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Resenha do filme: O Vale de Javé

Por:   •  2/7/2018  •  Trabalho acadêmico  •  761 Palavras (4 Páginas)  •  334 Visualizações

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       O filme nos fala sobre o Vale de Javé (um povoado localizado no interior baiano, condenado em nome do progresso capitalista), a ser inundado pelas águas de uma represa para a construção de uma usina hidrelétrica. Seus habitantes (de maioria analfabeta), numa tentativa desesperada de poupá-lo da inundação e por sugestão de alguém instruído, decidem elaborar um “dossiê científico”, elevando-o ao título de patrimônio cultural. Quem iria escrever o tal dossiê? A única saída seria recorrer a Antônio de Biá, o carteiro da cidade.
      Antônio de Biá era um malandro mal falado pela população por causa de várias confusões que se envolvera. A principal delas foi quando resolvera escrever cartas em nome dos moradores, inventando e aumentando, as mais diversas histórias sobre o cotidiano da pequena cidade. Essas cartas eram enviadas às cidades vizinhas para que o movimento da agência  de correios, a qual trabalhava, aumentasse abundantemente o movimento. O que ele não esperava era que um dia a população descobrisse a sua traquinagem. E quando isso aconteceu, ele passou a ser odiado pela grande maioria da população.
     E quando finalmente começaram os trabalhos de coleta de informações veio à tona um problema para Biá:
Os relatos que não conseguem se entender entre suas versões, os casos contados, a verdadeira fundação de Javé, o papel e a forma da morte de Indalécio (seu fundador) e da participação de Mariadina, tornam-se perceptível no decorrer das cenas que as lendas e os contos contribuem para a formação cultural de um povo.
     Outro relevante motivo que concorreu para o fracasso da pesquisa foi a falta de registros históricos documentais e a total divergência entre os relatos dos moradores. A falta de documentos para o cruzamento dos dados inviabilizou o trabalho do pesquisador que acabou não validando nenhum dos depoimentos. Esse fato torna evidente o valor do registro para a preservação da cultura, facilitando a sustentação ou desbancando o que é dito nos relatos vivenciais que tendem muitas vezes, vir carregados de interesses pessoais, ideológicos e subjetivos dos sujeitos, como disse Biá: “Uma coisa é o fato ocorrido, outra coisa é o fato escrito”, ou seja, a história sempre traz um pouco de quem conta. Disso decorre a importância da pesquisa como fonte das informações que são oficializadas e que mesmo assim não são neutras ou imparciais.
     Ao longo do filme podemos nos perguntar e observar diferentes aspectos que poderiam ser defendidos como patrimônio histórico da cidade. Desde o Sino que esteve desde a fundação da cidade e em todas as lembranças dos moradores, os costumes religiosos, a música, e outros que chamamos de patrimônio não tangível. 
      Biá não conseguiu produzir o livro salvador. O que aconteceu foi que diante da tamanha confusão que vinha ocorrendo, o mesmo se enfureceu e resolveu entregar o livro sem relato algum a população de Javé. O que se viu depois disso foi a revolta dos moradores em cima do Pobre Biá. Então, Ele se vendo diante daquela algazarra dos moradores, saiu andando de costas em forma de protesto, acusando os moradores de escapismo frente ao inevitável, isto é, a chegada do progresso. O fato é que o livro documental sobre a história de javé não foi feito e, consequentemente, o povoado foi inundado pelas águas da usina hidrelétrica fazendo, assim, com que seus nobres moradores abandonassem suas casas para dar lugar ao progresso que chegara cobrindo a história, a cultura, os costumes, a tradição, enfim, Javé teve seu fim. O progresso só não conseguiu destruir e desterrar a maior riqueza daquele povo, o talento de contar os causos que embora tenham buscado o registro para que suas memórias não ficassem esquecidas, evidencia uma sociedade que se desvanece, em sua cultura, história e tradição em detrimento do progresso, do avanço tecnológico.
   Apesar de ser uma obra de ficção, Narradores de Javé aborda acima de tudo, questões reais do nosso cotidiano, debate, ainda, sobre o constante conflito entre o descaso social e a fome pelo progresso desordenado, onde o que prevalece principalmente é o desrespeito aos menos favorecidos.
   Todavia, vemos que o fim do vale do Javé foi trágico, pois encontrou-se seu fim em meio ao alagamento, Javé foi literalmente por água a baixo sem dar importância ao lugar que é praticamente esquecido no tempo.

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