análise desses projetos requer situá-los no contexto da produção da Arquitetura Moderna e relacioná-los com projetos significativos enquanto referências de um paradigma renovador: a máquina. Neste sentido, a casa do século XX representou um dos objetos mais adequados para experimentar idéias e afirmar conceitos.

Os anos de formação e as primeiras eleições simbólicas

A desenvoltura em desenho e em matemática, disciplinas fundamentais para a aprovação no vestibular, em tempos de provas escritas e orais, é determinante para a escolha da área de estudo e permite que Jon Maitrejean ingresse como primeiro colocado, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 1949. O novo mundo que ali se descortina é definitivamente arrebatador: os debates do meio profissional que ecoam na escola, entre os quais o papel proeminente do arquiteto no equacionamento de questões sociais; a polêmica entre classicistas e modernistas, como decorrência do clima de renovação cultural que acompanha o desenvolvimento das vanguardas artísticas; a radical transformação da produção arquitetônica propiciada pelo aporte de novas tecnologias. Toda essa ebulição que incide no ambiente universitário interessa muitíssimo ao jovem estudante.

Maitrejean (2) conta, como quem evoca com prazer inúmeras experiências vividas, que desde o segundo ano do curso trabalhava com Abelardo de Souza, seu professor, e é o próprio Abelardo, amigo de Lina Bo Bardi, quem o indica para elaborar os desenhos da Casa de Vidro. Concluída a graduação, é convidado para ser assistente de Abelardo de Souza, já a partir do ano seguinte, 1954. É portanto o primeiro aluno formado pela FAUUSP – desvinculada da Escola Politécnica em 1948 – a retornar a ela como docente. Essa feliz circunstância possibilita o início de liames consistentes e duradouros com as questões que relacionam a prática profissional e o ensino.

A trajetória de trabalho é composta, em sua maior parte, pelo exercício da atividade como autônomo, pontuada por algumas experiências vinculadas a empresas. Do extenso itinerário, três momentos são aqui destacados pela repercussão que tiveram no pensamento e na produção do arquiteto.

O início da carreira é marcado pela parceria com a arquiteta Daisy Igel que, formada pelo Instituto de Design de Bekerley de Chicago, trabalha no escritório de Mies Van Der Rohe antes de voltar ao Brasil. As novas referências e informações, trazidas pela arquiteta de sua experiência fora do país, encontram campo fértil na inquietação de Maitrejean, instigando seu espírito de investigação. Um texto em particular, de autoria de Richard Buckminster Fuller (1895-1983), intitulado A filosofia de uma nova indústria (1929)revela-se material fundamental de indagação. Entusiasmado com as idéias ali veiculadas que destacavam a importância dos materiais leves, de fácil transporte e manejo, para o desenvolvimento dos processos de pré-fabricação e montagem dos componentes dos edifícios, o arquiteto compartilha o conteúdo com seus alunos da FAU. A retórica contundente de Buckminster Fuller contra os ultrapassados materiais pesados, de alta resistência à compressão, tais como tijolo e pedra, vinha de encontro com os anseios de inovação tão vivamente cultivados nos anos de formação universitária. Ultrapassado, naquele contexto em que os valores estão aportados na novidade, é sem dúvida um dos termos mais depreciativos e, portanto, algo a ser rejeitado.

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