O Mundo Gótico: Suas Peculiaridades

O MUNDO GÓTICO: SUAS PECULIARIDADES

Pâmela Caroline Macedo

Arquitetura e Urbanismo

União das Faculdades dos Grandes Lagos

São José do Rio Preto, SP, novembro de 2021

1. Introdução

Como é sabida, a história das civilizações tem sido contada e retratada de diversas formas, inclusive, por meio da arquitetura. Muitas vezes a forma de se pensar e organizar a maneira como os eventos ou manifestações culturais ocorreram no limiar do tempo e nos mais diversos cantos do mundo inteiro, com suas peculiaridades (DAUDÉN, 2021, on-line).

No caso específico da arquitetura é bem oportuno e atraente uma compreensão acerca dos principais estilos consagrados provenientes ao longo do tempo como reações, ou seja, em relação ao que se era produzido até então, ou seja, de continuidades ou não do que se vinha produzido até então. Desta maneira a seguir, Daudén (2021, on-line) cita alguns estilos que trata em seus artigos: clássico, românico, gótico – objeto de estudo – barroco, neoclássico, Beaux Arts, Art Noveau, Art Déco, Bauahus, moderno, etc.

2.  Arquitetura Gótica

2.1 Conceito de Gótico

Antes de falar e apresentar o estilo da arquitetura gótica, é oportuno, trazer a este sucinto trabalho o conceito da palavra “gótico”. Conforme estudo realizado pelo arquiteto Vagner Neves (2021, on-line), gótico” é o adjetivo que designa o que é proveniente dos Godos, povo germânico. O termo acabou por inserir em seu bojo certa conotação pejorativa de “bárbaro”, provavelmente por Giorgio Vasari (influenciado pela cultura renascentista, posterior à gótica). Desde o século XVIII, também é usado para se referir a coisas diferentes, excêntricas.

2.2 Origem

De acordo com Gomes (2012) a origem do gótico remonta à reforma artística empreendida por Suger entre 1137 e 1144. Em um espaço de tempo exíguo, um inovador estilo de arquitetura e escultura apareceu, novas formas – como a estátua-coluna – foram inventadas, e o vitral encontrou o uso em larga escala. O estilo gótico conquistou a arte europeia por três séculos, e seu impacto pode observar-se no estilo neogótico dos séculos XIX e XX.

Daudén (2021, on-line) ainda ressalta que o nome original da arquitetura gótica era Opus Francigenum, ou "Obra Francesa", uma vez que teve sua origem na alta Idade Média da França, entre os anos 900 e 1300. Porém, no período Iluminista que ficou intitulado com o termo gótico a fim de referência à arquitetura vertical e vislumbrante.  

Também se faz oportuno ressaltar que como acontece com o estilo românico, as principais obras góticas estão relacionadas a construções eclesiásticas, isto é, são igrejas e catedrais que congregam características típicas do estilo, como o arco de ogiva e as abóbodas com nervuras diagonais. A maior parte dos edifícios de referência gótica são considerados Patrimônio Mundial da UNESCO, como é o caso da Catedral de Notre-Dame em Paris e a Catedral de Reims. 

2.3 Características  

De antemão, importa ressaltar que a religião foi muito presente na arquitetura gótica e o altíssimo era o centro do mundo para as pessoas de maneira geral. Inclusive, sobre o assunto Talita Cruz (2021, on-line) ressalta que: “E esse era, sem dúvidas, o tema mais abordado na arquitetura gótica. Deus estava em cada detalhe desta arte monumental e suntuosa”.

A primeira característica a ser tratada neste sucinto estudo é com relação à questão da verticalidade da arquitetura gótica. Essa verticalidade demonstrava uma proximidade com o céu, por este motivo as torres das arquiteturas góticas presentes nas igrejas serem tão pontiaguadas como pode ser visto na imagem a seguir:

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Figura 1. Arquitetura gótica

Fonte: Cruz (2021, on-line)

A próxima característica é o rendilhado, tratado por Glancey (2001, p.56), referida decoração preenchia na integra a parte superior da janela gótica e era usado um rendilhado de placa ou de barra. Explica ainda que o de placa o preenchimento da placa o preenchimento de pedra ocupa um espaço consideravelmente maior que o vidro. E o de barra é composto de pedras finas. Um exemplo, pode ser visto na imagem 2 a seguir que é a bela catedral de Nova Iorque.

[pic 2]

Figura 2. Rendilhado da catedral de Nova Iorque

Fonte: Glancey (2001, p.57on-line)

Outra caracteristica que pode ser citada referente à arquitetura gótica, é o quanto ela é auto-valorizada com objetivo precípuo de reduzir o homem com destaque à divindidade. Destaca Cruz (2021, on-line): “A própria iluminação interior – possível por meio do número maior de janelas e portas – era um jeito de banhar sua alma com essa “luz suprema”.

Desta maneira, com intento de ampliação das dimensões dos edifícios da arquitetura gótica, principalmente a altura, eles desenvolveram as famosas abóbadas ogivais – frequentemente decoradas com esculturas.

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Figura 3. Arquitetura gótica – todas as abóbodas usadas

Fonte: Cruz (2021, on-line)

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Figura 4. Abóboda da Abadiade Westminster

Fonte: Cruz (2021, on-line)

Ainda é importante tratarmos do arcobotante, que, segundo Glancey (2001, on-line) está localizado ao lado do contraforte, posicionado próximo à parede. Com o auxílio dos contrafortes, permite a sustentação das paredes com vitrais enormes e pesados e mantém a abóbada fixa. Podemos ainda citar a arcada, que é geralmente colocada próxima aos claustros e visa apenas cumprir função decorativa.

O autor ainda ressalta que este contraforte foi consolidado, após o século XII, quando as galerias e a altura das igrejas, bem como o tamanho das igrejas foram aumentadas. Neste sentido, o autor cita alguns exemplos: catedrais de Bourges e Chartres, que levaram às estruturas de Amiens, Beauvais e Colônia.

[pic 5]

Figura 5. Arcobotantes, Catedral de Bourges

Fonte: Glancey (2001, p.56)

2.4 Alguns exemplos de arquitetura gótica no mundo e no Brasil  

No período da Idade Média, não houve a construção de arquiteturas gósticas no Brasil, por isso as que existem são chamadas de neogóticas e tornou-se popular a partir do Reinado de Dom Pedro I. Um clássico e conhecido exemplo de arquitetura gótica no Brasil é a igreja da Praça da Sé, na capital paulista.