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Resenha - Edgar Morin - Introdução Ao Pensamento Complexo

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Por:   •  29/9/2014  •  3.919 Palavras (16 Páginas)  •  1.223 Visualizações

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Resenha - Introdução ao pensamento complexo

Morin, Edgar (1990). Lisboa: Instituto Piaget. 2ª ed., 177 p. ISBN: 972-8245-82-3.

Do original Introduction à la pensée complexe, Paris: ESF éditeur, 1990.

Edmundo Inácio Júnior

Doutorando, eijunior@ige.unicamp.br Daniel Durante Pereira Alves

Prof. Assistente Doutor, ddurante@ige.unicamp.br

Departamento de Política Científica e Tecnológica – UNICAMP/IGe/DPCT

A complexidade não é chave do mundo, mas o desafio a enfrentar, o pensamento complexo não é o que evita ou suprime o desafio, mas o que ajuda a revelá-lo e, por vezes, mesmo a ultrapassá-lo.

Edgar Morin, prefácio.

Edgar Nahoun (1921 - ), que já em 1942 resolve substituir o sobrenome Nahum por Morin , é um dos principais filósofos contemporâneos franceses. Coincidência ou não, sua trajetória intelectual não se pautou pela verticalização de um conhecimento específico e formal, obtido nos bancos universitários . Tal fato torna difícil, ou em suas palavras, complexa a tentativa de enquadrá-lo dentro de alguma área específica. Entretanto, entre seus vários escritos, livros e ensaios, sua trajetória pode ser caracterizada “by a concern for knowledge that is neither hampered nor pigeonholed, capable of grasping the complexity of reality, of observing the singular while placing it within the whole” . Sua trajetória acadêmica, por assim dizer, culminou no Centro Nacional de Pesquisa Científica – CNRS, onde é pesquisador emérito, além de ser agraciado e homenageado por várias outras universidades do mundo .

Os vários livros escritos por Morin refletem sua preocupação com temas relacionados à complexidade das questões sócio-antropológicas e políticas da humanidade, aos problemas éticos e às implicações decorrentes do atual curso que as ciências trilharam. O livro Introdução ao pensamento complexo, constituído por um agrupamento de diversos textos, é uma introdução à problemática da complexidade, no qual procura explicar as idéias desenvolvidas nos três primeiros volumes de La Méthode – O método (La nature de la nature, 1977 – A natureza da natureza, 1997; La Vie de la Vie, 1980 – A vida da vida, 1987 e Conanaissance de la Connaissance, 1986 – Conhecimento do Conhecimento, 1987). O objetivo aqui é apresentar as idéias do pensamento complexo contidas nesse fascinante livro , dividido em seis capítulos que como almeja o autor, pode revolucionar nossa maneira de pensar sobre as ciências e, acima de tudo, sobre a vida e o modo que com ela interagimos.

De forma geral, o primeiro capítulo – A inteligência cega – busca introduzir o leitor ao problema que Morin intitula de “paradigma da simplicidade”, que mutila o pensamento do ser humano. Ele discorre sobre o problema da organização do conhecimento, evidenciando neste sua patologia e cegueira e incute no leitor a necessidade do pensamento complexo. Para

Morin (p. 15), paradigmas são “princípios supralógicos de organização do pensamento [...] princípios ocultos que governam a nossa visão das coisas e do mundo sem que disso tenhamos consciência”. O conceito de paradigma utilizado por Morin é diferente daquele que normalmente se utiliza, cunhado por Kuhn (1962).Morin (p. 85), ainda acrescenta “[...] um paradigma é constituído por um certo tipo de relação lógica extremamente forte entre noções mestras, noções chave e princípios chave. Esta relação e estes princípios vão comandar todos os propósitos que obedecem inconscientemente ao seu império”.

Ao tratar com a complexidade, ele procura afastar-se do conflito da “simplicidade”. Esse conflito tem a ver com o modus operandi da ciência: separar (distinguir ou desunir); unir (associar, identificar); hierarquizar (o principal, o secundário); e centralizar (em função de um núcleo de noções mestras).Os capítulos 2 e 3 – O esboço e o desígnio complexo e O paradigma da complexidade –contêm as idéias que antecedem ou dão indícios de seu pensamento complexo. No segundo capítulo Morin cita exemplos já sabidos, principalmente da física , que demonstram as “fendas e os rasgões na nossa concepção do mundo [...] (que) deixavam entrever os fragmentos ainda não ligados entre eles” (p. 27). O percurso que Morin (p. 25) auto se impõe é um “movimento em duas frentes, aparentemente divergentes, antagônicas, [...] inseparáveis: trata-se, evidentemente, de reintegrar o homem entre os seres naturais para distinguir deles, mas não para o reduzir a essa situação”. Morin, re-visita importantes contribuições da biologia, da teoria sistêmica e da cibernética e discute os conceitos de informação, organização e auto-organização para depois adentrar ao da complexidade.

Já o terceiro capítulo pode ser considerado o principal do livro. Como tal, iremos nos debruçar sobre ele com maior atenção e esforços para uma melhor apresentação do mesmo. Contudo adiaremos um pouco essa discussão e colocaremos de forma sucinta as ideais dos três últimos capítulos. Os capítulos 4 e 5 – A complexidade e a ação e A complexidade e a empresa – buscam mostrar que em ambas essas esferas também se encerra o complexo. Morin trás à tona a noção de que a ação é também uma aposta, que faz parte de uma estratégia, que por sua vez não designa um programa pré-determinado, mas sim, permite, a partir de uma decisão inicial, encerar um certo número de cenários para a ação. Cenários que poderão ser modificados segundo as informações que irão chegar no curso da ação e segundo os imprevistos que irão surgir e perturbar a ação.

Já no quinto capítulo, Morin ilustra a presença da complexidade na empresa, pelo exemplo de uma simples indústria de tapeçaria. Nela têm-se fios de linho, de seda, de algodão e de lã em cores variadas. O conhecimento do tecelão sobre cada fio desse seria insuficiente para conceber a nova realidade que se busca: o tecido. Assim Morin vê três constatações. A primeira é que “um todo é mais do que a soma das partes que o constituem” (p. 124). Isto é, a tapeçaria é mais do que a soma dos fios que a constituem. Segundo, “o todo é então menor que a soma das partes” (p. 124), porque essa nova realidade – o tecido – inibe as qualidades desses fios em se exprimirem plenamente . Terceiro, “o todo é simultaneamente mais e menos que a soma das partes” (p. 124), e isto representa uma dificuldade para o nosso entendimento e para a estrutura mental que estamos acostumados a ter.

Morin extrai também três tipos de causalidades

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