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Patrona Da Enfermagem

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Por:   •  20/9/2013  •  928 Palavras (4 Páginas)  •  852 Visualizações

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Anna Nery

Aos 51 anos de idade, viúva e católica praticante, a baiana Ana Justina Ferreira Néri tomou uma decisão histórica que construiu uma das mais belas páginas do heroísmo em meio à carnificina da Guerra do Paraguai (1865 -1870). Proprietária de fazendas de fumo, cana-de-açúcar e algodão, viúva recatada do Capitão-de-Fragata Isidoro Antônio Néri, fulminado por uma meningite cérebro-espinhal, Ana Néri poderia ter terminado sua vida como qualquer católica praticante, devota de Nossa Senhora da Conceição da Praia, se não tivesse atendido ao chamado da história.

Deixou prevalecer seu coração de mãe e decidiu acompanhar os filhos e os irmãos na maior luta armada da América Latina.

Serviu de enfermeira voluntária, enfrentou a morte de perto para salvar muitas vidas, inclusive de inimigos da pátria, e se tornou um exemplo no mundo, como precursora da Cruz Vermelha no Brasil. Hoje, Ana Néri é cultuada como a Patrona dos Enfermeiros do Brasil.

Enfermeira de almas

Ana Néri trocou a vida pacata de dona de casa em Cachoeira pela função de salvar vidas na Guerra do Paraguai.

Na manhã fria do recôncavo baiano, de 8 de agosto de 1865, Ana Néri, olhou demoradamente o retrato dos filhos e dos irmãos que partiram para a guerra. Vestida de luto fechado pela morte do marido, duas décadas antes, deixou os olhos, insones, vagarem pelas brumas da aflição e da saudade. Minutos depois, veio a centelha (divinamente humana) que resgataria toda uma vida do tédio e da acomodação. Com as mãos trêmulas, mas a mente impulsionada pela firme decisão dos obstinados, pegou a caneta e o papel. Com tinta, pergaminho e sangue de mãe nas veias, escreveu a carta que iria mudar radicalmente a vida dela e iniciar a construção de uma das mais belas páginas do heroísmo brasileiro, forjada a ferro e fogo na Guerra do Paraguai (1865-1870), a mais sangrenta luta armada da América do Sul.

O destinatário da correspondência foi o presidente da Província da Bahia (equivalente a governador, na época), Manuel Pinto de Souza Dantas: "Eu me chamo Ana Justina Ferreira Néri. Sou mãe de três rapazes que acabaram de partir para a guerra. Eles eram tudo o que tinha, pois o pai morreu quando eu estava com 29 anos. Não podendo resistir à saudade deles, suplico-lhe que me deixe acompanhá-los. Prometo que trabalharei como enfermeira em qualquer hospital e em defesa de todos aqueles que sacrificarem sua vidas pela honra nacional e a integridade do Império".

Dois dias depois veio a resposta à súplica de uma mulher que foi, acima de tudo, mãe zelosa (não só dos filhos biológicos, como também de uma legião de desconhecidos, arrebentados, por fora e por dentro, nos hospitais de campanha). O presidente da Província expediu ordens ao comandante do Conselho das Armas para que Ana Néri fosse contratada como a primeira enfermeira brasileira na Guerra do Paraguai. O comunicado oficial foi publicado, há 137 anos, na edição de 13 de agosto de 1885 do Diário da Bahia. Com a aceitação, Ana Néri se transformaria na primeira enfermeira voluntária do país, na "Patrona dos Enfermeiros" e, mais ainda, na precursora da Cruz Vermelha no Brasil. A Ana não importava se o ferido fosse amigo ou inimigo, todos eram homens e mereciam cuidados. Contam-se que, mesmo correndo o risco de enfrentar a corte marcial e o pelotão de fuzilamento, ela chegou a libertar oficiais paraguaios submetidos a torturas para passarem informações ao inimigo.

A prática de cuidar dos doentes,

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