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A linguagem como fundamento da condição humana

Por:   •  22/3/2019  •  Seminário  •  1.408 Palavras (6 Páginas)  •  6.120 Visualizações

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A linguagem como fundamento da condição humana

Quando afirmamos que a linguagem é o fundamento da condição humana, pretendemos dizer que o uso desta faz parte essencial do quotidiano e da forma intrínseca de ser e de existir do ser humano. Pois não há actividade humana que não comporte, na sua essência, o uso da linguagem, facto que resulta da necessidade que o Homem tem de comunicar com os outros.

F. Savater na sua obra Ética para um jovem (Lisboa, Ed. Presença, 1993, p. 53), defende que a linguagem humana é a base de toda a cultura e, consequentemente, o fundamento da humanidade. O ser humano, quando nasce, nasce como uma realidade biológica e, de sobremaneira, cultural, sendo, por isso, uma realidade aberta; nasce dotado de um potencial genético que lhe permite aprender a linguagem para responder á necessidade humana da comunicação. O choro da criança á nascença é uma manifestação desta necessidade de comunicar com o mundo exterior, que são os outros seres humanos. Mas a aprendizagem da linguagem só pode ser feita através da língua (sistema de códigos que exprimem ideias), num determinado ambiente cultural, pois toda a linguagem é linguagem de uma determinada cultura humana.

Linguagem e comunicação

Os homens aprendem a linguagem para - através da língua e esta articulada em forma de fala (oral) ou escrita ou gestual – exprimir os seus pensamentos, isto é, comunicar.

Se antes o termo “comunicação” podia ser entendido apenas como processo de transmissão e recepção de mensagens simples ou complexas no meio oral, escrito ou gestual, nos tempos em que vivermos a comunicação é um fenómeno complexo e global que abrange os meios habituais e um conjunto extenso de novos meios que resultam de novas tecnologias (rádio, TV, telemóvel, Fax, Internet, etc.) e mensagens muito diversas (informação, formação, publicidade, simples conversa, dialogo, debate, etc.). Ao longo da história são conhecidos vários modelos de explicação do fenómeno da comunicação, dentre eles os de Shannon (engenheiro de Telecomunicações), Lasswell (especialista em ciências politicas) e W. Weaver (filosofo da comunicação). Debruçar – nos seguidamente sobre o modelo do linguista Roman Jakobson que tanto influenciou os estudos da linguagem do século XX, e em especial as Ciências sociais.

Modelo de explicação de Roman Jakobson

Roman Jakobson (1896 1982), linguista americano de origem russa, propôs um modelo de comunicação, que marcou uma época e que continua a ser estudado ate hoje. Relativamente aos modelos anteriores que consideravam como factores da comunicação apenas o emissor, mensagem e receptor, este linguista acrescentou três elementos com a mesma importância que aqueles outros. Trata-se do contexto (a comunicação ocorre sempre dentro de um determinado contexto ou situação), do código (a comunicação usa um determinado código, isto é, conjunto de sinais partilhados entre os interlocutores) e contacto (no acto da comunicação, o emissor e o receptor estabelecem um contacto entre si).

Além de ter acrescentado estes três elementos, Jakobson atribuiu uma função de linguagem a cada um dos elementos da comunicação.

Descrição das funções da linguagem, segundo Roman jakobson

  • Função referencial (ou informativa) está centrada no contexto. Neste tipo de discursos, o emissor (locutor) centra a sua mensagem de forma predominante no contexto (ou referente).

Este tipo de discurso é caracterizado pela objectividade, neutralidade e imparcialidade, visto que o emissor pretende transmitir sempre informações. Exemplos deste discurso são as notícias jornalísticas, as informações técnicas e científicas, etc.

  • Função expressiva (ou emotiva) está centrada no emissor. Predomina, neste tipo de discursos, a atitude do emissor (locutor) perante o referente (objecto), produzindo, uma apreciação subjectiva. Por isso, o uso de adjectivos e interjeições é nele inevitável. No discurso oral, a tonalidade da voz do emissor é inconstante, ora sobe, ora baixa, ora é grossa, ora é fina e moderada, dependendo do que  ele deseja do seu interlocutor (convencer, ridicularizar, instruir demonstrar, etc.).
  • Função persuasiva (apelativa ou imperativa ou conativa) – está centrada no destinatário ou receptor. Trata-se de um tipo de discurso em que o emissor/locutor procura influenciar, seduzir, convencer ou mandar no receptor, provocando nele uma dada reacção. Por isso, este tipo de discurso é carregado de imperativos e vocativos, como se pode ver na publicidade e na propaganda politica: “Votar em mim é votar no progresso”; “Tente de novo”; "Vive e ajuda a viver”; “Hei, tu também, vem abraçar–me.

  • Função estética (ou poética) – está centrada na mensagem. Embora tenha especial evidência na poesia, esta ocorre em qualquer tipo de mensagem. (os emissores, por norma, mostram se sempre empenhados em embelezar e melhorar as suas mensagens. Exemplos directos e práticos deste tipo de discurso são a poesia, algumas publicidades e obras de arte, cujas mensagens-objecto são portadoras da sua própria significação, mas no dia a dia também se encontram exemplos desta categoria (por exemplo, a delicadeza e a escolha da palavra com que falamos, enunciamos ou pedimos em determinadas circunstâncias e diante de determinadas pessoas).

  • Função fáctica – esta centrada no contacto, ou seja, no canal. Com estes discursos, os interlocutores procuraram assegurar, estabelecer prolongar ou interromper a comunicação ou verificar se o meio usado funciona. Alguns exemplos deste tipo de discursos são as interlocuções: “Estás a ouvir-me? ",“Alô?” (ao telefone), “Como?”.
  • Função metalinguística – está centrada no código. Com o discurso os interlocutores procuram definir ou clarificar o sentido dos signos para que sejam compreendidos entre si.

No campo das artes, são exemplo deste tipo de discursos aqueles que se escrevem sobre os diferentes estilos, e nas conversas é frequente ouvir dizer: “Compreendes-me?”, “O que queres dizer com a palavra...?”, “Isto significa...?".

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