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Por:   •  17/9/2013  •  1.315 Palavras (6 Páginas)  •  323 Visualizações

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"[...] engloba uma análise do texto e do discurso e uma discrição da língua e visão da sociedade, e ainda tenta responder a questões de natureza sociocultural no uso da língua de maneira geral. O trato dos gêneros diz respeito ao trato da língua em seu cotidiano nas mais diversas formas. [...] podemos dizer que os gêneros são uma “forma de ação social”. (MARCUSCHI: 2008)

Antes de partirmos para uma definição do que chamamos de gênero textual (discursivo) devemos primeiramente entender a noção de gênero que, segundo estudiosos, é o mesmo que entender a própria noção de língua.

Para Mikhail Bakhtin a incalculável diversidade linguística se estratifica em diferentes formas, mais ou menos estáveis, as quais podemos chamar de gêneros, isto é, manifestações da língua tipificadas por características formais recorrentes e correlacionadas a diferentes atividades sociais. Assim também a escrita se estratifica em gêneros, uma forma convencional da linguagem, à qual atribuímos algum papel social, algum valor, alguma função.

Temos então a noção do que é gênero e de sua vitalidade para a comunicação. Nós nos comunicamos, falamos e escrevemos em gêneros, ou seja, não aprendemos a língua, mas alguns gêneros da língua. Assim que passamos a fazer uso da língua, da fala, passamos a fazer uso da estrutura da linguagem, ou seja, dos diversificados gêneros linguísticos.

Antes de ser alfabetizada, a criança já é letrada, pois faz uso da linguagem para se comunicar e a conhece em sua estruturação, mesmo sem a noção teórica dos gêneros discursivos. Sobre a nossa atividade comunicativa e, portanto, a constituição dos gêneros, Bakhtin afirma que:

Para falar, utilizamo-nos sempre dos gêneros do discurso, em outras palavras, todos os nossos enunciados dispõem de uma forma padrão e relativamente estável de estruturação de um modo. Possuímos um rico repertório dos gêneros do discurso orais (e escrito). Na prática, usamo-los com segurança e destreza, mas podemos ignorar totalmente a sua existência teórica [...]

Podemos agora definir e caracterizar o gênero textual. Na perspectiva bakhtiniana os gêneros textuais possuem uma forma de composição, um conteúdo temático e um propósito comunicativo. Em outras palavras, o gênero textual se define por determina características de estruturação textual, forma, linguagem, tamanho e conteúdo e também, ou principalmente, pela sua função ou fim específico.

Como os gêneros textuais são respaldados nas práticas sociais, na dinâmica da vida social e cultural, eles podem sofrer variações em suas unidades temáticas, forma composicional e estilo. Não são, os gêneros textuais, conforme afirma Ingedore Koch, instrumentos rígidos e estanques.

Marcuschi não só concorda com a flexibilidade dos gêneros textuais como alerta para a proliferação de gêneros novos dentro de novas tecnologias, particularmente na mídia eletrônica. A esses novos gêneros, Marcuschi denomina gêneros emergentes (MARCUSCHI, 2008:198). Embora muitos desses gêneros emergentes não sejam novos, uma vez que constituem uma modificação ou adaptação dos gêneros existentes aos novos meios (suportes) e novos tempos, com a internet, muitos novos gêneros estão surgindo sim .

Segundo David Crystal, em seu livro “A Linguagem e a Internet”, a internet transmuta de maneira bastante radical gêneros existentes e desenvolve alguns realmente novos. A internet, podemos dizer, é parte do que os teóricos denominam suporte de gêneros textuais, ao qual Marcuschi dá a sua definição:

Entendemos aqui como suporte de um gênero um lócus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. Pode-se dizer que suporte de um gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra o texto. Essa idéia comporta três aspectos: a) suporte é um lugar; b) suporte tem formato específico; c) suporte serve para fixar e mostrar o texto .

A este fenômeno digital - os gêneros emergentes, podemos associar o exemplo dos gêneros apontados como primários e secundários. Devido à extrema heterogeneidade dos gêneros do discurso, resultado da infinidade de relações sociais que se apresentam na vida humana, Bakhtin optou por dividir os gêneros em dois tipos: Gênero Primário (simples) e Gênero Secundário (complexo). A heterogeneidade lingüística é o que determina a subdivisão que se faz entre os gêneros.

Os chamados gêneros primários são aqueles que emanam das situações de comunicação verbal espontâneas, não elaboradas. Pela informalidade e espontaneidade, dizemos que nos gêneros primários temos um uso mais imediato da linguagem que transcorrem nos enunciados da vida cotidiana: na linguagem oral / conversação, diálogos com a família, reuniões de amigos, etc.

Nos gêneros secundários existe um meio para que seja configurado determinado gênero. Esse meio é normalmente a escrita. Logo, se há meio, dizemos que há relação mediata com a linguagem, se há meio, há uma instrumentalização. O gênero, então funciona como instrumento, uma forma de uso mais elaborada da linguagem para construir uma ação verbal em situações de comunicação mais complexas e relativamente mais evoluídas: artística, cultural, política. Esses gêneros mais complexos e elaborados absorvem e modificam os gêneros

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