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A ARTE CLASSICA DE FORMA FECHADA

Por:   •  20/12/2021  •  Artigo  •  2.073 Palavras (9 Páginas)  •  105 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO[pic 1]

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

HIS 825  – Seminário em História Moderna e Contemporânea II

Docente: Marco Antonio Silveira

Discente: Samuel Camilo Bicalho Mendonça - 18.2.3024

TRABALHO FINAL HIS 825

Resumo:

O presente trabalho tem o intuito de analisar a transição do estilo de arte clássica de forma fechada praticada no século XV para o estilo de forma aberta. Forma fechada e forma aberta foram termos utilizados para padronizar melhor o que também pode ser designado de tectônico e atectônico. Ambos os conceitos foram apresentados pelo historiador da arte suíço Heinrich Wolfflin em seu livro “Conceitos Fundamentais da História da Arte” publicado pela editora Martins Fontes em 2006. Nesta obra, o escritor trabalha com alguns pares de conceitos que segundo ele são importantíssimos para compreender a evolução da arte ao longo dos séculos passados.

A evolução da arte tectônica para a atectônica sob a ótica de Heinrich Wolfflin

Heinrich Wolfflin, nascido na cidade de Winterthur na Suíça em 1864, caracteriza a arte fechada como aquela pintura que em todos os pontos é voltada para si mesma, de forma limitada, na qual não importe os traços e todas as características, tudo no final sucumbe para ela mesma e para sua representação central. Já o estilo aberto simboliza o avanço de todos estes limites citados em algo que transcende o imóvel e o estático, possibilitando assim uma nova concepção de arte, que como o escritor caracteriza, algo "ilimitado". Então, podemos observar em seu livro, que uma das questões fundamentais para Wolfflin é como o tectônico, representado pela arte clássica, se transformou nas representações atectônicas, ou de forma aberta, que foram praticadas com mais frequência posteriormente. Como as representações estruturadas e estáveis se transformam em obras mais fluídas e naturais, o que o autor classifica como atectônicas.

O autor atribui algumas obras a este estilo de forma fechada, como a tão famosa "Escola de Atenas" e a "Madona Sistina” do renascentista Rafael, mas pontua que essas não são as únicas expoentes desse estilo de arte. Até mesmo aquelas famosas pinturas da época que parecem distorcer tudo aquilo que era produzido e ir à contramão dos padrões, como por exemplo, "A melancolia" de Dürer se aproximam mais dos seus pares do que mesmo uma exposição de forma aberta como aponta o autor.

Wolfflin também faz uma distinção importante entre o século XVI e XVII, no qual neste primeiro, as verticais e diagonais da obra não assumiam apenas direções, mas representavam também um papel decisivo em todo o conjunto da representação. Já o século XVII, a nova concepção atectônica, tenta evitar estes elementos perdendo assim, como Heinrich aponta, a força tectônica da arte.

 O barroco é um dos estilos que rompe com toda essa padronização que prioriza o equilíbrio em toda a obra. É possível observar que as pinturas do estilo barroco são mais soltas e mais livres, sem a centralidade de um elemento que antes era algo inato ao estilo do século anterior. A sensação é que no século XVII o artista queria representar algo além do natural, algo que exalta o conhecido e o já estabelecido anteriormente. Nesse momento, a diagonal é mais valorizada do que a própria simetria ou verticalidade e horizontalidade de uma obra, o que, como o historiador suíço afirma, pode acabar interferindo até mesmo aspectos quase que essenciais pré-determinados, como a frontalidade e o perfil, características abundantes na arte clássica.

Uma das questões centrais para o Wolfflin nesse momento é a busca incessante do século XVII por um "espetáculo passageiro" que possa ser apreciado por alguns instantes por quem visualiza a obra. Isso se configura em um dos aspectos principais para a forma aberta (WOLFFLIN. 2006, p.170)[1]. Ou seja, há uma mudança de tendência nesse período, em que se constata uma recusa pela estabilidade. Sendo assim, os autores passam a querer substituir tudo isso cada vez mais por representações de movimento e fluidez, assim como nosso cotidiano, que é fluído e atectônico e não estável como eram representadas as obras. Essa é uma discussão importantíssima que era realizada na época.

A arte clássica possui suas linhas e aspectos muito bem definidos. Precisão e nitidez são fundamentos indissociáveis da arte clássica. Tal fenômeno tende a mudar na arte barroca, estilo que tenta colocar um contraponto ao clássico. A estrutura tectônica que tende a valorizar a nitidez por demais, no barroco tende a ganhar menos força. Na concepção dos artista que representam esse estilo artístico, essa espécie de representação tectônica aparenta ser algo com menos vida, distante da realidade, que neste caso é mutável, imprevisível e ilimitada. Como o próprio historiador aponta: "A beleza viva não mais reside nas formas limitadas, mas sim nas ilimitadas" (WOLFFLIN. 2006, p.171).

A simetria é outro fundamento artístico completamente transformado na virada do século XVI para o XVII. Anteriormente, mesmo que nem todos os artistas a praticassem e a valorizassem, a simetria sempre foi notada em várias obras, sobretudo nas pinturas, onde a tendência era de um equilíbrio entre as partes de um quadro. Com o intuito de apresentar as pinturas com uma maior naturalidade, esse elemento é deixado de lado na transformação analisada por Henrich. E se refletirmos bem, chegaremos à conclusão de que realmente a vida não é simétrica. As cenas de nosso cotidiano não são simétricas. Se o objetivo da obra é representar com fidelidade a realidade, talvez os artistas deste período tenham acertado neste quesito.

Vários artistas entre escultores, arquitetos e pintores, como o holandês Jacob Van Ruisdael, tinham certa aversão a este estilo clássico. Ao alegarem que a total simetria e linearidade pouco representa o natural, o real. Isso pode ser visto até mesmo em seus trabalhos. Um desses expoentes é o quadro “As margens do Rio” de 1649.[pic 2][pic 3]

Nesta imagem podemos observar um horizonte que se destoa da linha horizontal, ultrapassando as barreiras de uma forma rígida como era habituado na arte clássica. Podemos observar um clima calmo e tranquilo, onde a simetria também não prevalece ao contrário dos antigos padrões. Quase nenhum elemento da obra é atrelado à verticalidade ou horizontalidade e a paisagem de fundo não toma forma em prol de um elemento central. As cores também fogem de padrões e colorem a pintura de forma natural. A imagem não parece ter fim e nenhum elemento coloca uma espécie de moldura tectônica, característica presente em obras do século anterior. O quadro possui uma característica bem comum entre pinturas de forma aberta, que é a sensação de infinidade. A obra parece não ter fim, e que há muito mais para ser mostrado além daquilo que vemos. A beleza no infinito é algo que passa a ser valorizado no século XVII, principalmente com a arte barroca.

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