Resenha - Three Rivers

O episódio 09 do “Three Rivers” traz entre suas três abordagens a história de um casal no qual o marido após sofrimento renal devido à uma maratona acaba tendo que optar entre o tratamento de diálise e de transplante renal. Por ter a opção do tratamento dialítico o paciente não se enquadra como prioridade na lista de transplantes, a não ser que haja compatibilidade com algum familiar para doação voluntária. A esposa muito preocupada com a situação que o marido poderá enfrentar diante a diálise se coloca à disposição para fazer a doação. Os exames de compatibilidade são realizados e infelizmente não é favorável ao casal.

Em posse dos exames a médica encontra a compatibilidade da esposa com outro paciente e sugere ao casal que seja feita doação em dominó, uma modalidade questionada pela direção do hospital, que em votação a maioria concorda com o procedimento.

Durante todo o processo surge um rim para o paciente, e a médica coloca o casal a par da situação, verificando se ainda é vontade deles realizar a doação, pois não haveria mais necessidade. Mesmo diante à isso a esposa do paciente se coloca à disposição pois entende e se coloca no lugar de quem espera pela doação, já que sabe a angústia que essa situação causa. Ciente de que poderá ajudar mais pessoas em situação difícil realiza o procedimento e cede o transplante convencional ao próximo da lista, ajudando com isso um total de 5 pessoas ao invés só do seu marido ser beneficiado.

Teoricamente a doação em dominó é uma alternativa que muitas vezes pode significar a vida e a morte das pessoas que precisam de transplante. O que acreditamos que deva ser feito é uma preparação mais completa, uma preparação psicológica tem que ser realizada, pois se a intenção é salvar vidas, não podemos prejudicar a pessoa que encontra-se saudável que em um momento de fragilidade tem que tomar uma decisão tão importante. Momentos de fragilidade emocional não podem ser momentos de decisões, para que inclusive o próprio fisiológico do doador tenha a colaboração do psicológico, já que temos vários estudos sobre somatização que indubitavelmente traz danos à terapêutica pós cirúrgica e com isso ao paciente-doador.

Todo o processo deve ser feito com um acompanhamento multidisciplinar e decidido o momento por todos envolvidos. Tememos de uma atitude louvável seja utilizado como moeda de troca nas relações humanas, jogo de interesses psicológicos e financeiros. É um tema muito polêmico que deve ser estudado e analisado à fundo para eu erros não sejam cometidos, inclusive porque no caso outras alternativas terapêuticas poderiam ser aplicadas, e o preconceito com a diálise pudesse ser trabalhado com o paciente e familiares.