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Tudo sobre a religiao umbandista

Por:   •  16/11/2015  •  Trabalho acadêmico  •  11.441 Palavras (46 Páginas)  •  300 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

TRABALHO DE CULTURA RELIGIOSA:UMBANDA

Contagem

2015

Aieska Fernanda Gomes Carneiro

Ana Carolina de Carvalho Mozer

Brenda Nunes Sampaio

Kellyane Francisco de Araújo

Larissa Ramalho Barros de Sa

Mariana Auxiliadora Moreira

Trabalho sobre religiões: Umbanda

Contagem

2015


SUMARIO

1. Contexto histórico e sociocultural...............................................................5

2. Doutrina..........................................................................................................7

3. Bases mítico-literárias.................................................................................15

4. Organização.................................................................................................17

5. Sociedade e Religião...................................................................................19

6. Curiosidades................................................................................................35

7. Referencias..................................................................................................47


Contexto histórico e sociocultural

Ambiente e circunstâncias onde aparece e vai sendo organizada a expressão religiosa;

Motivações culturais ou religiosas que favoreceram o surgimento dessa religião.

A Umbanda teve inicio há cultura afra, junto com os costumes indígenas e católicos, sendo uma mistura de crenças e tendo uma forte influência dos Pretos velhos, que foram escravos em tempos passados no País. Tudo começou no Rio de Janeiro, quando um Jovem chamado Zélio Fernandes de Moraes, em 1908 teve uma paralisia, na qual médicos não tinham explicação para o ocorrido, e assim dizia Zélio “amanha estarei curado”, e assim aconteceu no dia seguinte. Após este acontecimento, Zélio começou a incorporar o caboclo das sete encruzilhadas durante reuniões, praticando a cura aos necessitados, tornando-se assim o sacerdote da Umbanda, esta casa onde eram concebidas as reuniões recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, o motivo deste nome seria porque todos os filhos que necessitassem de ajuda seriam recebidos na casa, assim como Maria acolheu os filhos nos braços.

A Umbanda é passada de pais para filhos, por gerações, e tem como objetivo principal a caridade, o amor e a humildade. Sua preparação ocorre por meio de oferendas formadas por velas, flores e frutos, e não fazem uso dos sacrifícios de animais; as velas que são usadas por pedidos, agradecimentos, considerando um ato de fé; as imagens tanto de santos católicos como das entidades, que são concentradores de energia, havendo o lugar especifico para elas, onde em terreiros são separados e ficam num “quarto”; charutos e cachimbos também fazem parte desta preparação; os colares usados que significam os guia e Segundo Caetano de Oxossi:

“As guias ou colares que todos usam a começar da guia de Oxalá tem significado duplo. Primeiro de proteção, que aquele médium carrega consigo elementos que foram e são constantemente carregados pela energia dos Orixás, promovendo

uma circulação de energias protetoras e de descargas não permitindo que energias deletérias se fixem no médium, que não haja influência de espíritos trevosos nos trabalhos. Por essa razão ao entrarmos na Umbanda nos é permitido a utilização da guia de Oxalá e da guia esquerda. Apenas após o Amaci é que podemos utilizar a guia do nosso Orixá ancestral, nosso pai de cabeça. Pois não é um ato mecânico e sem importância a utilização dessas guias. As guias das entidades tem significado semelhante, mas acrescido de uma força mágica para auxiliar na condução, liberação e direcionamento das energias do médium para os trabalhos daquela entidade. Isso significa que apenas aqueles que já foram liberados para o toco ( médiuns que podem dar consultas nas giras ) poderão usar essas guias de entidades. Lembrando que na nossa casa todos as guias devem ser fechadas pelo Pai de Santo.”

Incorporações de Exus (livre arbítrio) e outras entidades; o uso de bebidas alcoólicas; as vestimentas que são de cor branca e permanecem descalços para representar a humildade; as sessões onde ocorre o passe e o descarrego; os guias na qual recebem espíritos de luz para trabalhos de cura, ajuda física e mental. Para dar continuidade nos rituais, realizados no terreiro, é utilizado um giz branco para marcar pontos pelas entidades e pelo médium, conhecido também como “pemba”, usado em praticamente todos os terreiros.

Doutrina   

 A Umbanda crê num Ser Supremo, o Deus único criador de todas as religiões monoteístas. Os Sete Orixás (Oxalá, Ogum, Iemanjá, Oxum, Xangô, Iansã e Oxossi) são emanações da Divindade, como todos os seres criados. A sua doutrina pode até ser resumida numa única palavra, ou seja, a caridade. Nessa doutrina devemos sempre estar prontos a fazer o bem aos nossos irmãos, seja pelo pensamento, pelo auxílio aos necessitados e doentes, bem como no perdão sincero, mesmo em se tratando de pessoas que nos tenham feito mal, qualquer ação que não respeite o livre-arbítrio das criaturas, que implique em malefício ou prejuízo de alguém, ou se utilize de magia negativa, não é Umbanda.
   A Lei de Umbanda não permite que sejamos ambiciosos e vaidosos, bem como mistificadores, pois que estes, a qualquer momento, serão expulsos da Umbanda pelos Espíritos de Luz.
   A Umbanda tem a sua doutrina de caridade resumida em sete mandamentos, que são os seguintes:
1-Não fazer aos nossos irmãos o que não desejamos que a nós seja feito.
2-Não cobiçar de forma alguma o que pertence aos outros.
3-Estar sempre pronto a dar socorro aos necessitados.
4-Não falar mal de ninguém, nem fazer difamações e criticar as ações alheias.
5-Agir sempre honestamente, cumprindo o dever e as obrigações, embora seja necessário ir até ao sacrifício.
6-Evitar as más companhias, sejam quais forem.
7-Embora não siga a doutrinação, devemos dar o máximo respeito às demais religiões e crenças.
    Na Umbanda, ao contrário do que se pensa, não existe sacrifício de animais e nem trabalhos de amarração, não se cobra por nada e não existe preconceitos. O que existe é trabalho de caridade através da manifestação de entidades benfeitoras, tais como Pretos-Velhos, Caboclos, Crianças, Baianos, Marinheiros, Boiadeiros e os guardiões Exus e Pombas-Giras, que incorporados em seus médiuns (aparelhos) concedem consultas e passes para necessitados de Luz e de Amparo espiritual.
   
Diferente da Doutrina Espírita, a Umbanda não teve um codificador e, consequentemente, seus rituais variam de terreiro para terreiro. Em geral, existe o culto aos Orixás (agentes divinos, verdadeiros ministros da Divindade Suprema, Deus, Princípio Primeiro), as consultas, trabalhos de desobsessão, pontos cantados e os médiuns se vestem de branco e usam colares de contas chamados de guias. Com relação ao culto aos Orixás, existe o sincretismo (fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas) com Santos Catolicos: Oxalá e Jesus, Ogum e São Jorge, Oxossi e São Sebastião, Iemanjá e Nossa Senhora dos Navegantes, entre outros.
    O ritual da religião tem como função envolver, estimular e congraçar num mesmo nível vibratório mental e religioso todos os seus fiéis. É quando todos os seres reunidos num mesmo espaço desarmam seus emocionais, anulam suas intolerâncias, animosidades, receios, medos e angústias e possam vibrar num mesmo sentido a fé em Deus.
  O ritual na umbanda (aos médiuns no dia de trabalho):
Obrigação - É um dever, um compromisso com as Entidades. Implica na presença do Sacerdote, que com sua força espiritual, com o conhecimento do ritual e do material a ser aplicado na obrigação e no seu preparo individual, segundo as responsabilidades que assumiu no templo, estabelece o elo, o canal entre o filho e as forças espirituais dos trabalhadores do astral.
Preceito - Normas, proibições e recomendações relativas ao culto e trabalho dos médiuns na casa.
Banhos de Descarga - São coisas sérias, requerendo atenção de quem os toma, bem como de quem os administra. É um banho de flores, ervas ou essências. Cada um deles traz o seu magnetismo e a pessoa vai absorvê-lo de modo que ao tomá-lo, limpa toda a influência negativa agregada a sua vibratória humana (corpo etérico).

Preparo - O melhor modo pelo qual obtemos uma maior imantação, seja ele com flores, ervas ou essências, é através do calor, da evaporação, isto no ritual da Umbanda. Colocamos numa panela a água e a deixamos ferver. Quando estiver fervendo, apaga-se o fogo. Então, colocam-se as pétalas das flores, ervas ou essências, abafando e deixando em fusão para o devido cozimento por evaporação. No caso das flores e ervas, após o cozimento, côa-se o mesmo num pano branco e guarda-se os resíduos para serem despachados oportunamente.

Uso - O chacra mediúnico (frontal) e glândula (nuca) são os dois pontos que fecham a faixa vibratória mediúnica. Com elas, para o cérebro convergem as vibrações captadas, sendo razão indispensável para que o banho seja derramado sobre a cabeça, pois daí parte todo comando do corpo, o que por outro lado acarretará prejuízo, quando mal aplicado (no caso das ervas e essências), caso este em que o magnetismo do banho não estiver em harmonia com a vibratória mediúnica da pessoa (Orixá de Coroa). O mais indicado, na maioria dos casos, para os médiuns
que não fizeram amaci (ritual onde o objetivo é preparar o médium para receber as energias com equilíbrio, fortalece a ligação do médium com seu orixá e energias
, usando algumas ervas), é tomar os banhos somente do pescoço para baixo.
Bater com as pontas dos dedos, no chão - Da mão esquerda: Saudando os caminhos de Exu; da mão direita: Saudando, homenageando e pedindo licença para adentrar o ambiente preparado para as tarefas no templo (local da gira).

Bater Cabeça - O médium da Casa, em respeito às firmezas dos Orixás, e das entidades presentes. Bate a cabeça, primeiramente firmando o frontal, e as frontes direita e esquerda à fim de pedir proteção e fluidificar-se para as tarefas, recebendo as energias concentradas no congá.

Pemba - A força mágica da escrita astral, na Umbanda é feita pela Pemba (giz oval - forma cônica), que tem o poder de abrir e fechar trabalhos de magia, quando quem o manuseia, sabe o que esta fazendo. Pode purificar, quando em forma de pó e lançado ao ar no ambiente em que se utiliza, pois as pembas são sempre preparadas de forma a condensarem grande quantidade de energia fluidica.

Cruzamento com pemba - O Cruzamento com Pemba é um ritual utilizado na Umbanda, para melhor proteção dos médiuns, que participam da gira, e que por esta razão, tomam também parte ativa em descargas fluídicas negativas. O Cruzamento deve ser feito da seguinte forma: Segurando a Pemba com a mão direita, fazer uma cruz na fronte, depois cruzar a palma da mão esquerda e descendo, cruzar também o peito do pé direito. Após isto, passar a pemba para a mão esquerda e com ela fazer uma cruz na nuca, depois cruzar a palma da mão direita e descendo cruzar o peito do pé esquerdo. (Na nossa casa, o cruzamento com pemba, foi substituído pelo "cruzamento da coroa", que consiste em utilizar o fluido preparado com ervas disposto no congá, limpando e cruzando a cabeça na altura do chakra frontal).

Ponto Riscado - PONTOS DO TRABALHO, pontos para firmeza e de segurança de locais estratégicos no trabalho, sob a orientação do mentor espiritual das tarefas e realizado nas obrigações do dirigente do trabalho. PONTOS DAS ENTIDADES, riscado pelas entidades: Cada ponto, seja de Caboclo, do Preto Velho ou do Exu, tem uma interpretação, podendo identificar aquele que o risca, podendo caracterizar também a natureza do trabalho.

Defumação - Visa purificar o médium, o ambiente, os objetos e os consulentes, através da fumaça de uma combinação de ervas específicas. É o ato de expulsar o negativo, através de aromas, ou seja, das essências (ervas: alecrim, benjoim, incenso e outras). A defumação é uma prática antiqüíssima de muitas religiões e de todos os povos. A defumação, evita a contaminação do médium nos diversos tipos de fluidos enfermos que poderiam ser assimilado pelo seu corpo e ou das pessoas presentes no trabalho. Seu aroma desperta alguns centros nervosos dos médiuns, fazendo esses centros vibrarem de acordo com as irradiações fluídas das Entidades, aumentando assim a sensibilidade de uma forma geral.

Atabaques - Eles servem para manter o ambiente sob uma vibração homogênea e fazer com que todos os médiuns permaneçam em vibração (danças, aceleração do médium, principalmente em desenvolvimento).

Ponto cantado - Os pontos cantados  são uma das primeiras coisas que afloram a quem vai a um terreiro de Umbanda pela primeira vez.  Os pontos cantados são, dentro dos rituais, um dos aspectos mais importantes para se efetuar uma boa gira. São louvações e orações cantadas, para chegada  dos Orixás e guias, também para descarga e limpeza fluídica, bem como para a subida dos Orixás e guias.

Cumprimento Ombro-a-Ombro - Quando um Guia cumprimenta um consulente ou um assistente com o bater de ombro, isto é sinal de igualdade, de fraternidade e grande amizade.

Velas
 - Vieram para a Umbanda por influência do Catolicismo. Iluminadas, são ponto de convergência para que o umbandista fixe sua atenção e possa assim fazer sua rogação ou agradecimento ao espírito ou Orixá a quem dedicou. Ao iluminá-las, homenageia-se, reforçando uma energia que liga, de certa forma, o corpo ao espírito.
Água - Sua utilidade é variada. Serve para os banhos de amacis, para cozinhar, para lavar as guias, para descarregar os maus fluídos, para o batismo. Dependendo de sua procedência (mares, rios, chuvas e poços), terá um emprego diferente nas obrigações. A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do seu emprego.
Sessão - Reunião dos adeptos da Umbanda para promoverem os seus desenvolvimentos espirituais, homenagem ou procura de curas de males materiais e espirituais.

Charutos, Cachimbos e Cigarros - O segredo e a utilização, desses elementos por parte das entidades, o modo como a fumaça é dirigida (magia) tem o seu eró (segredo) e não é como muitos utilizam, para alimentar a vaidade, o vício e a ignorância.

Guias (fios de contas) - É um colar ritual de miçangas, contas de cristal, de louça, de frutos pequenos, construídos de acordo com a Entidade, que designa também a cor de sua preferência. Podem ter pequenos objetos presos a eles. A Guia (fio) de Exu é colocada no pulso do braço esquerdo, nunca passando pela cabeça do umbandista.

Vestimenta Roupa Branca (Roupa de Santo) - É a vestimenta para a qual devemos dispensar muito carinho e cuidado, idênticos ao que temos para com nossos Orixás e Guias. As roupas devem ser conservadas limpas, bem cuidadas, assim como as guias (fios de contas), não se admitindo que um médium, após seus trabalhos, deixe suas roupas e guias no Terreiro, esquecidas. Quando a roupa fica velha, estragada, jamais o médium deverá dar ou jogar fora. Ela deverá ser despachada no mar, juntamente com uma pequena imantação (oferenda) para o Orixá ou Entidade a que pertencer. Fica claro que é obrigatório seu despacho, pois se trata de um instrumento de trabalho do médium.

Toalha Branca (Pano da Costa) - Trata-se de um pano branco em formato de toalha (retangular), podendo ser contornado ou não com renda, fino ou grosso, de tamanho aproximado de 0,50 x 0,76 m.No caso dos homens, é pendurado do lado esquerdo, no ombro ou na cintura e no caso das mulheres, por cima dos ombros ou na cintura, do lado direito. É utilizado para o médium bater cabeça. 

Trabalhar descalço - O médium, sempre que possível, deve trabalhar descalço por uma questão de humildade e para facilitar a incorporação, bem como para haver melhor descarga dos fluídos nocivos, diretamente para a terra. Estando o médium calçado, estará isolado da terra, o que dificultará a eliminação dos fluídos nocivos (negativos), assimilados ao se transpor as encruzilhadas, cemitérios, hospitais, etc..., quando da vinda para o Terreiro. 

Passe - Os passes não fazem parte do corpo doutrinário do Espiritismo. Eles remontam aos mais remotos tempos e constituem recursos naturais, postos à disposição dos homens para as tarefas de socorro ao próximo. O Novo Testamento demonstra que Jesus e os Apóstolos utilizavam-se dos passes como recursos magnéticos curadores aliados a recursos espirituais, curando pela imposição das mãos ou pelo influxo das palavras de fé. Graças à sua feição de "Consolador Prometido", o Espiritismo, conserva e difunde essa modalidade de auxílio, a fim de atender uma infinita quantidade de pessoas que batem às portas dos Centros Espíritas, na esperança de cura ou de alívio. O Passe é uma "transfusão de energias psicofísicas, operação de boa vontade, dentro da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em benefício de outrem" (Emmanuel). Para o êxito dessa operação, cabe ao médium passista buscar na prece o fio de ligação com os planos mais elevados da vida. Mágoas excessivas, paixões, desequilíbrio nervoso e inquietude, bem como alimentos inadequados e alcoólicos, são fatores que reduzem as possibilidades do passista e que, portanto, devem ser evitados. Aqueles que se consagram aos trabalhos de assistência aos enfermos através de passes devem cultivar, além da humildade, boa vontade, pureza de fé, elevação de sentimentos e amor fraternal. “Nos processos patológicos orgânicos, os “passes” não dispensam os recursos da Medicina, devendo ser utilizados como complemento”.

Batismo - É realizado através da água, do fogo (vela), do sal, das ervas, da pemba e óleos sacramentais. 

Gira - É a cerimônia onde são invocados os espíritos.

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