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A especificidade do objeto sociológico

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Por:   •  6/4/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.585 Palavras (11 Páginas)  •  501 Visualizações

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A ESPECIFICIDADE DO OBJETO SOCIOLÓGICO

Durkheim define a sociologia como ciência “das instituições, da sua gênese e do seu funcionamento”, ou seja, de “toda crença, todo comportamento instituído pela coletividade”. E para tornar-se uma ciência autônoma precisava delimitar seu objeto próprio: os fatos sociais que algo dotado de vida própria, externo aos membros da sociedade e que exerce sobre seus corações e mentes uma autoridade que os leva a agir, a pensar e a sentir de determinadas maneiras. Para o autor, a sociedade, então, mais do que uma soma, é uma síntese e, por isso, não se encontra em cada um desses elementos, assim como os diferentes aspectos da vida não se acham decompostos nos átomos contidos na célula: a vida está no todo e não nas partes. Assim, um pensamento encontrado em todas as consciências particulares ou um movimento que todos repetem não são por isso fatos sociais, mas suas encarnações individuais, ou seja, os fenômenos que constituem a sociedade têm sua origem na coletividade e não em cada um dos seus participantes.

Os fatos sociais, portanto, são as maneiras de agir, como correntes sociais e movimentos coletivo que, por encontrar-se fora dos indivíduos e possuir ascendência sobre eles, consistem em uma realidade objetiva. Para comprovar essa externalidade, Durkheim argumenta que eles têm que ser internalizados por meio de um processo educativo e se as maneiras de agir e sentir próprias de uma sociedade precisam ser transmitidas por meio da aprendizagem é porque são externas ao indivíduo.

Como demonstração de que os fatos sociais são coercitivos e externos aos indivíduos, e de que exercem sobre todos uma autoridade específica, Durkheim refere-se aos obstáculos que deverá enfrentar quem se aventura a não atender a uma convenção mundana ou violar uma regra moral, como punições e censuras. Isso mostra outro componente fundamental do conjunto dos fatos sociais que são os valores de uma sociedade. Mas isso não significa que o indivíduo tem sempre que se submeter ás regras sócias, ele pode juntar-se a outros indivíduos, combinar uma ação e constituir um novo fato social.

O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA SEGUNDO DURKHEIM

Durkheim estabelece regras que os sociólogos devem seguir na observação dos fatos sociais. A primeira delas e a mais fundamental é considerá-los como coisas, que o sociólogo define como todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e profundos. Também afastar sistematicamente as prenoções, definir previamente os fenômenos tratados a partir dos caracteres exteriores que lhes são comuns, e considerá-los, independentemente de suas manifestações individuais, da maneira mais objetiva possível. O sociólogo deve, portanto, ter a atitude mental e comportar-se diante dos fatos da mesma maneira que o faria qualquer cientista.

A dificuldade que o sociólogo enfrenta para libertar-se das falsas evidências, formadas fora do campo da ciência, deve-se a que influi sobre ele seu sentimento, sua paixão pelos objetos morais que examina. Por isso é que uma das bases da objetividade de uma ciência da sociedade teria que ser, necessariamente, a disposição do cientista social a colocar-se “num estado de espírito semelhante ao dos físicos, químicos e fisiologistas quando se aventuram numa região ainda inexplorada de seu domínio científico” assumindo, desse modo, sua ignorância, livrando-se de suas prenoções ou noções vulgares (já combatidas por Bacon) e adotando, enfim, a prática cartesiana da dúvida metódica.

A DUALIDADE DOS FATOS MORAIS

As regras morais possuem uma autoridade que implica a noção de dever e, mesmo assim, aparecem-nos como desejáveis, embora seu cumprimento se dê com um esforço que nos arrasta para fora de nós mesmos, e que por isso mesmo eleva-nos acima de nossa própria natureza, mesmo sob constrangimento. Elas são inegavelmente coativas, no entanto, mostram uma outra face, ao se apresentarem como coisas agradáveis de que gostamos e que desejamos espontaneamente, por isso a coação deixa de ser sentida graças ao respeito que os membros de uma sociedade experimentam pelos ideais coletivos.

Desse modo, o fato moral apresenta a mesma dualidade do sagrado que é, num sentido, o ser proibido, que não se ousa violar, mas é também o ser bom, amado, procurado e que embora a coação seja necessária para que o ser humano acrescente à sua natureza física, ultrapassando-a, uma outra e superior natureza - isto é, a social - ele tem também o prazer de partilhar interesses com outros membros da sociedade, de levar com eles uma mesma vida moral.

Contudo, os ideais que congregam os membros dos grupos sociais devem ser periodicamente revificados a fim de que não se debilitem. A sociedade refaz-se moralmente, reafirma os sentimentos e ideias que constituem sua unidade e personalidade. Isso garante a coesão, vitalidade e continuidade do grupo, e assegura energia a seus membros.

COESÃO, SOLIDARIEDADE E OS DOIS TIPOS DE CONSCIÊNCIA

Durkheim elaborou o conceito de solidariedade social, procurou mostrar como se constitui e se torna responsável pela coesão entre os membros dos grupos, e de que maneira varia segundo o modelo de organização social. Segundo o autor, possuímos duas consciências, ou seja, dois seres: um individual, constituído de todos os estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmo e com os acontecimentos de nossa vida pessoal e outro, o ser social, que revela em nós a mais alta realidade um sistema de ideias, sentimentos e de hábitos que exprimem em nós o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte. E, na medida em que o indivíduo participa da vida social, supera-se a si mesmo.

Essa consciência comum ou coletiva corresponde ao conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria, onde quanto mais extensa é a consciência coletiva, mais a coesão entre os participantes da sociedade examinada refere-se a uma “conformidade de todas as consciências particulares a um tipo comum”, o que faz com que todas se assemelhem e, por isso, os membros do grupo sintam-se atraídos pelas similitudes uns com os outros, ao mesmo tempo que a sua individualidade é menor.

Porém, a diferenciação social

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