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Minha Historia

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Por:   •  19/10/2014  •  10.405 Palavras (42 Páginas)  •  183 Visualizações

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Varando lentamente a neblina que envolvia o rio Tamisa, o Palias Athene, majestoso navio para milionários em férias, iniciou seu cruzeiro de sonho, navegando em direção ao alto-mar... Debruçada sobre a amurada, Cristie via os contornos de sua terra sumirem dentro da bruma, quando uma força estranha atraiu seu pensamento. Voltou-se e, entre os passageiros, viu um homem fascinante sorrindo para ela. Foi como amor à primeira vista! Cristie soube nesse momento que o desconhecido lhe prometia todas as maravilhosas delícias do amor, mas também muito, muito perigo!

Capítulo I

Naquela manhã do dia oito de abril, um nevoeiro espalhou-se pela baixada do rio Tamisa. A neblina elevava-se até as pontas mais altas dos guindastes das docas e caía ao redor, rarefeita, como se fosse uma saia feita de tênues teias de aranha. No canto dessa teia aparecia, todo branco e reluzente, o S.S. Pallas Athene, um navio turístico para milionários. Era nesse navio da companhia de navegação Gold Star que eu ia trabalhar.

Um dos passageiros não tirava os olhos de mim. Estava junto de sua tia, uma velha senhora. Eu tentei decifrar a etiqueta das malas da tia. Se minha vista e a escrita cheia de rococós não estavam falhando, ela era a condessa D’Albi e, junto com o sobrinho, deveria ocupar a suíte número três do deck A.

O sobrinho se dirigiu a mim, enquanto esperávamos no cais.

— Acho que um navio tem algo de misterioso e excitante... — disse ele — Seu inglês tinha apenas um ligeiro sotaque. Podia ser italiano ou francês, não dava para distinguir bem.

Notando que eu estava prestando atenção na tia, o sobrinho aproveitou para fazer as apresentações.

— Podemos nos apresentar? Minha tia, a condessa D’Albi.

A velha senhora estendeu uma minúscula mão repleta de anéis, quase à altura de meu rosto, fazendo com que eu me sentisse na obrigação de beijar sua mão, em vez de apertá-la simplesmente.

— Acho que vamos ter uma viagem agradável e um tempo ameno — disse eu com delicadeza.

Ela nem sequer esboçou um sorriso. Penso que uma das razões era evitar que a pesada maquilagem desmoronasse. Até seus enormes olhos empapuçados, que não necessitavam de qualquer realce, eram circundados por uma espessa camada de sombra, dando-lhe a aparência daqueles ursinhos panda.

— Espero que o mar se mantenha calmo. Sofro de enjôos desde o momento em que piso no convés — explicou a velha senhora.

O sobrinho sorriu-lhe com indulgência, em seguida inclinou-se em minha direção.

— Meu nome é Paul Vansini.

Ao contrário de sua tia, tinha um aperto de mão firme e decidido. Ficou segurando minha mão por um tempo que seria considerado exagerado pela maioria dos homens ingleses.

— Como vai, Sr. Vansini? — respondi — Eu me chamo... — Mas a tia interrompeu-me, sibilando uma admoestação.

— Conde Vansini, por favor!

O rapaz deu uma risada de pouco caso.

— O que é isso! Insisto que me chame somente de Paul. Isso faz com que eu me sinta mais à vontade, como em minha própria casa, na minha querida Inglaterra!

Não me pareceu o momento mais oportuno de explicar-lhe que, tanto a companhia de navegação em geral, como o capitão Doubleday, comandante do Pallas Athene, em particular, detestavam que os passageiros e as recepcionistas se tratassem pelos nomes de batismo. Portanto, resolvi continuar apresentando-me.

— Oh, mas não vai ser preciso apresentar-se — disse Paul Vansini. — Posso ler no seu crachá. Você é a Srta. C. Cummings e pertence à tripulação do navio. Tudo muito fácil e evidente.

— Realmente, foi fácil — Dei um sorriso.

— E o que significa esse C?

Eu encabulei. Desde que me conheço por gente, meu primeiro nome sempre me causou embaraços. Meu pai era um fanático por poesia clássica e, infelizmente, grande admirador do poeta Coleridge.

— Cristabel — respondi, à espera da reação.

— Cristabel — ele acentuou as últimas sílabas. — Lindo! Que nome mais charmoso! E como lhe cai bem! — Com voz macia, ele identificou a personagem. — A graciosa lady Cristabel.

Da mesma forma que seu aperto de mão, seus olhos demoraram-se sobre os meus, um pouco mais do que o conveniente.

— Presumo que seus amigos a chamem de Cris, não é verdade?

— Às vezes. A maioria me chama de Cristie. Aliás, é como me tratam em casa.

— Então, para mim, você também será Cristie. Naturalmente, você não é o capitão do navio. E mesmo os fleumáticos ingleses não permitiriam que uma jovem como você fosse marinheiro. Bem... Você também não é suficientemente anti-séptica e emproada para ser uma enfermeira. E também é elegante demais para uma simples camareira... — Fez uma ligeira pausa. — Portanto, só sobrou que você é nossa recepcionista social. Esta é a resposta correta, não é mesmo?

Dei um sorrisinho, sem me deixar impressionar.

— Foi muito sagaz. Como adivinhou?

— Como já lhe disse. Por eliminação e por dedução.

— Eu poderia ser comissária de bordo, ou então, cabeleireira, ou ainda, pajem das crianças...

Mas ele não me deixou continuar.

— Não, você não poderia ser nada disso.

Em seguida, começou a fazer-me perguntas. Quis saber se eu fizera outras viagens e para que partes do mundo. Mas quando esclareci que aquela era minha primeira experiência em matéria de viagens, comentou:

— Então, você vai precisar de ajuda. Pelo menos até se sentir segura. Minha tia já foi a rainha das festas, Antes de estabelecer-se na Inglaterra, era conhecida como uma das mais famosas anfitriãs de Milão. Suas recepções eram comentadas mundialmente. Eu também tenho muita prática em divertimentos, na minha modesta carreira de homem solteiro.

Tal como a tia, ele tinha o dom de dar um destaque especial a certas palavras, nas frases que emitia. A palavra solteiro, por exemplo.

— Precisamos combinar para promovermos juntos alguns bailes e reuniões,

...

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