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Relação Entre Investimento E Poupança

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Por:   •  23/8/2014  •  6.687 Palavras (27 Páginas)  •  604 Visualizações

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Introdução

Na visão keynesiana, a taxa de juros é um primeiro determinante do investimento.

Distingue-se da visão neoclássica, onde, de acordo com a Teoria dos Fundos de

Empréstimos (TFE), a taxa de juros é determinada conjuntamente pela poupança — a

oferta de fundos emprestáveis — e pelo investimento — a demanda desses fundos.

Nela, a poupança, necessária para que haja investimento, possui uma prioridade causai.

Keynes reverteu essa causalidade ao destacar que o investimento pode se elevar

independentemente da existência prévia de poupança (abstenção de consumo), provocando

elevação da demanda efetiva e, conseqüentemente, da renda agregada, que

superará o consumo global no montante residual da poupança. No entanto há no interior

do pensamento keynesiano correntes antagônicas em relação à interpretação da teoria

de financiamento do investimento que se extrai da obra de Keynes.

As duas vertentes keynesianas discutidas por Amadeo e Dutt (1987), segundo uma

visão conciliatória,

"(...) exploram diferentes dimensões da Teoria Geral. Em suma, os pós-keynesianos

enfatizam o papel do dinheiro e da incerteza, enquanto que os

keynesianos neo-ricardianos enfatizam o mecanismo do multiplicador, o

papel do produto como variável de equilíbrio entre poupança e investimento.

Ao agirem assim, estão, de fato, buscando suas identidades: estão

focalizando suas análises sobre o que consideram ser os elementos verdadeiramente

revolucionários e inovadores das idéias de Keynes. Uma importante

razão para a existência de dois grupos de keynesianos não pertencentes

ao 'mainstream' é o fato de que o próprio Keynes enfatizou as noções de

equilíbrio com desemprego (para a qual o papel do multiplicador é central)

Professor Doutor de Sistema Financeiro no Curso de Doutoramento em Economia do Setor Público,

de Teoria Monetária e Financeira no Curso de Mestrado e Coordenador do Curso de Graduação do

Instituto de Economia da UNICAMP.

}

)

A CONTROVÉRSIA SOBRE AS RELAÇÕES

ENTRE INVESTIMENTO, POUPANÇA

E CRÉDITO

Fernando Nogueira da Costa*

e a instabilidade do sistema (na qual o papel do dinheiro e da incerteza é

fimdamentar (p.596).

Os pós-keynesianos chamam atenção para o papel da incerteza que envolve

qualquer ato de tomada de decisão.

"Em um mundo de incertezas, o dinheiro desempenha um papel primordial

na proteção dos agentes confra os efeitos da irreversibilidade do tempo.

Quando a incerteza aumenta, os agentes preferem ter em mãos ativos

líquidos (sendo o dinheiro um ativo líquido 'par excellence'). Se os agentes

retêm dinheiro, ao invés de usar seus rendimentos comprando bens, observar-

se-á uma interrupção do circuito renda-gasto (sic) e, assim, desemprego"

(p.361).

O argumento dos keynesianos neo-ricardianos é que,

"(...) num modelo com diversas mercadorias, a taxa de jiu-os pode não

desempenhar o papel de variável de equilíbrio entre a poupança e o

investimento. Esta é a razão pela qual a teoria neoclássica do emprego é

falha. O mecanismo do multiplicador de Keynes fornece uma teoria consis -

tente de ajustamento entre poupança e investimento e o nível de produção.

De acordo com este mecanismo, a poupança se ajusta ao investimento

através de mudanças nos níveis de produção e emprego. Somente por acaso

o nível de emprego assim determinado corresponderá ao pleno emprego"

(p.562).

Na verdade, os economistas pós-keynesianos negam a propriedade analítica da

utilização do equilíbrio, situando-se, em relação a isso, em pólo oposto aos keynesianos

neo-ricardianos. Os neo-ricardianos insistem em que a economia só pode ser adequadamente

estudada em termos de posição de equilíbrio de longo prazo, enquanto os

pós-keynesianos se restringem ao comportamento das economias capitalistas no curto

prazo e, ao apontarem para sua instabilidade inerente, negam a aplicabilidade do

método de equilíbrio. A rejeição das análises de equilíbrio de qualquer tipo implica a

rejeição de modelos formais. Os keynesianos neo-ricardianos temem que essa atitude

leve à redução na comunicação entre economistas de diferentes correntes, por o

"mainstream" neoclássico ter optado pelo formalismo técnico como parte de sua

moralidade metodológica. Acham que "(...) corre-se o risco de a economia pós-keynesiana

permanecer ignorada pela profissão" (p.581).

O pensamento econômico convencional ("mainstream" neoclássico)

...

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