MECANISMOS DE DEFORMAÇÃO EM MINERAIS FORMADORES DE ROCHA AO LONGO DE UM GRADIENTE DEFORMACIONAL, EXEMPLO DA ZONA DE CISALHAMENTO ÁGUA RICA, NA REGIÃO DE INDIAVAÍ, SW DO ESTADO DE MATO GROSSO

As zonas de cisalhamento são feições estruturais de grande importância por concentrarem deformação, influenciando a evolução de diversos fenômenos geológicos. Em geral, rochas afetadas por zonas de cisalhamento exibem diferentes tipos de comportamento, isto ocorre devido cada mineral apresentar diferentes propriedades quando expostos a variações de deformação e metamorfismo. Considerando isto, o propósito deste trabalho é caracterizar as modificações que ocorrem nos principais minerais do Granito Indiavaí, localizado no SW do Cráton Amazônico, no Estado de Mato Grosso. Foram descritas transformações ocorridas nos seguintes minerais: quartzo, plagioclásio, K-feldspato e biotita, ao longo de um gradiente deformacional que contempla granito com: deformação incipiente, protomiloníticos e miloníticos. Estes minerais preservam feições rúpteis e dúcteis, conforme aumenta a deformação. O quartzo, nas rochas com deformação incipiente apresenta leve extinção ondulante, os contatos são interlobados e recristalização nas bordas dos cristais. Nas rochas protomiloníticas, apresentam extinção ondulante proeminente, texturas bulging, gráfica e mimerquítica e contatos interlobados. Apresentam alto índice de recristalização, denotada por matriz fina e orientada. Os porfiroclastos tornam-se agregados monominerálicos orientados e poucos destacados em relação a matriz. Nas rochas miloníticas apresenta lamelas de deformação e textura bulging bem definida. O quartzo da matriz é muito fino e fortemente orientado. Os porfiroclastos formam ribbons orientados. O plagioclásio nas rochas com deformação incipiente apresenta-se zonado, com leve extinção ondulante, contatos retos por vezes interlobados e com intenso processo de sericitização. Nas rochas protomiloníticas, o plagioclásio apresenta macla polissintética deformada, extinção ondulante, contatos interlobados e processos proeminentes de sericitização. Nas rochas miloníticas há um decréscimo considerável do plaglioclásio primário, pouco observado. O K-feldspato apresenta na deformação incipiente leve extinção ondulante, e textura pertítica em chamas. Nas rochas protomiloníticas, observa-se textura pertítica proeminente, extinção ondulante e textura micrográfica nas bordas de alguns cristais, que são comumente fraturados. Os porfiroclastos estão orientados juntamente com os cristais da matriz. Nas rochas miloníticas, apresentam uma forte extinção ondulante, formação de textura bulging, nas bordas de alguns cristais, textura pertítica a mesopertítica e microfalhas. Os porfiroclastos estão orientados, fortemente fraturados e em alguns são bons indicadores cinemáticos. A matriz apresenta grãos recristalizados deste mineral. A biotita nas rochas de deformação incipiente é primária e na maioria das vezes secundária, provavelmente produtos de transformação dos anfibólios. Exibe contatos interlobados, com extinção ondulante, estando associada aos minerais opacos e titanita. Alguns exemplares apresentam textura sagenítica. Nas rochas protomíloníticas, a biotita ocorre somente na matriz. Diminuem consideravelmente de tamanho e juntamente com o quartzo recristalizado, definem a foliação. Nas rochas miloníticas, a biotita ocorre em tamanho e porcentagem muito reduzida, sendo substituída pela muscovita. A partir destes e outros fatores estimou-se que a temperatura de deformação e metamorfismo foi entre 400°-600°C,

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