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IDENTIDADE SOCIAL

Por:   •  25/8/2016  •  Seminário  •  3.913 Palavras (16 Páginas)  •  379 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

LECS V – PROFESSORA: MARTINA AHLERT

ALUNA: THAYNÁ ROSA

PROPOSTA PARA OFICINA PEDAGÓGICA

IDENTIDADE SOCIAL

  1. INTRODUÇÃO

A discussão sobre identidade aborda diversos aspectos da realidade, desde as questões psicológicas e subjetivas até as culturais e coletivas.  O ser humano já nasce com papéis sociais definidos (o de filho e cidadão, por exemplo) e, também, pode adquirir outros ao longo da vida (pai, professor, ator, etc.). A capacidade de interação com o outro é a questão básica para entendermos as relações sociais (de indivíduo para indivíduo e de indivíduo para sociedade). Os papeis sociais dependem do processo educativo, da época, da cultura, da subjetividade e de vários outros fatores envolvidos na construção de um indivíduo, estes são modelos de comportamento referentes às funções assumidas pelas pessoas na sociedade e às expectativas dos outros em relação à ação destas. De acordo com Ervin Goffman, interação é uma influência recíproca dos indivíduos sobre as ações de uns sobre os outros, os papéis são sempre recíprocos: se alguém é filho, logo existe alguém que é pai; se existe um grupo de alunos, logo há alguém que é professor. A família, por exemplo, é uma estrutura que possui um sistema de papéis baseados nas relações de parentesco.

Dentro das instituições e estruturas existem sistemas de papéis que, a medida que os indivíduos constituem relações uns com os outros, devem ser seguidos e incorporados nas ações cotidianas, por isso todos nós passamos por um processo de socialização onde somos ajudados, reprovados, repreendidos, até que consigamos agir de acordo com o esperado. Existem os papéis involuntários, que não escolhemos, e os involuntários, segundo Goffman, há dois conceitos importantes para entendermos as ações sociais pautadas nos papéis assumidos durante a vida: cenário – espaço onde ocorre as interações (lugares, objetos, horários) – e a fachada – elementos necessários para o indivíduo montar sua representação (a ação investida em um papel social).

A discussão sobre identidade social pode ser estudada nos mais diversos contextos, pois engloba a subjetividade do aluno, seus aspectos de personalidade e de educação familiar. Também abrange os aspectos culturais, o processo de “globalização” e individualização, a incorporação de papéis, a comunicação e a narrativa, status social, mobilidade social, classes sociais, conflitos étnicos, relações de gênero, histórias individuais e coletivas, memória, mídia, fragilidade de formas identitárias tradicionais, fundamentalismo, religião, etc.

  1. JUSTIFICATIVA

É importante desenvolver a noção de que, desde que nascemos, já começamos a aprender a cumprir papéis sociais e que isso não tem correspondência com atributos de caráter (ser honesto ou falso, sincero ou fingido). Identidade social é um tema que a sociologia pode explanar para desconstruir etnocentrismos, preconceitos raciais, descriminação, opressão masculina, machismos, etc. No ensino médio os alunos estão em fase de construção de personalidade e de fazerem escolhas difíceis, estão à procura de amizades, de aprovação dos familiares, em busca de uma profissão, aprendendo a lidar com a sociedade de uma forma menos restrita do que quando na infância. Esclarecer os papéis sociais, discutir sobre limites e regras, falar sobre interação com o outro e compreensão de culturas que são distintas das quais  estamos inseridos ajuda o aluno do ensino médio a olhar de outra forma seu contexto e facilita nas suas escolhas pessoais e profissionais, assim como pode melhorar sua interação na sala de aula.

Os principais referenciais teóricos utilizados para elaboração da oficina são: A representação do eu na vida cotidiana de Ervin Goffman, A sociedade dos indivíduos de Norbert Elias, Miroirs et masques: une introduction à l’interactionisme de Anselm Strauss e os conceitos metodológicos de Max Weber, além da análise do filme De repente 30 de Gary Winick, que aborda a vida de uma adolescente que deseja chegar logo a fase adulta para fazer o que quiser, já que é muito controlada pelos seus pais. No seu aniversário de 13 anos ela tem seu desejo atendido e acorda no corpo de uma mulher de 30 anos, mas ainda com uma mentalidade de 13, durante o filme ela tem que desempenhar papéis sociais que não está acostumada e agir de formas improváveis diante de situações nunca vividas. A análise do filme e dos textos lidos levam a uma compreensão dos papéis que temos que desempenhar durante a vida, os conceitos sociológicos ajudam na elaboração de discussões acerca dos diferentes papéis que podem ser exercidos por pessoas da mesma idade, mas que vivem um culturas diferentes e, assim, desconstruir “verdades” baseadas em realidades coletivas e pessoais.

Os papéis, quando escolhidos, têm referencia na vontade, afinidade e liberdade de escolha que os indivíduos podem ter, abordar questões culturais e a realidade de certos grupos sociais são necessárias para a compreensão dos alunos sobre o comportamento, religião, escolha sexual, profissão e até hábitos alimentares do outro. O estranhamento em relação ao “diferente” deve ser relativizado, esta concepção de diferença de papéis e de identidades, discutida em sala de aula, ajuda na aceitação, no bom relacionamento e no respeito, evitando atitudes homofóbicas, transfóbicas, machistas, racistas, entre outras.

Ao mesmo tempo em que os indivíduos assumem papéis (herdados, voluntários ou não), eles vão criando determinado modo de ser, pois passam por processo de identificação com esses papéis, a necessidade de sobreviver leva o indivíduo a aceitação das regras e ao exercício de papéis que se esperam deles. Alguns papéis são desempenhados com afinidade e convicção, no entanto, há outros que são desempenhados para corresponder expectativas, o que Goffman chama de cinismo, para escapar desde cinismo é necessário que os alunos aprendam a ficar atentos aos modos de expressão, uso das palavras, gestos, etc.

Outro ponto a ser discutido na oficina leva em consideração ao status social. Por isso a discussão histórica é importante, dar exemplos de comportamentos nas sociedades antigas em comparação com o mundo moderno é uma forma de mostrar a relação entre as classes sociais, hierarquias familiares e políticas, entre outras. Norbert Elias afirma que a sociedade ocidental, após o renascimento, passou a valorizar muito mais a liberdade individual, e onde há sistemas democráticos, a liberdade de escolha é maior e a identificação com papéis sociais é mais contundente. A proposta da oficina não tenta generalizar, por isso será discutida a ideia de status, mobilidade social e classes sociais, dentro do contexto brasileiro. É importante fazer com que os alunos entendam porque certos tipos de papéis sociais são mais almejados, quem alcança estes status com mais facilidade e como isso estrutura a sociedade, como gera conflitos e como define a vida dos indivíduos em suas particularidades.

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