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Psicologo Brasileiro

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Por:   •  7/9/2013  •  5.838 Palavras (24 Páginas)  •  239 Visualizações

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O psicólogo brasileiro: sua atuação e formação profissional

Antônio Virgílio Bittencourt Bastos; Paula Inez Cunha Gomide

Apesar de pouco mais de vinte e cinco anos nos separarem da regulamentação da Psicologia como profissão é significativo o número de estudos que visam descrevê-la e tentam compreender os seus determinantes históricos, sociais e políticos. Não dispúnhamos, entretanto, de um estudo abrangente da realidade nacional, pois os trabalhos disponíveis até então se apoiavam em amostras reduzidas e de âmbito regional ou local. Visando suprir esta lacuna, assim como fornecer elementos para uma atuação mais efetiva junto às instituições de ensino, é que o Conselho Federal de Psicologia desenvolveu uma pesquisa cujos resultados completos estão disponíveis no livro QUEM É O PSICÓLOGO BRASILEIRO? O presente artigo apresenta um sumário dos principais resultados desta pesquisa que abrangeu uma amostra de 2448 psicólogos de diferentes regiões do País e que teve os seus dados coletados através de um questionário aplicado entre 1986 e 87.

A profissão no País

Um crescimento acentuado

De 1962 até hoje, experimentamos um grande crescimento do número de psicólogos graduados pelas instituições de ensino, que não vem acompanhado por idêntico índice de inscrições nos Conselhos Regionais, condição para a legalidade do exercício profissional. Os dados da figura 1 mostram que o estoque de psicólogos graduados (segundo o MEC) atingiu 102.862 em 1985, tendo crescido, exponencialmente, a partir dos anos 70, com a conhecida proliferação de instituições particulares de ensino. Apesar disso, o número de inscritos nos Conselhos, no mesmo ano, atingia apenas 53.338 (uma perda de aproximadamente 50%). Em setembro de 1988, os registros no CFP apontavam a existência de 61.738 psicólogos em exercício no País. A que atribuir tão elevada perda de profissionais graduados que não se inserem no mercado enquanto psicólogos? Muitos fatores devem ser buscados para explicar o fato de que a profissionalização não é a meta de todos os que buscam os cursos de Psicologia. A análise dos motivos apontados pelos psicólogos para a escolha do curso fornece algumas pistas. Divididos em três grandes blocos, os motivos apontados pelos entrevistados revelam um peso elevado de razões pessoais ("motivos voltados para si", a exemplo do autoconhecimento e crescimento pessoal ou solução de problemas), ou razões humanísticas ("motivos voltados para o outro", tais como conhecer ou ajudar o ser humano), em comparação com os "motivos voltados para a profissão". Mesmo neste último grupo, o motivo que apresenta maior freqüência caracteriza-se por um interesse genérico pela Psicologia, enquanto área de conhecimento (35.4%), sem um interesse mais explícito pela prática profissional. Há, ainda, 8,2% de citações de motivos extrínsecos à profissão (era segunda opção, a faculdade era perto etc...). Assim, parte das razões que levam pessoas a cursarem Psicologia não garante, necessariamente, seu ingresso no mercado de trabalho enquanto psicólogos. Se agregarmos a isso o contingente dos que se "desiludem" com o curso, ou que fazem outros cursos paralelos com melhores chances no mercado, talvez encontremos a defasagem apontada na figura 1. Tal defasagem é, sem dúvida, um sintoma da crise maior do nosso sistema universitário e, no nosso caso em particular, da ausência de uma política mais global para a formação de psicólogos no País, que atenda às peculiaridades regionais.

Características gerais

A distribuição dos psicólogos no País revela-se bastante desigual com quase 75% dos profissinais concentrados no sudeste como podemos ver na figura 2.

O CRP-06 (São Paulo, especialmente) concentra 42,1 % dos psicólogos em exercício no Brasil e o Rio de Janeiro apresenta a menor relação habitante x psicólogo (1.187 hab/psicólogo). Em oposição, o CRP-03 (BA e SE) apresenta o menor quantitativo de profissionais e a mais elevada taxa de habitantes por psicólogos (próxima a 1 psicólogo para cada 13 mil habitantes). Outra informação importante trata da elevada concentração de psicólogos nas capitais dos estados. No geral, aproximadamente 70% dos profissionais trabalham nas capitais (índice que atinge 88% no CRP-03 e que se mostra mais atenuado nas estados do sul, incluindo São Paulo). Como coloca ROSAS et alii (1988), o mercado estabelecido nas capitais e as condições de vida que as tornam sedutoras são fortes fatores de fixação do psicólogo nos centros urbanos mais desenvolvidos (p.39), o que não deve inibir iniciativas de incentivo à interiorização das práticas psicológicas.

Outros dados que caracterizam o exercício profissional são mais conhecidos: o predomínio absoluto das mulheres, com percentuais que vão de 81,9 (CRP-04) a 90,4% (BA e SE). Esse dado é importante para a compreensão de vários aspectos ligados ao exercício profissional, como por exemplo, o entendimento das mulheres do que seja uma profissão complementar a sua atividade principal — o casamento, com inclusive perda de profissionais graduados, a que nos referimos anteriormente, como vários trabalhos já apontaram anteriormente, (vide ROSENBERG, 1983 e 1984 por exemplo). Somos, também, uma categoria jovem, com pequenas variações regionais, entre 73 e 90% dos psicólogos têm menos de 40 anos, sendo reduzido o percentual daqueles com 50 anos ou mais.

O exercício profissional

Emprego, desemprego e remuneração

Os resultados expressos na figura 3 mostram que, mesmo entre os que se inscrevem no Conselho (logo, pretendem atuar como psicólogos), a situação não é satisfatória.

Não mais do que 60% dos profissionais atuam exclusivamente como psicólogos (nos CRPs-01 e 04 este percentual é menor que 50% e, no CRP-06, cai para menos de 40% dos casos), sendo significativo o índice dos que combinam a atuação em Psicologia com outras atividades profissionais (esta realidade é menos forte no CPR-02 e 05). Considerando-se,

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