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Ensino Fundamental I

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Por:   •  2/4/2014  •  4.515 Palavras (19 Páginas)  •  397 Visualizações

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INTRODUÇÃO A interação professor/aluno é inevitável no processo de aprendizagem analisando a educação moderna e institucionalizada, olhando especialmente para a escola. Esta relação já existia mesmo antes de haver a sua sistematização, em que os aprendizes obtinham seu conhecimento com seus mestres, por meio de encontros em lugares informais. É o caso da Grécia antiga, por exemplo. Durante a Idade Média, com o desenvolvimento da humanidade, a educação se tornou institucionalizada, mas sem com isso perder o contato que os mestres e aprendizes obtiveram há séculos atrás. O contato entre professor e aluno pode tomar várias direções. Pode haver casos em que haja uma rica experiência e crescimento de ambas as partes ou poderá também ocorrer justamente o oposto, em que a relação seja algo desgastante, cansativa, forçada e sem vida. Existem vários fatores que podem interferir neste relacionamento, ajudando ou também prejudicando. Eu não pretendo abordar nesta pesquisa assuntos que perpassam a relação professor/aluno apenas. Outras questões que também são importantes como: condições precárias de trabalho, baixos salários e omissão do Estado, não serão abordados aqui. A análise é feita somente no que diz respeito diretamente às atribuições do professor e dos alunos em sala de aula. Célia Regina Haydt afirma que “É no contexto da sala de aula, no convívio diário com o professor e com os colegas, que o aluno vai paulatinamente exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes, assimilando valores” (2006, p.55).

A escola possui este caráter particular de produzir um conhecimento mais elaborado, científico. Haydt citando um texto de Georges Gusdorf afirma que a escola é “um local de encontros existenciais, da vivência das relações humanas e da veiculação e intercâmbio de valores e princípios de vida” (GUSDORF apud HAYDT, 2006, p.56). É no interior desta instituição que

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analisaremos o convívio entre professores e alunos, verificando como se dá esta relação hoje, no final da primeira década do século XXI.

Assim, esta pesquisa foi elaborada a partir do estágio em sala de aula que foi realizado durante o ano letivo de 2009, no Instituto de Educação Estadual de Londrina (IEEL), na turma 2ºG do turno matutino. No dia 12/11/2009 realizei uma entrevista com o professor da turma – Cesar Luchiari Baraldi Junior, com questões semi-estruturadas acerca do tema abordado. Apliquei também um questionário fechado para os alunos da turma 2ºG para obter maior compreensão de quem são esses alunos, com questões sobre a família, relacionamento com os pais e professores, etc1. 1. O PAPEL DO EDUCADOR

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº 9.394 de dezembro de 1996, o professor (docente) tem algumas atribuições e uma delas é “zelar pela aprendizagem dos alunos”2. Segundo Abreu e Masetto, o papel do professor desponta como sendo o de facilitador da aprendizagem de seus alunos. Seu papel não é ensinar, mas ajudar o aluno a aprender; não é transmitir informações, mas criar condições para que o aluno adquira informações; não é fazer brilhantes preleções para divulgar a cultura mas organizar estratégias para que o aluno conheça a cultura existente e crie cultura (1980, p.11). Em entrevista cedida, o professor de Sociologia do IEEL, Cesar Baraldi, compartilha da mesma idéia, ao colocar como fundamental o papel do professor de tentar traduzir ou tornar acessível esse conhecimento teórico, denso, uma discussão conceitual rígida que se faz na Universidade, tentar traduzir isso numa linguagem que os alunos possam compreender e relacionar esse conteúdo com a sua vivência diária, cotidiana, histórica (BARALDI JUNIOR, ANO, pg).

1 Alguns desses dados recolhidos foram utilizados durante a pesquisa e serão encontrados no decorrer do artigo. 2 Art. 13º, III.

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O professor tem também um papel importante na utilização de uma pedagogia que não esteja vinculada às formas mais antigas, como por exemplo, a memorização e a repetição. O professor hoje, no início do século XXI, deve ser mais que um mero animador, atraindo a atenção do aluno. Ele precisará adquirir a necessária competência para, com base nas leituras da realidade e no conhecimento dos saberes tácitos e experiências dos alunos, selecionar conteúdos, organizar situações de aprendizagem em que as interações entre aluno e conhecimento se estabeleçam de modo a desenvolver as capacidades de leitura e interpretação do texto e da realidade, comunicação, análise, síntese, crítica, criação, trabalho em equipe, e assim por diante. Enfim, ele deverá promover situações para que seus alunos transitem do senso comum para o comportamento científico (KUENZER, 1999, p.6 – grifo nosso). Paulo Freire (1997) afirma que não há como exercer a prática docente de forma neutra. Pelo contrário, o professor deve assumir uma posição política, mas sem contudo, usar de autoritarismo, impondo suas opções de maneira arbitrária aos seus educandos. Antes, envolve uma postura ética e democrática, deixando seus alunos conhecedores de outras perspectivas, além de reconhecer que seus alunos possuem o direito de assumir posturas, ter opiniões, diferentes das suas. A natureza formadora da docência, que não poderia reduzir-se a puro processo técnico e mecânico de transferir conhecimento, enfatiza a exigência ético-democrática do respeito ao pensamento, aos gostos, aos receios, aos desejos, à curiosidade dos educandos. Respeito, contudo, que não pode eximir o educador, enquanto autoridade, de exercer o direito de ter o dever de estabelecer limites, de propor tarefas, de cobrar a execução das mesmas. Limites sem os quais as liberdades correm o risco de perder-se em licenciosidade, da mesma forma como, sem limites, a autoridade se extravia e vira autoritarismo (FREIRE, ANO, p.39).

O uso da linguagem é também um fator em que o professor precisa estar atento para que possa haver uma boa compreensão por parte dos alunos em sala de aula. Pierre Bourdieu, falando sobre a escola que normalmente se caracteriza com a função de conservação social, critica os professores que preferem utilizar uma linguagem tradicional, nos moldes universitários, partindo da hipótese de que existe “entre o ensinante e o ensinado, uma comunidade

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lingüística e de cultura, uma cumplicidade prévia nos valores, o que só ocorre quando o sistema escolar está lidando com seus próprios herdeiros” (NOGUEIRA; CATANI, 1999, p.55, 56). De acordo com o professor Cesar Baraldi em seu depoimento, ele busca preparar as aulas se colocando no lugar do aluno, procurando palavras e formas

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