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A Evolução Do Conceito De Beleza

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Por:   •  2/6/2014  •  1.369 Palavras (6 Páginas)  •  369 Visualizações

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O artista agarrou num pequeno pedaço de calcário poroso e esculpiu uma mulher, talvez a sua ou uma outra da tribo. Fez o que viu ou imaginou a seu gosto? Provavelmente, porque foi há 22 ou 24 mil anos, inspirou-se no modelo mais próximo e comum. Somos, então, levados a pensar que, na Idade da Pedra, um corpo feminino belo era gordo, de seios enormes, ventre proeminente e ancas roliças. Bem, nesta época, dizem os especialistas, o olhar masculino era mais atraído pelo mistério da fertilidade...

A escultura de 11 centímetros do ilustre desconhecido, desenterrada em 1908, na Áustria, recebeu o nome de Vênus de Willendorf. Desde essa data, inúmeras estatuetas semelhantes foram sendo descobertas, dos Pireneus à Sibéria, mostrando aquilo que o homem, durante um largo período de tempo, via e apreciava na mulher. A obra mais antiga, conhecida, data de há 35 mil ou 40 mil anos e foi encontrada na Alemanha, é a Vênus de Schelklingen, de apenas seis centímetros, com o seu peito enorme e ancas largas, em marfim de mamute.

"A beleza das Vénus está nas formas e na valorização do corpo feminino no que há de mais exuberante na mulher: o quadril e o seio. A preocupação estética é inerente à necessidade da expressão humana e o ser humano, nessa época, visceralmente expressa a beleza que é ser mulher: o ser que garante a sobrevivência e continuidade da espécie humana. A imagem do feminino nasce plasticamente do grande mistério que é a fertilidade e do grande enigma que passa a ter esse ser capaz de tamanha divindade - gerar e parir semelhantes", afirmam as professoras brasileiras Isabel Hennig e Adriana Barbosa no estudo "Para Além das Imagens do Feminino".

À dezena de pequenas mulheres talhadas em calcário, marfim, cerâmica ou carvão, que os arqueólogos têm encontrado, foi dado o título de Vênus, numa assunção de que estas representam um ideal, ou não tivessem escolhido para as identificar o nome da deusa romana da beleza que nasceu numa concha de madrepérola e se fazia transportar num carro puxado por cisnes. Era bonita, diríamos ainda hoje, esteticamente bela, proporcional, simétrica e equilibrada - diriam os gregos, para quem o belo também tinha uma dimensão moral.

"Olhemos para uma daquelas estátuas de menina que os artistas do século VI a.C. esculpiam...", começa por dizer Umberto Eco, na sua "História da Beleza". "Os pitagóricos teriam explicado que a rapariguinha era bela porque nela um justo equilíbrio dos humores produzia um colorido agradável e porque os seus membros estavam numa relação certa e harmônica, dado que eram regulados pela mesma lei que regia a distâncias entre as esferas planetárias. O artista do século VI estava obrigado a realizar aquela beleza imponderável de que falavam os poetas e que ele próprio teria captado numa manhã de primavera, observando o rosto da rapariga amada, mas obrigado a ter de a realizar na pedra e concretizar a imagem da rapariga numa forma."

Avançando até à Renascença, assiste-se a uma nova visão e utilização do corpo, apoiada na redescoberta e recriação da Antiguidade Clássica. Entre o fim do século XIII e o princípio do XVII, o corpo passa a ser algo que se deve enfeitar com arte e de modo a ver-se bem. Os ourives criam peças para ostentar pelo corpo, artigos concebidos "segundo cânones de harmonia, proporção e decoro", como refere o professor italiano licenciado em Estética, lembrando que "o Renascimento é um período de empreendimento e atividade para a mulher, que na vida de corte dita leis na moda, se adequa ao fausto imperante, mas não se esquece de cultivar a sua mente, participa ativamente nas belas-artes, tem capacidades discursivas, filosóficas e polemicas".

Quanto ao corpo do homem, por esta época, o entendimento é diferente. Quando eles são retratados, não interessam as regras da proporção e da simetria, sim personificar o poder ou, talvez, dar o grito do Ipiranga em relação aos preceitos clássicos. "As formas do corpo não escondem a força nem os efeitos do prazer: o homem de poder, gordo e entroncado, quando não musculoso, tem e ostenta os sinais do poder que exerce. Certamente não são esbeltos Ludovico, o Mouro, nem Alexandre Bórgia (que goza da fama de objeto de desejo das mulheres do seu tempo), nem Lourenço, o Magnífico, nem Henrique VIII. E, se Francisco I de França, no retrato de Jean Clouet, dissimula debaixo de amplas vestes a sua esbelteza démodée, a sua amante Ferronière, retratada por Leonardo, enriquece a galeria de olhares femininos indecifráveis e fugidios", diz Umberto Eco.

Seja como for, para a mulher e para o homem, o ideal de beleza foi mudando e... Repetindo-se. A dada altura, regressamos aos tempos em que gordura volta a ser formosura e as mulheres se querem pequenas como a sardinha. Foi no século VIII e, na centúria de 20, depois da morte dos espartilhos e das cinturas finíssimas, quando o corpo feminino se libertou, literalmente. Não chegou às formas do paleolítico, mas andou perto... Só que, entretanto, surgiu

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