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Malu Fabiano

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Por:   •  1/11/2013  •  2.593 Palavras (11 Páginas)  •  202 Visualizações

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O dom, a ginga, as estratégias de jogo, as cifras e a violência no futebol

MANUEL ALVES FILHO

Daqui a poucos dias, mais precisamente em 9 de junho, terá início a Copa do Mundo, evento mais importante do futebol. A competição, que ocorre a cada quatro anos, movimenta cifras impressionantes, além de mexer com a rotina de centenas de milhões de pessoas em todo o planeta. No Brasil, país onde o esporte merece a predileção da população, está tudo pronto para que os torcedores acompanhem a trajetória da seleção em busca do hexacampeonato. Ruas e casas estão sendo enfeitadas e empresas e instituições já definiram expedientes reduzidos. Só resta agora esperar que o time dirigido pelo técnico Carlos Alberto Parreira confirme o favoritismo e conquiste mais uma vez a taça. Aproveitando o clima proporcionado pelo Mundial, o Jornal da Unicamp reserva nesta edição um espaço privilegiado ao futebol, tema que tem merecido cada vez mais atenção por parte da academia. Nos textos que seguem, três pesquisadores e um especialista em marketing esportivo falam sobre questões relacionadas à modalidade, como estratégia de jogo, violência, dom e ginga. Com a bola, o leitor. O desafio de controlar a violência Quando a seleção brasileira iniciar a disputa da Copa do Mundo, no dia 13 de junho, diante da Croácia, os principais dirigentes do futebol brasileiro e as autoridades do Planalto terão os olhos na Alemanha e os pensamentos em 2014, ano em que o Brasil pretende sediar a competição. Mas para que ganhe o direito de organizar o Mundial, o país terá que cumprir diversas exigências impostas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), entre elas dotar os estádios nacionais de infra-estrutura adequada. Outro ponto igualmente importante será controlar a violência, especialmente aquela relacionada ao esporte. “A violência constitui um sério impedimento à pretensão do Brasil de organizar a Copa”, reconhece Marco Aurelio Klein, coordenador-executivo da Comissão Paz no Esporte, criada pelos ministérios do Esporte e Justiça para propor soluções ao problema.

No último dia 4 de maio, Klein, que é especialista em marketing esportivo e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ministrou palestra na Unicamp a convite do Grupo de Estudos sobre o Futebol (GEF) da Faculdade de Educação Física (FEF). Na oportunidade, ele apresentou os resultados do primeiro ano de atividades da Comissão. Nesse período, segundo ele, foram ouvidos representantes de diversos segmentos ligados direta ou indiretamente ao futebol. O objetivo da iniciativa foi tomar contato com as diferentes visões sobre o problema da violência relacionada ao esporte e colher contribuições para o enfrentamento do problema. De modo geral, ficou constatado que a situação é grave e apresenta múltiplas dimensões.

Feito o diagnóstico, a Comissão partirá agora para a segunda etapa do trabalho, que consistirá na criação de grupos de estudo para sugerir mudanças na legislação e definir meios para a obtenção

de receitas que permitam a execução de projetos voltados à ampliação da segurança nos estádios e no seu entorno. De acordo com Klein, o combate à violência relacionada com o futebol é fundamental para o desenvolvimento do esporte nacional e indispensável para um país que deseja sediar a Copa do Mundo da modalidade em 2014. Na avaliação dele, embora o problema seja complexo e de difícil solução, o Brasil tem condições de enfrentá-lo. Baseado na experiência da Inglaterra, que adotou variadas medidas para combater o hooliganismo, ele defende a idéia segundo a qual a partida de futebol deve ser encarada como um espetáculo, a exemplo do que acontece com um show musical. Dessa forma, o espaço [estádio] destinado ao evento precisa oferecer conforto, segurança e higiene aos consumidores [torcedores]. Ou seja, exatamente o contrário do que acontece atualmente.

Além disso, prossegue Klein, é necessário estabelecer mecanismos operacionais e legais que permitam a identificação e punição dos torcedores que cometem atos violentos no interior ou nas proximidades das arenas esportivas. “Temos que aperfeiçoar a legislação, incentivar o trabalho de inteligência das polícias, dotar os estádios com câmeras e profissionalizar as pessoas que mantêm contato com a torcida. Evidentemente, isso tem que ser implementado aos poucos, possivelmente por meio de projetos-piloto. Conforme as experiências forem dando certo, bastará sistematizá-las e estendê-las para outros pontos. Em um dado momento, os ingleses tinham problemas muito parecidos com os nossos. Se eles conseguiram resolvê-los, nós também podemos”, prevê.

Saldo dos confrontos – Conforme os dados apresentados pelo coordenador-executivo da Comissão Paz no Esporte, entre 1995 e 2006 os confrontos entre torcedores deixaram um saldo de 22 mortos e 107 feridos. Pesquisa feita em conjunto pelo jornal Lance e pelo Ibope revela que 79% dos fãs de futebol apontam a violência como a principal causa do seu afastamento dos estádios. Outros 14% disseram que o motivo é a falta de conforto. Atualmente, a taxa média de ocupação das arenas esportivas no país é de 20% durante do Campeonato Brasileiro. No Campeonato Espanhol, esse índice atinge 78%. “Se atacarmos essas questões com eficiência e inteligência, penso que poderemos ampliar as receitas dos times nacionais em R$ 80 milhões num primeiro momento, sem promover qualquer aumento no preço dos ingressos”, projeta Klein.

Para controlar a violência associada ao futebol, na opinião do coordenador-executivo da Comissão Paz no Esporte, não é preciso acabar com as torcidas organizadas, como defendem algumas correntes. Ele lembra que são essas agremiações de torcedores que ajudam a dar beleza e emoção ao jogo. Apenas para se ter uma idéia, o Corinthians tem atualmente apenas 2,8 mil associados. Já a Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do time, conta com 60 mil sócios. “As organizadas não são a causa da violência, mas a conseqüência de um conjunto de fatores. O que precisamos fazer é utilizar meios eficientes de identificar e punir o torcedor violento”, insiste.

Tolerância zero – Klein defende a adoção do conceito de tolerância zero em relação aos fãs de futebol que promovem brigas ou atos de vandalismo no interior e imediação dos estádios. Para justificar sua posição, ele cita a “teoria da janela quebrada”, que sentencia que se o responsável pela destruição de uma simples janela não for punido e a peça não for consertada imediatamente, a falta de providência incentivará novos e, possivelmente, piores ataques. O coordenador-executivo da Comissão paz no Esporte participou do ciclo de palestras promovido pelo GEF, que tem coordenação da professora

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