Política E Educação

FREIRE, Paulo. Escola Pública e Educação Popular. In____________. Política e Educação. 5. ed. São Paulo: Cortez , 2001, p. 47-52.

O educador Paulo Régis Neves Freire, nasceu em 19-09-1921 na cidade do Recife. Foi um dos mais respeitados intelectuais brasileiros. Doutor "honoris causa" por 28 universidades é autor de vários livros nos quais conquistou grande repercussão. Foi secretário de educação na Prefeitura de São Paulo entre 1989 e 1991. Por causa do Regime Militar, viveu fora do Brasil de 1964 a 1979. Esteve no Chile e nos Estados Unidos lecionando na Universidade de Harvard. Também foi professor da Universidade de Genebra na Suíça. No Brasil, após o exílio, foi professor da Faculdade de Educação da Unicamp e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).

No capítulo 10, Freire propõe uma reflexão em torno da relação entre a educação pública e educação popular. Faz-se uma indagação: É possível fazer educação popular na rede pública? O ponto de partida para responder a esta indagação é a compreensão crítica da prática educativa e de seus limites (ideológicos, epistemológicos, políticos, econômicos, culturais) que não podendo tudo, pode alguma coisa. Esta afirmação recusa o otimismo ingênuo que tem na educação a solução para todos os problemas. A visão mecanicista da História de que o futuro é inevitável, nega qualquer poder á educação antes da transformação das condições materiais da sociedade. Onde na explicação mecanicista da História, não reconheceram que, seres condicionados, “programados para aprender”, não somos, porém, determinados. Isto significa reconhecer a capacidade humana de decidir, de optar, submetida embora a condicionamentos, que não permitem a sua absolutização.

A educação popular jamais separa do ensino dos conteúdos o desvelamento da realidade, é a que estimula a presença organizada das classes sociais populares na luta em favor da transformação democrática da sociedade, no sentido da superação das injustiças sociais, respeitando os educandos independente da classe, trabalha incansavelmente para uma boa qualidade de ensino, capacita os professores, supera preconceitos de raça, de classe, de sexo e se radicaliza na defesa da substantividade.

A educação popular é a que reconhece a presença das classes populares para a prática realmente democrática da escola pública.

O autoritarismo de direita é menos elitista do que o de esquerda porque acredita em ou teme que as classes populares podem mudar a qualidade, de menos crítica para mais crítica, de sua capacidade de inteligir o mundo. De saber o mundo. De mudar o mundo.

É possível o empenho de ir tentando começar ou aprofundar o esforço de, tornando a escola pública menos má, fazê-la popular também.

Indico esta obra a educadores, educandos e profissionais das áreas das Ciências Sociais, Letras, Pedagogia, Psicologia, Jornalismo, Serviço Social e inúmeros outros estudiosos e estudiosas que estejam abertos a beber dessa fonte que nos convida a uma nova tomada de posição em busca do ser mais.