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O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Por:   •  17/9/2019  •  Ensaio  •  7.346 Palavras (30 Páginas)  •  64 Visualizações

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O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Sairam faíscas no fogo quando o homem mexeu na fogueira, puxou o capuz mais para frente e fixou o olhar nas chamas, seus pés estavam visivelmente feridos e o que explicava o motivo pelo qual mancava. Manteve seu rosto e seu corpo a todo tempo coberto pela túnica suja que usava para se cobrir, era possível ainda ver, pequenos traços que revelavam um homem de meia idade que possivelmente passara a vida toda trabalhando de mais e acabou por envelhecer mais depressa, por vezes escapava um pouco de uma barba longa e branca, era bastante alto e forte para idade, dizia ter vindo para as celebrações dos sete selos como convidado do próprio rei, apareceu cambaleando pela floresta e a primeira vista, os homens pensaram se tratar de algum ladrão, depois disso, pelas vestimentas  e a forma como andava, uma vitima de ladrões, após a apresentação, mesmo que misteriosa e nada esclarecedora, ele se ofereceu para contar uma estória em troca de um pouco de vinho e o conforto da fogueira. Concluímos que se tratava de um louco, “Sente-se homem, se aqueça.” Disse um dos soldados, após as declarações ninguém o levou a sério e acharam que uma estória ajudaria a passar o tempo e a esquecerem um pouco do frio, mas ainda sim mantiveram suas armas bem próximas de seus corpos, preparados para caso algo acontecesse.

Todos estavam em volta da fogueira, tentando tirar o máximo de proveito do fogo, aquela noite estava sendo uma das mais frias dos últimos dias, uma nevoa densa se formara, deixando uma atmosfera desoladora, e tudo estava incrivelmente silencioso, os únicos sons que se sobressaltavam era o crepitar do fogo na lareira e voz do contador de histórias, baixa e forte que ecoava na escuridão da floresta.

“A história que estou prestes a contar, é sobre aqueles que nós chamamos de deuses, ouçam com atenção meus amigos, pois esta não é a mesma história que ouviram por toda vida nas capelas e nos braços de suas mães, essa é a verdadeira história... Eles vieram do céu, de cidades douradas e campos de cores que brilham a luz de vários astros, lagos de águas cristalinas banhavam as encostas de palácios reluzentes e lá residiram por eras. Brigas e disputas entre si levaram suas cidades a ruina, até quase todos serem dizimados, não havia mais como a vida se sustentar naquele lugar, os que restaram desceram até nossa terra e firmaram residência. Duas tribos.  Uma era liderada por Siisi, a deusa da criação, decidida a recriar seu mundo e mais, todos a seguiam e seu poder e sabedoria eram imensuráveis, e de outro lado Miido, um destemido e cruel capitão de mil batalhas, as estrelas se curvavam quando ele erguia-se com seus exércitos em temor. Eles eram grandes, belos e seus olhos brilhavam como as estrelas, aparentavam caminhar por sobre o firmamento e toda sua glória banhava a terra com luz e vida. Siisi e Miido se uniram em matrimônio para garantir a união de suas tribos e mantê-se vivos, aqui embaixo, os povos gigantes pareciam não conseguir sobreviver com a materialidade desse plano e aos poucos foram morrendo. Ora, Siisa deu a luz a vários filhos deuses, fruto da copulação divina com Miido, e a medida que cresciam essas criança ganhavam autoridades místicas sobre o mundo. Eram eles Niillesh, era a encarregada das águas e por controlá-las, Piigral, o filho mais velho, ficou encarregado do fogo, sua irmã Hiiera tomou a responsabilidade de velar pela terra e sua prosperidade, Eiiron um dos mais jovens controlava os ventos e o ar, e ainda tinha a mais nova e bela, Hiimah, quando atingiu idade não havia elementos para domar, então assumiu as artes e os prazeres para gerir, criava poemas e belas canções e tocava a beira dos rios ou galopando pelos ares com seus irmãos em carruagens de fogo. E não havia lugar neste mundo que fosse desconhecido para os deuses.

A grande deusa Siisi, ergueu-se de seu trono, e certa vez começou a criar formas e a envolve-las com um sopro da energia de seu próprio espirito e seus filhos a presentearam com suas energias vitais, gerando vida a essas formas. Niillesh deu a sua mãe a energia das águas, e assim os elfos foram criados, Piigral entregou a sua mãe a energia do fogo na segunda forma, e assim surgiram os primeiros orcs a caminharem por este mundo. Empolgada com suas criações, Siisi continuou a visitar seus filhos e pedir um pouco de suas energias, Hiiera colocou a energia da terra na terceira forma nasceram os anões, por sua vez Eiiron, entregou a energia dos ares e meio desengonçada surgira as harpias, livres e belas cortavam os ares em uma dança divina. E todos se maravilharam com as realizações de Siisi e seus filhos, e a idolatravam por isso.

Há muito tempo que os deuses viviam em paz e nada satisfazia Miido, que brandia seu martela de guerra contra os ares, por vezes desejando uma grande batalha novamente, afinal ele era o deus da destruição e a única coisa que presenciava era a criação, e embebido de inveja pela glória de sua amada, decidiu ele mesmo criar uma forma de vida para que mais uma vez ele fosse glorificado com em tempos passados. Recolhendo restos de poeira cósmica e raízes mortas, ele modelou uma criatura a sua própria imagem e semelhança, pegando com cuidado correu até sua filha Niilesh e disse-lhe, demando que insira a energia das águas nesta forma, surpresa com a atitude de seu pai, ela questionou o motivo pelo qual ele queria fazer isso. “Não cobice o trabalho que não lhe pertence, criar é de autoridade de minha mãe, a grande Siisi, uma criatura feita pelas mãos do deus da destruição só trará desastre e tristeza ao nosso mundo”, demandou mais uma vezes autoridade e esboçou alguma bajulação, e não querendo desobedecer a seu pai a deusa das águas consentiu com o pedido, mas alertou: “A energia das águas já foi dada e não pode ser dada novamente, posso lhe dar o que restou...” e ela tirou do meio de suas costelas a energia da água parada e morta, Miido aceitou de bom grado, mas ainda assim acreditou que aquilo não era o suficiente para gerar uma forma de vida que se igualasse a sua superioridade e magnitude, ele queria mais. Arrastou-se sorrateiro até seu filho e disse, “Veja meu filho, eu mesmo criei essa forma a minha imagem e semelhança, ajude-me a dár-lhe vida”, mais uma vez Miido foi alertado sobre as consequências de um deus da destruição criar formas de vida, mas ainda assim era um pedido de seu pai e não poderia negar, mas toda a força e vitalidade do fogo vivo, já tinha sido entregue a sua mãe, e o que pode ofertar a seu pai, foi uma energia do fogo fraco e ele aceitou de bom grado. Ainda assim, não estava satisfeito, ele queria mais, sua esposa criara uma criatura com apenas um tipo de energia, a sua teria todas. Foi então de encontro de Hiiera, que com lágrimas nos olhos implorou para que ele não o fizesse, mas ainda assim lhe deu a energia da terra estéril e contaminada, e ele aceitou. Por sua vez Eiiron, deu a seu pai a energia dos ventos selvagens e violentos. Hiimah, quando soube o que seu pai estava fazendo, escondeu-se por dias em densas florestas e montanhas distantes, não queria ter q entregar o espirito das artes e dos prazeres para dar a vida a criatura de seu pai, por fim, Miido a encontrou e pediu, implorou e por fim demandou, contrariada, deu a seu pai a energia da luxúria e da ignorância.

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