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Fichamento Da Cultura Do Corpo

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Por:   •  10/3/2015  •  2.410 Palavras (10 Páginas)  •  504 Visualizações

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ricochete (Wegner, 1994), ou seja, a estratégia de supressão que ao mesmo tempo é uma tentativa de frear o pensamento estereotipado, também estimula o indivíduo a acessá-lo mais vezes. Por este motivo a autora questiona se é possível de fato controlar o uso dos estereótipos e erros perceptuais que estão associados aos mesmos.

Sobre as consequências da supressão dos estereótipos a autora salienta que esses pensamentos ao serem suprimidos retornam à consciência e têm impacto nas avaliações e nos comportamentos dos indivíduos em relação aos grupos. Uma segunda consequência é sobre a supressão espontânea do estereótipo. Tentativas de supressão induzidas pela situação podem aumentar a consciência das normas culturais contra a estereotipização e o preconceito através de pistas situacionais, e assim, estimular esforços espontâneos de supressão dos estereótipos. No que tange a consequências na memória, Bernardes evidencia que a supressão do pensamento estereotípico requer maior atenção, gastando uma quantidade significativa de recursos.

Nos argumentos apresentados pela autora percebe-se que a supressão pode levar a resultados indesejados como a maior acessibilidade ao pensamento que se quer suprimir. No entanto, ela nos apresenta outro grupo de autores que defendem a possibilidade de suprimir esses pensamentos sem o efeito ricochete. Ela foca em elementos que podem moderar esse efeito após a supressão dos estereótipos. Um deles é a mediação da atitude pessoal no efeito que a supressão exerce na acessibilidade ao estereótipo. Pessoas com crenças de que não aceitam estereótipos e preconceitos evitam estereotipizar os outros porque elas acreditam que os estereótipos vão contra suas crenças de justiça e igualdade. O segundo elemento são os objetivos de processamento que podem contribuir para o indivíduo não aplicá-los.

A autora aponta alguns fatores que permitem explicar porque motivo indivíduos com baixo preconceito são capazes de evitar sua ativação. Nessas pessoas há probabilidade de não chegar a ocorrer, assim o efeito ricochete será totalmente evitado. Outra possibilidade é que os estereótipos sejam brevemente ativados, e posteriormente, elas sejam eficazes em suprimi-los, não se verificando tal efeito. Outro fator seria a motivação para inibir os estereótipos. Apesar de indivíduos com baixo preconceito terem sucesso a evitar o efeito ricochete, um aspecto importante a considerar na motivação é a distinção entre interna e externa. Quando a motivação é interna para controlar o preconceito, a discrepância com as crenças pessoais leva a sentimentos de culpa e auto recriminação. Quando a motivação é externa, a discrepância leva a sentimentos de ameaça e medo. Quanto mais baixo o nível de preconceito mais forte é a motivação interna para controlar o preconceito. As normas sociais salientes também podem servir como uma fonte reguladora de motivação externa para diminuir os estereótipos após o período de supressão.

Além destes fatores citados anteriormente a autora apresenta estratégias alternativas à supressão do estereótipo. Ela argumenta que indivíduos com baixo nível de preconceito podem recorrer a outras estratégias de controle dos pensamentos para evitar o efeito ricochete, as quais seriam:

a) a substituição do pensamento estereotipado: mais do que suprimir os pensamentos indesejados esses pensamentos podem ser substituídos por crenças igualitárias. A disponibilidade de pensamentos substitutos previne a ocorrência do efeito ricochete. No caso das pessoas com alto preconceito suas crenças pessoais são fortemente estereotípicas ficam sem pensamentos disponíveis que possam substituir os pensamentos intrusivos.

b) a individuação do alvo: pessoas com baixo preconceito podem procurar informações individuais sobre o alvo e formar impressões com base nessas informações.

Em relação ao segundo elemento citado anteriormente (os objetivos de processamento do indivíduo) indivíduos que têm como objetivo consciente não estereotipizar podem tentar criar outro estado mental e não suprimir o existente. Por exemplo, ao invés de tentar suprimir os estereótipos, eles poderiam adotar pensamentos mais justos com relações igualitárias. Esta estratégia leva o estado de monitorização a procurar pensamentos que não são consistentes com o estado mental reduzindo o efeito irônico.

Através das reflexões de Bernardes há possibilidade de pensar que as pessoas têm determinados conhecimentos sobre os grupos sociais que são considerados ao percebê-los. O problema é que essa informação estereotipa pode enviesar as percepções sociais e causar sérios danos às relações sociais. Desse modo a importância de fazer o controle das respostas estereotipadas reside no fato de que as injustiças sociais que resultam da ativação e uso desses estereótipos podem ser evitadas. Embora a autora afirme através de sua revisão que a supressão poder ser uma estratégia pouco eficaz de auto-regelação devido aos seus efeitos irônicos, ainda sim é necessário uma quantidade maior de estudos sobre a mesma já que é um fenômeno complexo que pode ser influenciado por vários fatores como os motivacionais.

A forma de fazer este controle é importante para que seus efeitos a curto e longo prazo possam ser positivos nos contextos sociais. Uma alternativa que a autora traz em suas reflexões é dizer “não” ao estereótipo substituindo os pensamentos estereotipados ou criando outros estados mentais para transformar a informação existente em algo que não prejudique os grupos e seus membros e assim promover relações mais igualitárias. Mas, independente das estratégias o ação de controlar estereótipos e preconceito é um processo necessário, árduo que requer motivação, consciência e recursos cognitivos.

Referência: Bernardes, D. L. G. (2003). Dizer <<não>> aos estereótipos sociais: As ironias do controlo mental. Análise Psicológica, 3, 307-321.

RESUMO

Nos últimos anos testemunhamos ao desenvolvimento de uma gama de estudos genéticos que culminaram, por parte de quase todos os biólogos, sociólogos e antropólogos, na rejeição do conceito de raça na espécie humana. Porém, e contra as expectativas da Antropologia, o ethnoscontinua a mover correntes e a divisão entre o “eu/nós” e os “outros” tornou-se cada vez mais evidente. De fato, o repúdio dos grupos racizados não se faz coetaneamente em nome de uma postulada desigualdade biológica, mas sim em nome da dessemelhança cultural, encarada como produtora de incomensurabilidades dos sistemas culturais, em que os membros de culturas diferentes vivem em mundos morais distintos. Este neo-racismo, ou “racismo cultural” incorpora uma lógica diferencialista

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