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UM GRITO NA RUA: Jane Jacobs e a vida das grandes cidades

Por:   •  8/3/2022  •  Resenha  •  2.150 Palavras (9 Páginas)  •  173 Visualizações

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 UM GRITO NA RUA: Jane Jacobs e a vida das grandes cidades

Fernando Augusto Souza Pinho, do programa de  Pós-Graduação em Urbanismo, da PUCCAMPINAS.  

 

Fernando Augusto Souza Pinho se propõe analisar, de forma não linear, a obra de Jane Jacobs “Morte e vida de grandes cidades”. Nesta análise tem como objetivo apresentar e dialogar com a obra analisada, captar a noção de cidade expressada nas entrelinhas da obra, destacara o ponto central e relacionar a vida e a obra de Jacobs.

 

A cidade para Jane Jacobs

Para Fernando Pinho, Jacobs tinha como intenção escrever uma obra que fosse uma ofensiva contra os teóricos e pensadores que moldaram o urbanismo moderno ortodoxo, questionando e apresentando alternativas ao planejamento urbano e a reurbanização influenciada por este pensamento ao que ela chamou de “Grande Praga da Monotonia”.  

O livro de Jacobs foi organizado em 4 partes: a primeira, “A natureza peculiar das cidades”, sobre o comportamento dos habitantes das cidades; a segunda, “Condições para a diversidade urbana”, demonstrando a diversidade de usos como sustentação da vitalidade urbana; a terceira, que fala das forças que atuam sobre a decadência ou recuperação das cidades e a quarta que propõe formas de revitalização das cidades.

Para a autora, conforme Souza Pinho, o conceito de cidade é expresso com mais ênfase no último capítulo, onde procurava identificar formas como a vida urbana se realizava. Fernando Pinho passa então a recorrer a uma analogia feita por Jacobs entre a história do pensamento científico e a história do pensamento urbano a partir de um ensaio, escrito pelo Dr.  W. Weaver, publicado no relatório anual da Fundação Rockfeller Center, de 1958.  Esta analogia é utilizada como forma de chamar a atenção para a necessidade de pensar as cidades como organismos que se interelacionam de forma intrínseca e inteligível. Faz uma crítica feroz contra o pensamento das cidades em diferentes tempos históricos, mas como uma apaixonada pela cidade, é preciso olha-la com uma “atenção minuciosa” e relativizar os processos urbanos, entendendo-os a partir das circunstancias e contextos em que foram formadas; olha-la a partir do método cientifico da indução, entendendo o particular como ponto de partida para o geral; e buscar nela irregularidades que trariam maior qualidade ao olhar para o todo.  Além de tudo isso faz também uma crítica muito forte contra o urbanismo americano do século XX e sua visão nostálgica da natureza em oposição à cidade como maligna e inimiga da natureza. Para Jane Jacobs “ As cidades vivas têm uma estupenda capacidade natural de compreender, comunicar, planejar e inventar o que for necessário para enfrentar as dificuldades” (citado por Fernando Pinho, p. 96)

 

Observando a vida nas grandes cidades

Aqui Souza Pinho levanta a questão do seria a “cidade viva” para Jane Jacobs? Responde dizendo que para Jacobs, somente as relações que se estabelecem entre os moradores e as cidades onde vivem poderia responder a esta questão.

 

Ruas e calçadas

A ruas e calçadas são consideradas como elementos vitais para a dinâmicas das cidades, um termômetro. Ruas e calçadas dariam o tom dos embates sociais. É neste espaço público que se dariam as relações de dominação, resistência e negociação. As calçadas e ruas, seus usos e usuários definem a diferenciação entre civilização e barbárie. Entre as questões que inquietam as cidades a questão da segurança é a primeira a ser abordada. Reflete como a violência e a segurança se relacionam com a forma como ruas e calçadas interferem na dinâmica das cidades. Afirma, primeiramente, que esta questão é resolvida, não pela presença policial, mas sim com normas silenciosas estabelecidas a partir do uso que se faz desse espaço público. É a partir do próprio povo, os padrões de comportamento que se dá o controle. É a movimentação que torna a rua mais segura. Uma rua segura estaria diretamente ligada a três fatores sensação de pertencimento, como “proprietários naturais da rua” (Fernando Pinho, p.97); a separação muito clara entre espaço público e espaço privado; e uma circulação ininterrupta de pessoas nas ruas e caçadas aumentando a quantidade de olhares observando-as e cuidando de espaço público.

 

Parques

Dentro da obra de Jane Jacobs, Fernando Pinho destaca também os parques como elemento fundamental para a vida nas cidades, porém devem ser vistos como integrante da vida nos bairros. Deve ser perguntado para o que servem e para quem serão construídos. Deve ser visto como lugar de circulação e sociabilidade, de criação de vínculos entre eles e seus usuários. Para Jacobs, na criação de um parque deve-se pensar em quatro elementos: primeiramente a sua complexidade, isto é, o que fazer para atrair os frequentadores, criando uma ligação entre os frequentadores e o parque, deve ser um lugar estimulante criando usos e estados de espíritos diversificados, com por exemplo, mudanças de nível de piso, perspectivas diferenciadas, agrupamento de árvores. Segundo a centralidade, sendo olhado como lugar central ou destaque no bairro. Terceiro, a insolação – ver o sol iluminando o lugar. Quarto, ser um lugar de destaque entre as edificações do bairro, ter uma delimitação espacial bem clara.

Os bairros e a autogestão

Aqui destaca-se a crítica de Jane Jacobs ao “planejamento ortodoxo”, que acabou por criar uma ideia de isolamento que caracteriza as grandes cidades em oposição a sociabilidade das ruas, calçadas e parques. Assim afirma que a vitalidade nas grandes cidades se dá no bairro, suas ruas e calçadas, no sentimento de pertencimento aquela comunidade. Então seria natural que seus moradores se interessassem em sua gestão. Na obra de Jacobs, o bairro tem uma importância fundamental. Para ela seja qual for a

funcionalidade e qualidades, os moradores dependem de seu bairro em sua vida cotidiana. Portanto, é fundamental que se consolide uma responsabilidade pública e que se reconheça a importância de participação dos moradores dos bairros nas tomadas de decisões do governo em relação a eles e que se incentive e se crie por parte dos moradores pressões para a condução dos rumos que desejam nos bairros onde moram.

A vitalidade de um bairro, como já foi falado anteriormente, está ligado ao grau de diversidade de cada lugar. Para gerar essa diversidade são colocadas quatro condições: os usos combinados para gerar frequência, circulação, o desequilíbrio de horários, a ociosidade de espaços; a segunda condição seria a existência de quadras curtas para criar fluxo e entrelaçamento de pessoas; terceiro, a combinação de edifícios, idades e conservação diversificados, criando-se usos diferenciados; por último alta concentração de pessoas, tendo o bairro um alto grau de vitalidade.

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