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EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR EM DISCUSSÃO

Trabalho Escolar: EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR EM DISCUSSÃO. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  25/5/2013  •  9.491 Palavras (38 Páginas)  •  1.148 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Trabalho de Conclusão do Curso

Monografia

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR EM DISCUSSÃO

Fabiano Batista de Carvalho

Rio de Janeiro, 2012

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Fabiano Batista de Carvalho

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR EM DISCUSSÃO

Trabalho de Conclusão do Curso Apresentado

como Requisito Parcial à Obtenção do Grau de

Licenciado em Educação Física

Escola de Educação Física e Desportos

Centro de Ciências da Saúde

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Orientadora: Michele Pereira de Souza da Fonseca

Rio de Janeiro, 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

O Trabalho de Conclusão do Curso: Educação Física No Ensino Médio: uma perspectiva interdisciplinar em discussão.

elaborado por: Fabiano Batista de Carvalho

e aprovado pelo professor responsável pelo R.C.C., professor orientador e professor convidado foi aceito pela Escola de Educação Física e Desportos como requisito parcial à obtenção do grau de:

LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

PROFESSORES:

Orientador(a):

Convidado(a):

Responsável pelo R.C.C.:

Data:

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por todo o amor e apoio incondicional, anos de dedicação, para que eu conseguisse chegar até este momento. A vocês devo tudo que sou hoje como ser humano, pois sempre me ensinaram muito mais com atitudes do que com palavras, sendo assim a forma na qual meu caráter foi moldado. Sei que não há como retribuí-los de maneira proporcional a tudo o que de vocês já recebi, mas quero que saibam que lutarei para chegar o mais próximo possível disso.

De maneira especial, gostaria de agradecer àquela que foi muito mais que uma orientadora, mas poderia descrevê-la como o maior exemplo profissional em que me espelho. MUITO OBRIGADO Michele Pereira de Souza da Fonseca, sua dedicação, paciência e preocupação jamais serão esquecidos por mim e tenho certeza que por todos que tem o privilégio de conhecê-la. Obrigado por tudo.

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais João Batista de Carvalho e Dalva Rezende de Carvalho, sou grato por vocês terem me ajudado nos momentos mais difíceis da minha vida. Guardarei para sempre a lembrança de nossos momentos juntos.

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RESUMO

Título: Educação Física No Ensino Médio: uma perspectiva interdisciplinar em discussão

Autoria: Fabiano Batista de Carvalho

Orientador(a): Michele Pereira de Souza da Fonseca

Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar qual o papel da educação física no ensino médio na percepção dos alunos, professores de educação física e professores curriculares. Como objetivos específicos, intencionamos investigar se há aplicação da interdisciplinaridade no ensino médio contemplando as aulas de educação física, e verificar se essa aplicação é útil para o vestibular e discutir se é válida essa aplicação interdisciplinar nas aulas de educação física. Como referencial teórico, nos apoiamos em Carlos (2007), Darido et al. (1999) e Batista & Dacosta (2004). Esta é uma pesquisa qualitativa, pois busca apresentar as percepções dos respondentes. Assim, os sujeitos pesquisados foram 10 professores de educação física, 19 professores curriculares e 95 alunos de uma escola técnica pública do Estado do Rio de Janeiro. O instrumento de coleta de dados escolhido foi o questionário. Com relação aos professores pesquisados, concluímos que não há um trabalho em conjunto( entre os professores de educação física ou entre os de educação física e os professores das disciplinas curriculares); com relação aos alunos, percebemos que o interesse pelas aulas variam de acordo com o posicionamento dos professores nas aulas apresentadas, isto é, se os professores apresentam uma proposta de aula diferente do que é corriqueiro desperta um maior interesse nas aulas, porém os alunos não mostram interesse se as aulas que são enfadonhas. Apontamos que as aulas de educação física tem que possuir um caráter diferenciado, isto é, não cair na rotina da repetição; nesse sentido a aplicação da interdisciplinaridade poderia ter um valor de contribuição, fazendo com que os alunos tenham um despertar de interesses pelas aulas de educação física com outra visão a que não seja de praticar esportes. Assim, com aulas planejadas em conjunto e atrativas, evitaria a evasão nas aulas de educação física durante o ano que eles farão o vestibular, e tais as aulas poderiam também contribuir para este fim.

Palavras-chave:

Educação Física

Interdisciplinaridade

Vestibular

Evasão

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................7

2 REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................9

3 METODOLOGIA.........................................................................................15

4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS....................................................17

4.1 Professores de Educação Físicas...........................................................17

4.2 Professores Curriculares.........................................................................27

4.3 Percepções dos Alunos..........................................................................39

CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................61

REFERÊNCIAS.............................................................................................65

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, muito se questiona sobre uma possível abordagem da interdisciplinaridade para atender os alunos do ensino médio, especialmente por conta do vestibular. Tal procedimento seria um modo de tornar a aprendizagem mais significativa? E como fica a questão da disciplina Educação Física nesse caso? Há de fato evasão de alunos das aulas de educação física no ensino médio, por conta da grande atenção voltada ao vestibular?

Darido (1999) explica que a realização profissional perante a sociedade é retratada através do vestibular. Outros fatos que a autora aponta para deixar a educação física em segundo plano é a “desvalorização dos componentes curriculares perante as demais disciplinas, principalmente, em face ao vestibular e a facilidade de dispensa.” (p.7)

A educação física escolar é um componente curricular obrigatório na educação básica, que abrange e educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Dessa forma é interessante investigar como tal disciplina é vista pelos alunos e professores, especificamente do ensino médio, pois desenvolvem-se inúmeros questionamentos para os conteúdos a serem aplicados na educação física escolar nessa fase escolar, produzindo uma dúvida do que ser aplicado: conteúdos específicos ou conteúdos de formação interdisciplinar.

Uma questão então se instaura: qual o papel da educação física no ensino médio? Há possibilidade de trabalhar de forma interdisciplinar?

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Nesse sentido, o objetivo geral dessa pesquisa é investigar qual o papel da educação física no ensino médio na percepção dos alunos, professores de educação física e professores curriculares. Para atender tal objetivo geral, traçamos objetivos específicos:

 Investigar se há aplicação da interdisciplinaridade no ensino médio contemplando as aulas de educação física.

 Verificar se essa aplicação é útil para o vestibular e discutir se é válida essa aplicação interdisciplinar nas aulas de educação física.

O tema abordado nessa pesquisa se justifica, pois, segundo a Lei De Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (9394 /1996) mesmo com as aulas de educação física sendo obrigatórias na Educação Básica, nos termos da lei, há uma grande evasão principalmente do terceiro ano, dos turnos manhã e tarde das aulas de educação física, para se dedicarem ao vestibular. Dessa forma, nos inquieta pesquisar como se dá tal situação pesquisando uma escola técnica, localizada no município do Rio de Janeiro.

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2. REFERENCIAL TEORICO

Com uma maior ênfase, essa forma de aplicação de ensino surgiu em meados dos anos 60 na França e na Itália para atender reivindicações estudantis, de forma a atender as questões de ordem social, política e econômica de época, pois esses problemas não poderiam ser resolvidos somente por uma disciplina ou uma área de saber. (IVANA FAZENDA 1994, APUD CARLOS, 2007)

“Estar vivo é, sobretudo estar aprendendo. Mas há diferentes saberes no mundo em que vivemos e há também múltiplos itinerários para sorvê-los”. (SOARES, 1996, p.1 grifo meu). Assim, a escola é o ponto de partida para obtenção desses saberes e é através dela que podemos nos aprofundar nos rumos a serem tomados, pois há uma diversidade entre os alunos que nela chegam, onde cada um possui um conhecimento prévio; Bourdieu (1998) define esse conhecimento como “Capital Cultural”.

Toda área profissional possui sua especificidade para atender a sociedade, e a educação física não foge a esse conceito, onde seu campo é o corpo em movimento, diluindo por várias vertentes, mas o presente trabalho irá direcionar-se para a especificidade da educação física na escola.

Darido (1999) ressalta que o ensino médio vem sofrendo constantes mudanças, porém ainda com reflexos dos impactos das reformas ocorridas na década de 60, que empregava ao ensino médio, caráter de formação técnico de nível médio ou de ensino preparatório para a universidade.

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Ainda a autora contextualiza que com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (9394 /1996) devolve ao ensino médio as características holísticas, dando aos conhecimentos interdisciplinares uma maior ênfase do que os específicos; gerando, assim, possibilidades para uma educação mais abrangente, onde suas vivências não sejam restringidas a uma formação especifica, mais sim, de forma que o aluno possa ter um ramo mais aberto de formação.

Em sua especificidade, a educação física escolar não pode se restringir a aplicações de praticas esportivas, jogos, lutas e ginásticas. No ensino médio os alunos trazem consigo uma vivencia dessas praticas do ensino fundamental, pois se nessas forem positivas, os alunos aderem a ela novamente; por outro lado se forem negativas eles passam a optar pela dispensa. Com isso, o ensino médio não pode ser uma mera repetição mais aprofundada do ensino fundamental, e sim um ensino que possa gerar para os alunos novos desafios. Assim o papel do professor da educação física, do ensino médio se torna mais importante na estrutura educacional da escolar.

A educação física escolar é um instrumento educacional que no ensino médio deve gerar uma compreensão além das ações do corpo e contextos esportivos, no contexto sócio-cultural dos alunos. Darido (1999) define que o esporte é a pratica principal do ensino médio, porém a educação física escolar pode e deve estabelecer conhecimentos diversos da educação; conhecimentos esses que propiciem aos alunos um maior repertório cultural. Dessa forma, as propostas pedagógicas das escolas tendem a serem direcionadas a partir de uma

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proposta crítico-superadora, baseando-se nos escritos do Coletivo de Autores (1992)

Como essa escola pesquisada busca qualificar os alunos profissionalmente para atender o mercado de trabalho, uma questão se instaura: será que os alunos vêem as aulas de Educação Física como uma área que possa proporcionar a eles um conhecimento importante? Ou será que a veem como um momento de fazer atividade lúdica, esportivas somente como fins recreativos, sem relação como o seu dia-a-dia escolar?

O currículo apresentado pela escola técnica visa um ensino formal, não critico e de conhecimento técnico, gerando um currículo conservador. Mesmo com o objetivo profissionalizante, não necessariamente a escola tem que possuir um currículo conservador, podendo abrir o ensino para novos horizontes.

O currículo capaz de dar conta de uma reflexão pedagógica ampliada e comprometida com os interesses das camadas populares tem como eixo a constatação, a interpretação, a compreensão e a explicação da realidade social complexa e contraditória. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 28)

Como a Educação Física possui uma área que abrange um vasto campo cultural, seja corporal ou educacional, teórico ou pratico, os professores de educação física podem através de planejamentos desenvolvem conteúdos que atraiam os alunos para aula de Educação Física, despertando um interesse nos alunos em aprender de forma menos tradicional, a de dentro das classes.

Esses conteúdos têm que atender as necessidades dos adolescentes, porém, sempre buscando um objetivo maior “produzir conhecimento”,

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“Conhecimento também é bastante citado enquanto função de Educação Física para o ensino médio”. (VERENGUER ET AL, 1995, p.3).

Esses conteúdos podem e devem ser mais que só o se movimentar; a tarefa da Educação Física é proporcionar aos alunos uma vivência de conhecimento e informações diversas.

Contudo, além da falta de conteúdos de forma única para atender toda a escola, recai o desinteresse do professor em criar novos planejamentos que possa atender cada grupo de alunos, pela falta de material disponível na escola, uma visão restrita ao esporte. Com isso, ficam restritos em aplicar os chamados esportes tradicionais.

A meu ver, os aspectos mais importantes para que se possa desenvolver uma aula de qualidade, não fica sublinhada nos materiais e sim nos conteúdos a serem trabalhados e qual o objetivo deles. Outro aspecto é o motivacional, tanto do professor em estar presente nas aulas com um planejamento adequado para tal, como os dos alunos em estarem participando e adquirindo conhecimentos, porém, não é requisito a falta de material para que junto a esses esportes eles não possam trabalhar outros conteúdos que não seja o esportivo.

Arantes (2005) explica que os alunos nessa fase de adolescência são capazes de realizar suposições, formular hipóteses, criar e criticar; com isso, seu pensar não se limita aos muros das escolas. Isto representa que os alunos podem recolher informações, constituir opiniões a partir de apontamentos ou noticias de vários lugares. Assim seu campo de relações e de conhecimento amplia-se, favorecendo seu desempenho no decorrer da vida. É através desse raciocino que os alunos do ensino médio buscam outros interesses de aprendizados, como

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questões políticas, questões econômica, questões de filosofia e tópicos relacionadas às religiões.

Mesmo a escola tendo um Plano Político Pedagógico – PPP - que visa atender o mercado de trabalho, é preciso que os professores ofereçam aos seus alunos uma formação mais ampla, onde os qualifiquem de uma forma geral.

No caso da Educação Física, os professores não podem ficar restritos a prática sem um objetivo definido e claro para os alunos e sim mesclar prática com a teoria, de forma a esclarecer o porquê do fazer.

A Interdisciplinaridade pode ser o elo de conjugar essas teorias com as praticas nas aulas de Educação Física Escolar, porém esse conjugar de saberes vai além de cruzamentos de informações entre as disciplinas e sim educar através de tudo que já se possui de conhecimento adquirido ao longo da vida. O objetivo dessa metodologia, segundo Casimiro (2001), também é bem mais profundo do que procurar interconexões entre as diversas disciplinas, pois ela serve para "dar visibilidade e movimento ao talento escondido que existe em cada um de nós". (p.1)

O mais importante é esclarecer aos professores que ao estabelecer a interdisciplinaridade como a metodologia de trabalho no desenvolvimento do currículo escolar, não quer dizer que vai renunciar as disciplinas e nem formar professores com “pluri-especialização”, pois a complexidade de administrar vários conteúdos ao mesmo tempo pode ser superficial para a aprendizagem. Daí a necessidade de um trabalho de equipe realmente em conjunto. (FUNDAÇÃO DARCY RIBEIRO, 2011)

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O documento acima citado ainda complementa, definindo que a interdisciplinaridade é uma proposição que abrange muitos aspectos mais habituado para o corpo docente em sua tarefa, mas não privado. Interdisciplinaridade torna real o modo de interagir com o mundo. Assim se formos capazes de compreende-la e fazer ideia das varias consequências que se realizam ao analisar um acontecimento, “um aspecto da natureza, isto é, o fenômeno dimensão social, natural ou cultural, somos capazes de ver e entender o mundo de forma holística, em sua rede infinita de relações, em sua complexidade”. (p.3)

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3. METODOLOGIA

A presente pesquisa foi realizada em um modelo teórica-empírica (PTE), pois se deu através da revisão de literatura e de pesquisa de campo. É, portanto, uma pesquisa qualitativa, pois busca apresentar as percepções dos respondentes. Assim, os sujeitos pesquisados foram professores de educação física, professores curriculares e alunos. O instrumento de coleta de dados escolhido foi o questionário.

Três modelos de questionários foram confeccionados e foram voltados para cada grupo pesquisado; a apresentação e o recolhimento do questionário fizeram-se junto aos professores e alunos de forma direta, apresentando um pedido de autorização junto aos professores e a direção pedagógica da escola para que durante alguns minutos do decorrer das aulas o questionário pudesse ser respondido. Todos os respondentes são parte de uma escola da rede pública do Estado do Rio de Janeiro.

Ao todo foram respondidos 124 questionários, sendo 10 respondidos pelos professores de educação física, 95 alunos, sendo 39 do 3º ano, 19 do 2º ano e 37 do 1º ano e 19 professores das disciplinas curriculares sendo: 3 professores (1 de biologia, 1 de espanhol e 1 de língua portuguesa), 1 professor (de eletrônica), 2 professores (1 de história e 1 de geografia), 13 professores (1 de inglês , 1 de história, 2 de língua portuguesa, 1 de geografia , 1 de literatura, 2 de física, 4 de matemática, 1 de eletrônica e eletricidade).

O instrumento utilizado para coleta de dados (questionário) direcionados a cada grupo alvo da pesquisa, foi validado por 2 professores especialistas nessa

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área, onde supervisionaram e validaram os questionários, fazendo com que fossem adequados aos objetivos propostos a pesquisa.

Segundo Lüdorf (2004) empregar uma coleta de dados a uma pesquisa, requer um planejamento cuidadoso para evitar erros que possa causar uma série de transtornos, assim aproveitando o máximo do trabalho e do tempo. A aplicação do questionário se dá por atender as expectativas dos objetivos e assim evitar os transtornos no decorrer da pesquisa.

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4. ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Professores de Educação Física

No levantamento de dados feito junto aos professores de Educação Física foi constatado que dos 10 professores da instituição, 5 responderam ao questionário, sendo 4 do sexo masculino e 1 do sexo feminino.

Para apresentar os dados, classificaremos os participantes de acordo com o tempo de atuação na escola e a idade de forma crescente numeramos-os em respondentes 1,2,3....(Professor REF1, REF2, REF3...) Dentre eles:

A média de idade entre os entrevistados é de 49 anos. Notamos que a maioria dos professores pesquisados tem experiência na área, visto que 1 está entre 2 e 4 anos lecionando na escola, 2 estão entre 5 e 8 anos e outros 2 estão há mais de 9 anos na escola.

Perguntamos aos professores qual é o papel da disciplina Educação Física na escola, e observamos três vertentes apresentadas pelos professores.

A vertente apresentada por três dos cincos professores (REF2, REF3 e REF4) apontam, que em suas concepções a Educação Física tem uma filosofia de socialização e manutenção da saúde. Os professores descrevem como:

“Interação dos alunos das 3 séries do ensino médio, ensinar a ter compromisso respeitar regras , os colegas.” (Professor REF2)

“Representar um elemento importante no aspecto de socialização, formativo de caráter e na manutenção da saúde.” (Professor REF3)

“Atuar na construção da cidadania do futuro técnico.” (Professor REF4)

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Pela escola ter um caráter de formação técnica, as respostas destes professores se apoiam no contexto de que a escola possui uma função de formar futuros técnicos para o mercado de trabalho, assim deixando profissionais saudáveis e sociáveis. Estas visões dos professores apresentam uma limitação da Educação Física Escolar, seja ela em qualquer instituição de ensino. A função pedagógica da Educação Física citadas pelos professores está longe da perspectiva educacional de que ela possa ter. Machado et al (2010) ilustra o papel que a Educação Física escolar tem que possuir e de como que ela é vista pelo grupo pedagógico.

[...] O problema, contudo, reside no fato de que, em momento algum, essa cobrança esteve voltada para a função pedagógica que a disciplina (como um componente curricular com conteúdo/saber a ser ensinado) deveria cumprir. No máximo, o que se ouvia, por parte da equipe pedagógica, eram frases do tipo: “A EF está na escola para somar, para auxiliar no trabalho da escola, seja na questão disciplinar, do comportamento” ( diário de campo). Ou seja, notamos que a escola possui uma visão da função pedagógica da EF muito distante da perspectiva que a entende como um componente curricular que produz saber a ser transmitido / tematizado e que se configura naquilo que se tem denominado cultura corporal de movimento [...]. ( p.139)

Essa visão se remete ao início do século XX, como Vago (1999) relata que a escola possuía o simples trabalho de ensinar as quatro operações e as primeiras letras, com isso a cultura e o conhecimento do professor com a cultura do aluno misturavam-se, desenvolvendo-se um ciclo sem ambições de mudar hábitos, comportamentos e valores dos alunos.

Ao contrário dos professores REF2, REF3, e REF4, o professor REF1, destaca que o papel da Educação Física na escola é meramente um elemento curricular.

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“Apenas o de compor a grade curricular segundo as exigências da lei.” (Professor REF 1)

Na escola onde foram recolhidos os dados para a pesquisa, a educação física apresenta-se como componentes extracurriculares, onde cada professor dessa disciplina fica a cargo de uma modalidade esportiva ou cultural – como teatro, musica e lutas, por exemplo – e o aluno escolhe uma dessas atividades para realizar. Apontamos que esta é uma classificação errônea, pois a educação física escolar é obrigatória na Educação Básica, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996)

Segundo a citada lei, modificada pela lei nº 10328, de dezembro de 2001, a Educação Física é um componente curricular obrigatório na Educação Básica. Nesse sentido, a Educação Física nas instituições de ensino, não pode apresentar mais a função de simplesmente compor a grade curricular; seu papel como disciplina escolar vai além, ela tem que propor um papel de disciplina construtora de conhecimento e saber dentro da sociedade.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN‟s (BRASIL, 2000) identificam uma base de auxílio para o que pode ser tal disciplina para o ensino médio, onde os jovens terão que possuir uma formação que possam enfrentar a vida adulta, com isso propõe um currículo baseado no domínio de competências básicas e não no acúmulo de informações.

Destacando outra vertente do papel da Educação Física na escola, o professor REF5, resume que tal papel é simplesmente esportivo, onde são aplicados diversos tipos de esportes aos alunos no decorrer do ano letivo.

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“É desenvolvida fundamentalmente como uma disciplina voltada ao aprendizado das atividades esportivas.” (Professor REF 5)

O esporte é um dos vários conteúdos que podem ser trabalhados na educação física escolar. A lei propõe que o desporto possa ser direcionado nas escolas, porém com o intuído educativo e não só de rendimento desportivos como muitos professores trabalham em suas aulas.

A LDBEN, em seu artigo 27º, define que o desporto na escola tem que possuir um caráter educacional, com conteúdos curriculares observando as seguintes diretrizes como expõe o INCISO IV: “promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais.” Já no artigo 35º, emprega que no ensino médio tem a finalidade de, de acordo com INCISO IV: “a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionados a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”.

Isto significa que as aulas de Educação Física não poderiam ficar atreladas só as práticas, ela tem que compor o conhecimento teórico em seu conteúdo. Como registra na apresentação dos PCN‟s por Ruy Leite Berger Filho (BRASIL, 2000) que o ensino médio busca “dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade; e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender.”(p. 2).

Perguntamos aos professores de Educação Física como eles avaliam a participação dos alunos no ensino médio em suas aulas. 4 professores avaliaram que a participação é de regular a boa, com os alunos interessados e com grande participação.

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“A participação é grande.” (Professor REF 2)

“Avalio que existe um bom interesse.” (Professor REF 3)

“A maioria se interessa e participa.” (Professor REF 4)

Um dos professores (REF1) contrariamente relata a falta de interesse dos alunos com a Educação Física, voltando todos os seus propósitos para outras disciplinas. Ele ainda faz destaques com relação à frequência, horários e avaliações feitas com os alunos, os três elementos são interligados para que ocorra uma aula e ela seja produtiva, mas na escola, segundo o professor, esses elementos somente aumentam a repudia da maioria dos alunos em relação à disciplina.

O professor relata que há uma baixa frequência dos alunos em suas aulas por motivos das aulas serem extracurriculares, isto é, fora do horário da grade. Com isso cria-se um ciclo, entre horário – frequência - avaliação, onde o horário estipulado não agrada aos alunos, fazendo com que não frequentem as aulas, gerando para o professor um transtorno na sequência do conteúdo e avaliações.

“Há uma desvalorização por parte dos alunos em relação ao comprometimento comparando com as outras disciplinas do curso técnico. Os alunos que conseguem se inscrever no seu esporte de interesse a frequência é boa (Ex: futsal p/os meninos); quando há o desinteresse pela modalidade a freqüência é irregular e esporádica na maioria dos casos. Estão desacostumados o/as avaliações teóricas e práticas e a cobrança da frequência para compor sua nota.” ( Professor REF 1)

Questionamos aos professores sobre o objetivo da Educação Física para o ensino médio. Podemos destacar que em suas respostas, os embasamentos de seus objetivos ficam no desenvolvimento das atividades físicas, visando à saúde, socialização e importância da autonomia.

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O objetivo da educação física para o ensino médio pela Lei n. 9.394/96 (BRASIL,1996) mostra que a escola, “tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (Art. 22). Com o surgimento das mudanças na lei de educação surgem novos objetivos para o ensino médio, disponibilizando uma nova formação básica, que possibilite ao indivíduo sua preparação para o vestibular e para o mercado de trabalho, não mais o profissionalizando, mas sim fazendo com que se ajuste a ele. (SANTOS & NISTA-PICOLO, 2011)

Ainda os autores descrevem que no ensino médio a educação física escolar é fortemente vinculada às praticas esportivas, pois a sociedade identifica que nessas estão vinculados os conteúdos das aulas e são as práticas aceitas pelos alunos. Podemos dizer que o esporte é sim um dos vários conteúdos de ensino, porém a educação física escolar não pode se restringir ao mero ato de ensinar as práticas esportivas que se destacam na sociedade criando uma busca da prática momentânea muito influenciada pelas mídias. Pelas palavras dos próprios professores e dos autores vemos essas limitações:

“Proporcionar uma atividade física p/os adolescentes embasada Tb no conhecimento teórico que pudesse ser utilizada futuramente num contexto social de lazer e de adesão na vida adulta promovendo a sua saúde física e mental.” ( Professor REF 1)

“Informar sobre a importância da ativ.física.” ( Professor REF 2)

“Ser um agente na capacitação da socialização, no desenvolvimento do caráter e na aquisição da saúde.”( Professor REF 3)

“Facilitar a aprendizagem das atividades físicas e ajudar.” ( Professor REF 4)

“Mesmo prevalecendo os objetivos do aprendizado das atividades esportivas, paralelamente há uma busca pelo desenvolvimento crítico.” (Professor REF 5)

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Santos &Nista-Picolo, (2011) apontam que:

Os resultados apresentados apontam o esporte relacionado aos seguintes temas: esporte e educação, que declara uma falta de compromisso por parte dos docentes; esporte e saúde, que se configura com equívocos conceituais; esporte e competição, que demonstra uma ênfase na prática seletiva; esporte como um aspecto cultural, visto como fundamental na contribuição à cultura da sociedade; esporte na perspectiva das modalidades tradicionais, definido como únicas perspectivas de prática pedagógica, esporte e inclusão, que revela a predominância das atividades exclusivas aos mais hábeis. (p.1)

Perguntamos aos professores de educação física se da sua disciplina ajudam na preparação para o vestibular. A maioria das respostas coloca a educação física escolar como um meio de contribuir para o lazer, saúde, controle psicológico ou uma fuga das demais disciplinas.

Destacando as respostas de dois respondentes REF 1 e REF 5:

“Não. Com seus conteúdos não, mas contribui na medida em que serve como válvula de escape as pressões do concurso.” ( professor REF1)

“Não. Pela falta de sistematização de conteúdos que atendam o vestibular.” (Professor REF5)

Ambos relatam que os conteúdos da educação física escolar não fazem parte do vestibular, diretamente posso dizer que não fazem parte, porém indiretamente sim fazem parte. Pode se perguntar como assim? Como ensinar um sistema de defesa sem unir a matemática, com as figuras geométricas e a noção espacial? Como ensinar a história do futebol sem vincular ao contexto histórico da época que se originou esse esporte? Assim podemos observar que existem vários elementos de outras disciplinas que podem ser trabalhadas de forma a contribuir para o vestibular.

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Demonstramos com isso, que a escola não estimula trabalhos entre áreas de conhecimentos, pois a educação física escolar pode unir seus conteúdos com conteúdos de outras disciplinas, sem perder sua especificidade, construindo assim um conhecimento único entre áreas de maneira a ajudar na compreensão dos alunos.

Perguntamos aos professores se há um trabalho em conjunto entre os professores de Educação Física e das outras disciplinas; combinando as respostas do quarto com o quinto questionamento podemos observar que temos nas respostas dos professores a posição da escola perante aos trabalhos entre as áreas, principalmente tratando-se da educação física escolar.

Todos dos professores respondem que não tiveram nem um trabalho em conjunto com outra disciplina, onde a escola prioriza os cursos técnicos presente na instituição. Destacando se na resposta do professor REF1:

“Não. Talvez por ser um lugar onde se prioriza o ensino técnico.” (Professor Respondente REF1)

Já a resposta do professor REF4:

“Não. Não há tempo disponível para esta interação.” (Professor REF 4)

Assim pode-se verificar que para realizar um trabalho entre as áreas de modo a ter sucesso, todos na escola terão que se comprometer a fazer sua parte, para não cair em um ciclo de desculpas.

O professor REF2 relata que nunca foi procurado por outro colega de outra disciplina para realizar um trabalho em conjunto, com isso podemos retomar o

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ciclo de desculpa e perguntar-se ele não poderia realizar um trabalho que pudesse convidar um professor de outra disciplina para ser feito com os alunos.

Compreendemos que a escola tem formação de caráter técnico, porém o ensino é mais abrangente do que só formar pessoas moldadas para o mercado de trabalho; nesse sentido, Darido (1999) explica que a própria lei de ensino busca uma formação completa para o indivíduo e que o currículo será dividido em três áreas (Saúde, Tecnológicas e Humanas) e todas de peso igual.

O último questionamento realizado com os professores busca refletir se a interação entre as disciplinas ajudam/poderiam ajudar na preparação para o vestibular, dos cincos professores, quatro responderam que sim, cada um com um ponto de vista diferente, um deles respondeu que não contribui.

As respostas dos professores REF1, REF2, REF3, REF4, ficam atrelada num vasto caminho de conhecimento, onde cada um busca um ponto de relacionar a educação física escolar à outra forma de trabalho que viria a fazer os alunos passar no vestibular, porém não cabe em nossa pesquisa vir a criar uma nova de fazer com que os alunos sejam aprovados no vestibular e sim saber se a educação física escolar contribui no ensino, isto é, ajudar o aluno a criar, aprender e desenvolver seus conhecimentos em conjunto com os demais conhecimentos dele já adquiridos de forma que possa ser mais simples o aprendizado.

Pode-se destacar na resposta do professor REF1:

“Sim. Se o planejamento fosse interdisciplinar e focasse este objetivo junto com as demais disciplinas.” ( Professor REF 1)

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As duas palavras planejamento e objetivos, destacadas da resposta são os elos de toda a articulação para um ensino global entre as áreas, porém ambas tem que possuir um caráter que crie um desenvolvimento buscando a melhor forma de aprendizado, onde todos os professores possam ter sua disciplina em foco nas aulas. E a educação física escolar possa ajudar na visão pratica. Já que a escola possui um incentivo para as aulas técnicas, por que não uma aula de biologia e eletrônica na aula de vôlei, onde possa fazer analogias entre circuitos eletrônicos com nossas sinapses nervosas para chegar a um movimento do próprio vôlei.

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4.2 Professores Curriculares

Para organização dos dados, os professores das disciplinas curriculares, foram classificados de acordo com as áreas Biomédica, Humana e Tecnológica. Todos os professores que responderam o questionário fazem parte do quadro do turno da tarde, em um total de 19 professores respondentes: 11 professores respondentes são do sexo feminino e 8 do sexo masculino. A média de idade dos professores fica em torno de 46 anos.

3 professores (1 de biologia, 1 de espanhol e 1 de língua portuguesa) atuam menos de 1 ano na escola; 1 professor (de eletrônica) atua entre 2 e 4 anos na escola; 2 professores (1 de história e 1 de geografia) atuam entre 5 e 8 anos na escola; 13 professores (1 de inglês , 1 de história, 2 de língua portuguesa, 1 de geografia , 1 de literatura, 2 de física, 4 de matemática, 1 de eletrônica e eletricidade) atuam há mais de 9 anos na escola.

Para apresentar os dados de forma organizada, numeramo-os em respondentes 1,2,3....(Professor Rc1, Rc2, Rc3...)

Questionamos os professores respondentes como eles percebem o papel da disciplina Educação Física no contexto desta instituição. Tais relatos dos professores curriculares aproximam-se da mesma realidade vista com os próprios professores de educação física. Essa visão da educação física mostrada pelos professores curriculares não estão erradas, porém são limitantes e condicionadas a um modismo de estereótipos que são direcionados a toda área da educação física, isto é, tanto na atuação escolar como na de fitness.

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Podem-se verificar nas palavras dos professores curriculares as definições que são dadas para a educação física, restringindo-se a ao rendimento, que não possui um objetivo além do corpo e do bem estar mental, sem produzir qualquer tipo de conhecimento durante as aulas e atividades:

“Ajudar no desenvolvimento da habilidade motora, no poder de concentração, estimular o bem estar físico, a valorização dos diferentes desportos, manifestações folclóricas.” (Professor Rc 3)

“O papel da disciplina Educação Física é aperfeiçoar o corpo + (sic) a mente para uma melhor aprendizagem na instituição.” (Professor Rc 10)

No caso de nossa pesquisa, vamos nos deter a educação física escolar, que é algo muito maior que simples manutenção da saúde, socialização, desenvolvimento de práticas esportivas e folclóricas ou meramente o cumprimento da lei vigente, como define a maioria dos professores. A educação física escolar tem que ser compreendida entre os docentes tanto da área como de outras, como uma disciplina portadora e criadora de conhecimentos. Essa é, a meu ver, a maior característica da educação física, pois os conhecimentos e aplicações geradas por ela possuem um vasto campo de atuação. Vago (1999) afirma que a educação física:

[...] representa e procura constituir e praticar a escola como lugar de transmissão e produção de cultura, tempo social para uma formação humana ampla, campo de construção de uma cidadania emancipada. Os seres humanos, com suas possibilidades e carências, seus desejos e sonhos, sujeitos produtores de cultura e capazes de intervenção individual e coletiva, é que devem estar no centro das práticas escolares e, assim, do conjunto das práticas sociais (como na definição das políticas econômicas e socioculturais do país). (grifo meu) (p.9)

Nas respostas dos professores pudemos observar formas diferenciadas de ver a aplicação da educação física, classificando-a com relação à saúde e ao

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mercado de trabalho, para que com a prática eles tenham um melhor rendimento nas outras aulas ou no mercado de trabalho.

“Contribuir para formação de cidadãos conscientes, Para o aprendizado do trabalho em equipe que será fundamental para a atividade do aluno no mercado de trabalho.” ( Professor Rc 7)

“Conscientizar o aluno que ele pode levar uma vida mais saudável.” (Professor Rc 13)

Nesse sentido, Vago (1999) estrutura essa visão como um modo de atender o mercado, em um mundo capitalista e globalizado, onde a educação se encontra inserida e os interesses são moldados para atender primeiramente a economia, ficando para segundo plano os interesses educacionais, isto é, organizando currículos pedagógicos a que venha atender o mercado incluindo ou retirando disciplinas de acordo com as necessidades que o mercado apresenta, estruturando alunos para a inserção do mercado de trabalho.

Os princípios que regem o mercado – eficácia, rendimento, seleção, resultado – devem também orientar as práticas escolares, habituando e conformando alunos (as) e professores (as) a eles. É o primado de uma “pedagogia da eficiência”, a “qualidade total” em educação escolar. Legitima-se o “deus-mercado”, agora mundializado, como centro das decisões de todas as naturezas (incluindo a educação escolar), submetendo o Estado e as pessoas a seus interesses e a suas necessidades. Há que se considerar as repercussões desse confronto no corpo de crianças, adolescentes e professores (as).( VAGO, 1999, p.9)

Para dois professores, vêem a aplicação da educação física como um modo de tornar o aluno sociável durante as atividades realizadas nas aulas, para que os alunos possam frequentar as outras aulas de modo a respeitar as normas que a sociedade impõe como corretas, dentro e fora das escolas. Como podemos ver em seus relatos:

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“Acredito que seja a socialização, praticando na quadra conceitos de cidadania, como por exemplo, respeito ao próximo e espírito de equipe.” (Professor Rc 9)

“Ajuda na socialização do aluno.”( Professor Rc 19)

Cinco professores possuem a visão da educação física escolar como uma aula onde os alunos apresentam-se para pratica de exercícios com fins meramente corriqueiros, isso é, o fazer por fazer, onde as atividades realizadas não têm um fundamento científico ou um objetivo que possa desenvolver além do corpo.

“Para mim, é apenas uma oportunidade de praticarem alguma atividade física.” ( Professor Rc 2)

“ Acho a EF (sic) importante p/o (sic) desenvolvimento das habilidades físicas e motoras que é algo importante p/o (sic) adolescente.” ( Professor Rc 6)

Essa visão de que a educação física é uma mera disciplina de práticas esportiva ou de exercícios é muito impregnada na sociedade como um todo, porém essa visão só poderá ser superada através da disposição dos professores da área em mudar essa questão, Vago (1999) é bem categórico em suas palavras a respeito dessa visão:

Também é possível, ao meu juízo, identificar uso irresponsável da lei, como a descaracterização do ensino curricular de educação física, provocando o seu esvaziamento como disciplina do programa, no mesmo patamar que as demais. Exemplo disso é a sua transformação em lugar de treinamento esportivo, com desdobramento que considero danosos a seu ensino e aos alunos, e por isso merecem atenciosa reflexão. A perda da sua identidade como disciplina curricular – isto é, como portadora de um conhecimento a ser oferecido aos alunos – é o principal deles, do qual decorre seu alijamento das discussões que envolvem o conjunto das práticas escolares, que inviabiliza sua participação na formação dos alunos – torna-se um tempo para atraí-los. A educação física continuaria figurando no currículo da escola, mas desfigurada de seu caráter de área do conhecimento. (p.11)

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Um dos professores alega em sua resposta que a educação física na escola técnica é só para cumprir as exigências que a lei impõe que haja aulas.

“Parte integrante do currículo básico do ensino médio, um dos núcleos articuladores de atividade extra-classe ( sic).” (Professor Rc 4)

Com o surgimento da LDBEN foi estabelecida a obrigatoriedade da presença das aulas de educação física na Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), sendo facultativos no superior e noturno. Porém a falta de critérios para tal organização do ensino da educação física gerou interesses econômicos perante a interpretação da lei, fazendo com que a educação física ficasse em segundo plano para diminuir os custos com professores e materiais. Dados de Vago (1999) revelam que a maioria das escolas tem reduzido ao mínimo indispensável para o cumprimento da lei.

Quatro professores alegam em não conhecer a educação física aplicada na escola. Vejamos nas palavras de dois professores:

“Infelizmente o contato com os profissionais de educação física é muito pequeno. O que ñ (sic) me permite responder.”( Professor Rc 5)

“Desconheço esta atividade” ( Professor Rc 12)

Esse a meu ver é um problema grave nas escolas, pois a falta de comunicação entre as áreas (professores) defasa o entendimento das necessidades dos alunos de um modo geral. Vago (1999) relaciona a educação física a, “poder ser também tempo e lugar de investigação e problematização da história de alunos e alunas encarnados e presentes na escola”. (p.15), e isso não é reconhecido por alguns membros do corpo docente.

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Ainda perguntamos aos respondentes, se no contexto desta instituição, há um trabalho em conjunto entre os professores que atuam nas disciplinas curriculares e os professores de educação física. Essa proposta de trabalhar as áreas em conjunto requer uma disposição de todos, tanto dos professores quanto dos alunos e uma ação importante para que o resultado seja positivo é o apoio da escola, porém também com atuação junto a eles.

Nos dados obtidos entre os 19 professores, um apóia o trabalho em conjunto, mas não relata se possui um trabalho ou se já fez. Dois afirmam que há trabalhos pontuais e eventuais entre o núcleo de história e o de educação física e os outros 16 afirmam que não há nenhum trabalho desta relação na escola envolvendo as suas áreas e a educação física.

Com base na minha observação e nos dados coletados, podemos destacar um ponto principal para que não haja um trabalho desta natureza na escola, isso se dá pela falta de interesse de ambas as partes. Fica evidente que o comodismo das apresentações das aulas, tanto nas curriculares como nas de educação física se perpetuam ao longo dos anos e para que esse sistema mude, a atuação da gestão da escola junto aos professores é fundamental. As repostas dos 16 professores apontam para o descompromisso dos alunos perante a participação das aulas de educação física; não é uma cultura dos professores esse modelo de ensino; a escola não apresenta tempo hábil para desenvolver tal trabalho; as coordenações não possuem esta forma de trabalho na escola e dos 16 professores, 5 deles não sabem dizer por que não ha um trabalho em conjunto ou um direcionamento de ensino dentro dessa visão de trabalho.

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Nas palavras dos professores, podemos classificá-las em falta de interesse em superar essas barreiras que o próprio ensino possa criar no decorrer dos anos. O cotidiano escolar tem que ser um local de produzir conhecimentos de forma a sensibilizar a prática educacional.

[...] entendemos o ensino fundamental ( antigo 1º grau) como a porta de entrada para qualquer proposta mais ampla de democratização do acesso ao ensino, e que muitos problemas e questões estão encravadas neste nível de ensino, que embora seja denunciadas, estão longe de serem solucionadas. No entanto os males estruturais que afetam a sociedade brasileira e o ensino fundamental também atinge o ensino meio ( antigo 2º grau) com tanta ou maior intensidade (DARIDO et al , 1999, p.138)

Esses problemas adquiridos são decorrentes de anos de desinvestimento (MACHADO ET AL, 2010) por parte das políticas educacionais que possui objetivo de atender os interesses particulares de mercado, isto é atender todos os ramos econômicos e políticos onde a educação está integrada, que no decorrer dos anos só vem aumento, porém não podemos restringir esses problemas educacionais somente às politicas educacionais, pois quem ordena nas salas de aula a metodologia de ensino é o professor. Machado et al ( 2010) define em sua pesquisa que encontrou “uma série de conceitos que apontam o fenômeno do desinvestimento.” (p.131)

Três professores relatam sobre o ensino através da interdisciplinaridade na escola. Dois colocam que essa forma de trabalho não é realizada ou a coloca como uma meta improvável de ser atingida pela educação nesse contexto.

Não. Não existe um trabalho interdisciplinar com as outras matérias.” (Professor Rc10)

“Não. A interdisciplinaridade ainda é uma utopia! ” (Professor Rc 16)

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Um professor afirma que seria um modo de favorecer o aprendizado dos alunos, como podemos observar em suas palavras:

“Sim. Acreditamos que todo trabalho interdisciplinar favorece o aprendizado do aluno.”( Professor Rc 13)

Fica evidente que cada professor possui uma visão diferenciada da educação através da interdisciplinaridade, para isso, primeiramente vamos definir interdisciplinaridade nas palavras de Leis (2005)

A interdisciplinaridade pode ser entendida como uma condição fundamental do ensino e da pesquisa na sociedade contemporânea. [...] a interdisciplinaridade pode ser definida como um ponto de cruzamento entre atividades ( disciplinares e interdisciplinares ) com logicas diferentes. (p. 3)

Nas definições feitas por Leis (2005), podemos notar que o trecho que define o papel da interdisciplinaridade como “cruzamento entre atividades (disciplinar e interdisciplinar) com logicas diferentes”(p.2) é bem empregado, pois rebate o posicionamento dos professores em negar a aplicação dessa forma de ensino. Ainda podemos ir além, confrontando o trecho “A interdisciplinaridade pode ser entendida como uma condição fundamental do ensino e da pesquisa na sociedade contemporânea” (p.2), com a afirmação que o autor ainda também faz em sua pesquisa que durante a “época de Aristóteles e Galileu os pesquisadores de diferentes áreas se procuravam mutuamente para compartilhar seus conhecimentos”. (p.4)

Entendo que durante a época dos pensadores, o campo de atuação era menor, porém nos dias atuais temos os meios de comunicação mais modernos e

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um fluxo de acesso à informação e as pesquisas muito mais amplas que no passado.

O professor que utilizar a metodologia interdisciplinar para contribuir no desenvolvimento do aluno e na construção de conhecimento, terá que ter o cuidado com o foco apresentado para essa forma de atuar junto aos alunos, pois a educação através da interdisciplinar tem seus objetivos a serem atingidos; Leis (2005) ainda coloca sua explicação para aplicação da interdisciplinaridade “a busca pelo conhecimento não pode excluir a priori nenhum enfoque. O que interessa é o avanço do conhecimento através das diferentes manifestações”. Com isso essa aplicação tem que ser bem definida entre as áreas que irão atuar com esse processo de aprendizado, para que no decorrer da atuação do desenvolvimento educacional não venha surgir o comodismo que se estabelece em nossa educação nos dias de hoje, em sua maior parte nas áreas de mais necessidades que posso chamar de sócio-educacional-econômico, Isto é, escolas localizadas em regiões que possuem necessidades em todos os ramos que venha a afetar o desenvolvimento educacional dos alunos.

Na última questão apresentada foi perguntado aos professores se em sua percepção, essa interação entre as disciplinas ajudam/poderiam ajudar na preparação para o vestibular. As linhas de pensamentos dos 19 professores variam em relação à utilização da união das disciplinas, mas 17 deles acreditam que essa forma de desenvolver os conteúdos pode ajudar os alunos em sua formação geral, 1 professor acredita que não vai trazer beneficio algum para o desenvolvimento dos alunos, pois são disciplinas diferentes.

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“Não. Pois são disciplinas diferentes.” ( Professor Rc 17)

O outro professor não sabe dizer, só concorda que esse trabalho pode vir ajudar o aluno no desenvolvimento, pois não sabe explicar como poderia funcionaria / realizar essa forma de trabalho entre as disciplina.

“Não sei dizer. Nunca havia pensado no assunto, mas talvez sim, uma vez que sempre que há intenção entre a equipe de professores a qualidade do trabalho melhora.” (Professor Rc 14)

Esses pensamentos apontados pelos professores curriculares é um resquício da crise de identidade que a educação física vem ao longo dos tempos sendo retratada pelos docentes como propõe Paiva et al (2006) desde da década de 80, com os currículos e leis obsoletas. Assim como a maioria dos professores tiveram sua formação dentro desse período suas visões ainda são atreladas a essa época.

Ainda o autor explica que essa imagem da educação física origina-se na formação dos professores de educação física em sua graduação em licenciatura, onde ocorrem vários descasos na formação com a área da licenciatura. Como relata em dois trechos o autor:

Falta de articulação teoria e prática e unidade no processo de formação; dicotomia entre formação específica e formação pedagógica; necessidade de construção de uma sólida formação aliada ao compromisso social do professor como intelectual crítico e agente de transformação social; necessidade de políticas públicas que integrem Estado, instituições formadoras e instituições que contratam profissionais da educação; desarticulação entre a formação inicial e formação continuada; desvalorização da habilitação em licenciatura frente à habilitação em bacharelado.(p.3)

Além disso, a estreita vinculação entre Educação Física/saúde,relacionada apenas com o aspecto biológico, e Educação Física/esporte, relacionada apenas à questão da performance , tem sido, ao longo dos anos, a principal referência dos alunos que ingressam no curso. Essa referência é um dos principais entraves para

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que se possa compreendera dimensão educacional da Educação Física e suas interfaces com diferentes campos de saberes.(p.4)

Dos 17, 8 professores ainda limitam seus conhecimentos ou voltando esse trabalho para sua área de atuação ou voltando para educação física, isto é, tratam a interdisciplinaridade como um trabalho focal, onde ela trabalha cada conteúdo separadamente sem poder unir os conhecimentos de modo que juntos eles possam apresentar um desenvolver simultâneo entre o aprendizado motor e o aprendizado intelectual.

“Sim. Aproveitando temas e textos sobre esportes e saúde em espanhol.”(Professor Rc 2)

“Sim. Dinamiza a relação ensino aprendizagem, principalmente nas realizações sócio-cultural.”(Professor Rc 4)

“Sim. Desenvolvendo atividades que trabalhassem noções espaciais e temporais, psicomotricidade, lateralidade.”(Professor Rc 8)

Nunes (2002) cita Portela (1995) que identifica a utilidade da interdisciplinaridade sem limites de ação, onde não havendo barreiras que venha transpor e limitar a produção do conhecimento valorizando a cumplicidade produtiva entre as áreas de conhecimento, isso é explicado com a interdisciplinaridade deixando o papel de concorrência para uma complementaridade entre as áreas do saber.

Os outros 8 afirmam que esse trabalho ajudam os alunos de forma global.

“Sim. Essa interação ajuda numa visão mais ampla dos conteúdos, numa abordagem interdisciplinar.”(Professor Rc 3)

“Penso que o trabalho integrado com todas as disciplinas, incluindo a EF, pode contribuir p/ que o aluno tenha uma visão de mundo menos compartimentada, o que torna-se cada vez mais importante nos instrumentos de acesso ao ensino superior.”( Professor Rc 7)

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Nunes (2002) explica que a interdisciplinaridade origina se na Grécia antiga, onde os ideais da educação união se ao ponto de se confundir ensino com cultura, com “a possibilidade de formar homens integral, culto, sábio, filósofo, artista, num programa enciclopédico e interdisciplinar”. (p.250)

Outra visão apresentada refere se à forma que a escola tem que atuar junto aos alunos, tendo a escola objetivo para vida e não formando alunos para o vestibular, porém o vestibular é um dos anseios da vida da maioria dos estudantes do ensino médio. Outro ponto destacado por ele é pensar que essa forma de trabalho é vazia, pois trabalha com vários conteúdos ao mesmo tempo, a metodologia interdisciplinar é um modo de contribuir para a formação e desenvolvimento do aluno de forma dinâmica e descontraída, unindo o prazer de fazer com o conhecimento cientifico deste modelo de trabalho não veio para sanar todos os problemas que a educação possa criar, Nunes (2002) organiza que a interdisciplinaridade é “Ingressa na modernidade e chega aos dias atuais tentando juntar conhecimentos que vão se fragmentando em seus espaços especializados e disciplinares, buscando reconstruí-los de forma a superar estas fragmentações de forma compartilhada”. (p.250) O professor (Rc1) ainda retrata que a escola tem que “construir pessoas conscientes e capazes de opinar e transformar a realidade em que vivemos”.

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4.3 Percepção dos alunos

Durante a pesquisa feita na escola, também foram direcionados questionamentos aos alunos, sendo 95 alunos entrevistados entre o 1º , 2º e 3º ano.

Foram entrevistados 39 alunos do 3º ano, sendo 22 alunos do sexo feminino e 16 alunos do sexo masculino, 19 alunos do 2º ano, sendo 11 do sexo feminino e 8 do sexo masculino e 37 alunos do 1º ano do ensino médio, sendo 6 do sexo feminino e 31 do sexo masculino.

Para apresentar os dados de forma organizada, denominamos os respondentes em AR1, AR2, AR3...

Ao aplicar o primeiro questionamento aos alunos, se eles pretendiam fazer o vestibular, foram observados que todos os direcionamentos das respostas eram de que os alunos o fariam. Isso nos revela que para a maioria dos alunos mesmo os que estavam no 1º ano, o vestibular é algo de suma importância para suas vidas, pois a própria sociedade que ele vive impõe uma necessidade de um status, seja qual for, intelectual, possuindo títulos: como Médico, Engenheiro, Professor, etc. ou um status relacionados a fama dentro do seu grupo social.

Assim, a preocupação aumenta com a chegada do vestibular para os alunos do 3º ano do ensino médio, deixando as aulas de educação física em segundo plano, para estudarem visando o vestibular, pois é, através do vestibular que eles vão definir suas escolhas profissionais, porém eles disponibilizam tempo para diversão como festas, cinema entre outros entretenimentos.

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Neiva (2003), em seu trabalho busca dialogar sobre a maturidade da escolha profissional dos alunos do ensino médio, constatando que durante esse período, os alunos definem seus interesses profissionais, com isso exigindo deles a maturidade para a escolha, “considerando ser necessário à aquisição de determinados conhecimentos e o desenvolvimento de determinadas atitudes para que o jovem atinja a maturidade necessária à decisão profissional.” (p.2)

Ainda o autor, esclarece que o gênero não influencia para a maturidade de escolha profissional, porém, segundo seu instrumento para medir a maturidade de escolha profissional, o EMEP - Escala de Maturidade para a Escolha Profissional, criado por Neiva (2003), apontam que o gênero feminino busca ações responsáveis e independentes para a escolha profissional, em quanto o gênero masculino mostra um maior conhecimento com relação à realidade educativa e sócioprofissional.

Neiva (2003) define a maturidade de escolha entre os gêneros como: “Podemos fazer a hipótese de que a maturidade para a escolha profissional das mulheres seja mais reforçada pelo desenvolvimento de atitudes, enquanto que a dos rapazes o seja pela aquisição de conhecimentos.” (p.6)

Para o autor, os componentes que levam a maturidade à escolha profissional desenvolvem-se gradativamente durante o ensino médio, entre o 1º e 3º ano, “a responsabilidade e o autoconhecimento aumenta da primeira para a segunda série, enquanto que o conhecimento da realidade educativa e socioprofissional aumentam da segunda para a terceira série.” (p.6)

No segundo questionamento direcionado aos alunos, perguntou-se, o que eles achavam das aulas de Educação Física na escola. Dos 95 alunos

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entrevistados, 72 acham que as aulas são boas e 23 acham que as aulas são ruins. Os motivos que os alunos apresentaram para classificar as aulas como boas, ainda estão atrelados às praticas esportivas, manutenção da saúde, socialização, recreação. Para os alunos que consideram as aulas ruins, são pela falta de material, pela ausência dos professores e pela própria falta de comprometimento dos professores em geral com aulas.

Dos 72 alunos que acharam as aulas boas, 31 são do 3º ano, 19 do 2º ano e 29 do 1º ano. Através dos números de alunos entrevistados para o levantamento de dados, podemos verificar que a diferença entre alunos entrevistados do 3º e 1º ano de quem gostam ou não das aulas é mínima. Já os alunos do 2º ano, possuem uma diferença, porém se compararmos os anos isoladamente, a maioria dos alunos gostam das aulas de educação física que ocorrem na escola.

Nas respostas apresentadas pelos alunos do 3º ano, 5 alunos responderam que as aulas de educação física são locais de socialização. Observado nas palavras:

“São aulas que ajudam os alunos a se relacionarem melhor e às vezes controlarem suas vontades.”( AR 2)

“Boa para interação dos alunos” ( AR 14)

“São interativas e bem aplicadas.” (AR 20)

Os alunos do 2º ano não possuem uma visão da aula educação física como local de socialização, dentre as resposta só houve um caso que relatou como seria a socialização nas aulas:

“Muito instrutivas, pos ensina a ter disciplina e são legais se você é bom.”(AR 56)

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Nas palavras dos alunos do 1º ano podemos verificar 2 relatos de uma visão de interação nas aulas, isto é, aulas são momentos de socializar-se com os outros alunos.

“Muito interativas.” (AR 89)

“Animadas e interessantes .” (AR 93)

Ainda outros alunos do 3º ano, 4 veem as aulas de educação física como local de recreação, para descontrair, prazer e diversão.

“Acho que é uma forma de descontração.” (AR 3)

“Acho que é um modo muito prazeroso de exercitar o corpo.” (AR 23)

“Muito importante para, além do desenvolvimento físico e a preservação da saúde, também como um meio de disciplinar divertido.” (AR 30)

Um dos alunos do 2º ano vê as aulas como local de descontração:

“Estimulam o aluno, ajuda a tirar da monotonia.” (AR 41)

Dois alunos do 1º ano descreveram que suas aulas são momentos de descontrair dos demais “problemas” que eles possam ter dentro e fora da escola.

“ Acho um bom lugar para se descontrair.” (AR 67)

“Interessantes, e ajudam a quebrar um pouco a rotina cansativa do colégio.” ( AR 85)

Sete alunos do 3º ano, atrelaram as aulas a práticas esportivas e saúde:

“São importantes para a saúde e proporcionam melhor estar.”( AR 1)

“Muito boas para os alunos do 1º e 2º ano, para praticarem esporte, exercitar-se.” (AR 4)

“Vejo na Ed. Física como única forma de se praticar exercícios físicos na escola.” ( AR 36)

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Para 4 dos alunos do 2º ano também relacionaram as aulas de educação física como prática de esporte e saúde:

“Acho que são legais, dependendo do esporte que for praticar.”( AR 44)

“Excelente exercícios complementares para o corpo e psicológico.” (AR 52)

“Muito boas pois o exercício físico faz bem a saúde.” (AR 60)

Para 5 dos alunos do 1º ano as aulas só fazem sentido se for voltada para prática esportiva.

“Não frequento muito, mas acho elas boas. Queria que tivesse equipe de vôlei que disputo jogo pela escola.” ( AR 65)

“Futebol é legal, mas tem outros esportes que poderiam ser incluídos no E.F.” (AR 72)

“Chatas, só os treinos de handebol são legais.” ( AR 87)

Ainda 4 alunos do 3º ano relataram que as aulas são boas, porém fracas e sem aprofundamentos, de modo a não despertarem interesses nas aulas, isso ocorre pelo fato do professor não possuir um planejamento com os objetivos bem definido.

“Boas, mas fracas e sem muito aprofundamento.” ( AR 5)

“Importante mas falta motivos para se tornar interessante.” (AR16)

“Interessante, apesar de as vezes ser meio repetitivo as atividades.”( AR 39)

Para Sayão e Muniz (2004) a construção de uma educação de qualidade, começa através de um bom planejamento, onde a função é organizar a ação docente em um processo de orientação de suas ações que ocorrerá durante todo o ano e está sujeita a alterações impostas pela realidade cotidiana.

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Dois alunos do 2º ano também resumiram que as aulas não possuem um objetivo:

“São aulas legais porém sem muita utilidade.”( AR 40)

“Interessante, mas não tenho tempo para elas.” (AR 43)

Sayão e Muniz (2004) registram que um “equívoco é a falta de percepção de que o planejamento está estreitamente relacionado à dinâmica da prática cotidiana” (p.1). O processo de planejamento tem que ser simultâneo com o processo de aprendizagem, para que o ensino não se separe da realidade que é rica e mutável a cada dia.

Para 2 dos alunos do 1º ano as aulas poderiam apresentar melhores conteúdos e fizeram críticas aos recursos que também interferem no rendimento das aulas.

“Acho que deveria ter mais recursos, para tornar a aula mais dinâmica, pois sem esses recursos torna uma aula chata.” (AR 72)

“Eu acho muito interessantes porém poderia ficar melhor.” ( AR 79)

Ainda Sayão e Muniz (2004) relacionam o isolamento dos professores durante a construção do planejamento, com isso faz gerar um trabalho destacado, sem um trabalho coletivo dentro da escola de educação e de f

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