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CARVALHO, L. Valsa brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo: Todavia, 2008.

Por:   •  12/10/2021  •  Resenha  •  1.984 Palavras (8 Páginas)  •  145 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE TURISMO

Resenha¹

CARVALHO, L. Valsa brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo: Todavia, 2008.

Laura Carvalho (1984), brasileira, é doutora em economia pela New School for Social Research, professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, foi colunista no jornal Folha de São Paulo e em 2018, escreveu e publicou pela editora Todavia seu primeiro livro: “Valsa brasileira”.

O ensaio, destaca-se pela forma adotada pela autora para tratar do tema, de maneira clara, precisa, rigorosa, crítica e com uma pitada de ironia. Ao longo de suas quase 200 páginas, é feita uma análise da economia brasileira desde o início do século até o governo Temer, do crescimento até a subsequente crise de 2014.

O que aconteceu com a economia brasileira? Como passamos do boom econômico para o cenário atual de verdadeiro caos? O que poderia ter sido evitado? São perguntas que Carvalho (2018) procura responder no livro, comparando a trajetória econômica brasileira à dança de salão: os passos à frente na dança caracterizam o crescimento, o “Milagrinho brasileiro”; os passos ao lado, a tentativa de continuar o processo de desenvolvimento; os passos para trás, o caos.

Carvalho (2018) elaborou o livro com base em 2 teses: uma principal e uma secundária. A tese principal, o passo à frente, refere-se ao período de notório crescimento econômico, o Milagrinho brasieiro, durante o governo Lula. No entanto, a autora destaca que esse, se diferencia do milagre econômico da Ditadura Militar, pois o país conseguiu crescer ao mesmo tempo que reduziu o nível de desigualdade social. Ademais, a economista identificou ainda os fatores propulsores do Milagrinho: programas de transferência de renda para as classes mais pobres, como o Bolsa Família; mecanismos de estímulo ao crédito; maiores investimentos públicos; maior distribuição de renda e a PAC ( Programa de Aceleração do Crescimento) lançado em janeiro de 2007, que se voltou à infraestrutura física e social.

No que tange os três pilares identificados por Carvalho no período do Miagrinho, podemos destacar que o primeiro, distribuição de renda, foi alavancado pelo Bolsa Família. O segundo pilar foi o acesso ao crédito que, para Carvalho, combinado à redução das desigualdades e aumento do emprego, reforçou o dinamismo do consumo das famílias e do mercado interno. Associado a isso e impulsionando os dois pilares anteriores, destacam-se os investimentos públicos, como o terceiro pilar, que foram o principal motor de crescimento do mercado interno - como destaca a autora na página 27- puxado ainda pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Tais, serão abordados, de forma mais detalhada, no decorrer do texto.

No capítulo 2, Carvalho expõe sua tese secundária, o passo ao lado do governo Dilma. Nesse período, houve uma tentativa de reverter a situação de desaceleração econômica. A presidenta propôs uma nova matriz econômica com programas de estímulo à oferta e à demanda, por meio de isenções fiscais, crédito ao consumo de bens duráveis e financiamento de máquinas e equipamentos com recursos originados de empréstimos do Tesouro Nacional, porém, não conseguiu alcançar seu objetivo principal. Dessa forma, a crescente falta de coordenação entre as políticas monetárias e fiscais ao longo do governo Dilma, acrescentaram um combustível a mais para agravar os desequilíbrios macroeconômicos.

No início do século XXI, em um contexto de aceleração da economia chinesa, os produtos primários de origem brasileira sofreram crescente demanda. Tal fato, foi favorável à economia brasileira, uma vez que quase duplicou a taxa de crescimento do produto interno bruto brasileiro. Em decorrência, observa-se a redução das desigualdades e expansão do emprego formal. Além disso, o cenário externo positivo proporcionou ainda mais o crescimento social e melhoria nos indicadores socioeconômicos.

Em sua tese primária, a autora expõe como a economia brasileira saltou de uma taxa anual de crescimento de 2,1% a 3,7% no período entre 1980 e os anos 2000. Neste momento, focou-se em investimentos públicos voltados à redistribuição de renda, com políticas de infraestrutura física e social e transferência de renda, através de programas como o Bolsa Família. Porém, tais mudanças na política econômica do país aconteceram gradualmente, sem muita ousadia, o que gerou cobranças por um ritmo maior no crescimento. As condições políticas para o Milagrinho, como explicita Carvalho, se deram então pela expansão inicial da economia, causada pelo boom de exportações, os investimentos públicos e maior acesso ao crédito.

Quando Lula assume a presidência do Brasil, o Bolsa Família ganha destaque. O programa, fundamental na distribuição de renda, conseguiu reduzir substancialmente os índices de pobreza no país a partir do ano de 2003. Concomitantemente, o salário mínimo começa a ser valorizado, aumentando seu poder de compra e diminuindo a disparidade salarial. Como resultado, cresce setores onde a produção demandava mão de obra menos qualificada, como o setor da construção civil, por exemplo. Tais ocupações que exigiam menos qualificação tem então um acelerado aumento nos salários, causando alterações no padrão de consumo dessas famílias e, consequentemente, redução nas desigualdades no país como um todo. Houve, como explica a autora, uma mudança na base da pirâmide, as famílias brasileiras passaram a ter mais participação no consumo de produtos e de serviços restritos até então apenas aos mais ricos, como é o caso de restaurantes e salões de beleza.

Outrossim, Laura Carvalho atribui tal distribuição de renda na base da pirâmide não apenas à política, mas como sendo resultado da própria dinâmica de crescimento da economia brasileira nos anos 2000. Segundo a autora, um fator também determinante para o Milagrinho foi o acesso ao crédito, através da introdução do crédito consignado, concomitante à expansão da renda e do emprego, o que permitiu que aposentados, servidores públicos e uma parcela dos trabalhadores obtivessem acesso a crédito com taxas mais baixas e prazos maiores. Importa dizer que tal facilidade de crédito causou mais tarde um endividamento das famílias, entretanto, Carvalho afirma que este endividamento só começa

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