TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O REALISMO E NATURALISMO

Por:   •  21/6/2022  •  Seminário  •  2.550 Palavras (11 Páginas)  •  100 Visualizações

Página 1 de 11

REALISMO E NATURALISMO

  1. REALISMO

O Realismo foi um movimento artístico e cultural que se desenvolveu na segunda metade do do século XIX. A característica principal deste movimento foi a abordagem de temas sociais e um tratamento objetivo da realidade do ser humano. Possuía um forte caráter ideológico, marcado por uma linguagem política e de denúncia dos problemas sociais como, por exemplo, miséria, pobreza, exploração, corrupção entre outros. Com uma linguagem clara, os artistas e escritores realistas iam diretamente ao foco da questão, reagindo, desta forma, ao subjetivismo do romantismo. Uma das correntes do realismo foi o naturalismo, onde a objetividade está presente, porém sem o conteúdo ideológico.

O termo realismo aparece em 1826, com a finalidade de reagrupar as estéticas que se opõem ao classicismo, ao romantismo e à arte pela arte, pregando uma imitação fiel da “natureza”. A arte realista apresenta signos icônicos da realidade na qual se inspira.

No teatro, o realismo nem sempre se distingue com clareza da ilusão ou do naturalismo. Esses rótulos têm em comum a vontade de duplicar a realidade através da cena, imita-la da maneira mais fiel possível. O herói romântico é trocado por pessoas comuns do cotidiano. Os problemas sociais transformam-se em temas para os dramaturgos realistas. A linguagem sofisticada do romantismo é deixada de lado e entra em cena palavras comuns do povo. Os diálogos se inspiram nos discursos de  determinada época ou classe sócio-profissional. O jogo do ator torna o texto natural ao máximo, reduzindo os efeitos literários e retóricos pela ênfase na espontaneidade e na psicologia. Assim, paradoxalmente, para fazer o verdadeiro e oreal, é necessário saber manipular o artifício.

O primeiro representante desta fase é o dramaturgo francês Alexandre Dumas Filho, autor de A Dama das Camélias, peça que conta a história de uma cortesã que é regenerada pelo amor, dando ao público a constatação de um mundo real, observado, sem fantasiosas e lúdicas vivências e sim, do dia a dia que explica o comportamento dos personagens apresentados.

Também podemos destacar outras importantes peças de teatro do realismo como, por exemplo, Ralé e Os Pequenos Burgueses de Gorki, Os Tecelões de Gerhart Hauptmann e Casa de Bonecas do norueguês Henrik Ibsen que se tornou motivo de escândalos, pois nela se ouvia a voz de Ibsen conclamando as mulheres a saírem de suas tocas e a participarem do mundo.

O realismo não se limita à produção de aparências, nem à cópia do real. Para ele, não se trata de fazer com que a realidade e sua representação coincidam, mas de fornecer uma imagem da fábula e da cena que permita ao espectador ter acesso à compreensão dos mecanismos sociais dessa realidade, graças à sua atividade simbólica e lúdica.

A cena tem que “ ex-primir”, exteriorizar uma realidade contida a princípio em uma idéia; ela não fornece uma reprodução fotográfica ou uma quintessência do real. A cena significa o mundo.

Influenciados por Émile Zola ( 1840 – 1902 ), para quem o artista deveria descrever subjetivamente a realidade, transformando-se em verdadeiro pesquisador com intenções pedagógicas e críticas, os teatrólogos inundaram o palco de problemas até então inéditos. Incorporando o Naturalismo ou reagindo às suas imposições, o teatro passou a ser tese, crítica social e mesmo poesia, ora carregando aspectos da realidade cotidiana, ora acentuando traços simbolistas e psicológicos, ou filtrando a objetividade através de uma ótica expressionista.

Assumindo várias tendências, a dramaturgia realista iria se desenvolver principalmente na Inglaterra, onde  se  destacam  dramaturgos como  John Osborne ( 1929 ) e Arnold Wesker ( 1932 ), vivendo momentos áureos nos Estados Unidos com dramaturgos geniais como Tennessee Williams e Arthur Miller, que condicionavam a cultura americana e o cotidiano de sua gente ao realismo crítico.

  1. NATURALISMO

O Naturalismo é um movimento artístico que, por volta de 1880-1890, preconiza uma total reprodução de uma realidade não estilizada e embelezada, insiste nos aspectos materiais da existência humana, por extensão, estilo ou técnica que pretende reproduzir fotograficamente a realidade.

Apesar da palavra de ordem de Zola de mostrar “a dupla influência das personagens sobre os fatos e dos fatos sobre as personagens”, a representação naturalista engolfa o homem num meio imutável. Influenciado pelas ciências biológicas e sociais, concebe o homem como um ser determinado por fatores hereditários e pelo ambiente.

Na estética naturalista o meio é dado por cenários tão verdadeiros quanto a natureza, que fazem papel de “descrições contínuas” e que freqüentemente são feitos de objetos reais. A encenação naturalista tem gosto pela acumulação, pelo detalhe, pelo único e imprevisto.

A língua empregada reproduz sem modificação os diferentes níveis de estilo, dialetos e modos de falar próprios de todas as camadas sociais. A interpretação do ator visa a ilusão reforçando a impressão de uma realidade mimética e impelindo o ator a uma total identificação com a personagem, sendo suposto que o todo se produza atrás de uma quarta parede  invisível que separa a platéia do palco.

A principal reserva ideológica com respeito à representação naturalista é sua visão metafísica e estática dos processos sociais: estes são apresentados como fenômenos naturais. O naturalismo, assim, substitui a concepção clássica que se baseava, também ela, numa visão mistificante do homem com abstração intelectual. Este “idealismo” só foi transmutado num naturalismo estreito do homem como “animal pensante que faz parte da grande natureza”.

Uma teoria da direção

 Antoine

Do ponto de vista da história do teatro, a importância da teoria naturalista não é apenas que ela libera a escrita e a dramaturgia de uma herança imponente de coerções diversas. Ela confere a Antoine uma legitimação doutrinal para suas pesquisas no domínio da direção.

A partir de 1887, ele realiza no Teatro Livre espetáculos que são fruto da análise naturalista. Empenha-se em pôr em prática as transformações da representação que Zola chamava de seus anseios: busca de uma exatidão minuciosa na imitação da realidade; trabalho sobre a representação do ator, do qual tenta eliminar os artifícios para fazê-lo atingir um "natural", a uma “cotidianidade” conforme à verdade dos modelos levados ao palco; reforma da iluminação (é verdade, reclamada já há muito tempo, mas que se chocava com o espírito de rotina dos diretores de salas de teatro e diretores de espetáculos); renovação da cenografia integrando objetos e materiais diretamente tirados da realidade de maneira a prescindir dos habituais truques ilusionistas... O exemplo paradigmático dessa vontade de deslocar as fronteiras que separa a realidade do campo da representação, de torná-los no fundo difusas, será Os açougueiros, de Fernand Ieres (1888). Menciona-se bastante essa realização de Antoine, não sem alguma condescendência a respeito da pretensa "ingenuidade" do diretor. Imaginem! Ele havia decidido suprimir os acessórios tradicionais de cartolina mole e substituí-los por verdadeiras carcaças de carneiro, por "verdadeiros" pedaços de carne expostos no balcão do açougue que é o ambiente da peça!

...

Baixar como (para membros premium)  txt (15.8 Kb)   pdf (89.7 Kb)   docx (14.3 Kb)  
Continuar por mais 10 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com