TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O Gerente-Ciborgue: Metáforas do Gestor “Pós-Humano” Validação de uma Medida de Percepção de Imagens Organizacionais

Por:   •  21/3/2020  •  Resenha  •  1.530 Palavras (7 Páginas)  •  168 Visualizações

Página 1 de 7

RESENHA AULA 07/04/2016 (Metáforas organizacionais: um estudo de caso comparativo / O Gerente-Ciborgue: Metáforas do Gestor “Pós-Humano” / Validação de uma Medida de Percepção de Imagens Organizacionais)

Os três artigos apresentados para leitura discorrem sobre metáforas e imagens organizacionais. Seus principais embasamentos teóricos, utilizados na articulação dos trabalhos, correspondem principalmente as metáforas elaboradas por Morgan sobre as organizações. Mas também são relacionadas outras metáforas ou imagens organizacionais, como por exemplo a metáfora do ciborgue, item principal no segundo artigo.

O primeiro trabalho buscou desenvolver e interpretar as metáforas da prisão psíquica e da cultura de Morgan dentro de uma organização do terceiro setor. Diante da prisão psíquica, é feita uma abordagem desde as considerações filosóficas de Platão, sobre a parábola conhecida como a alegoria da caverna, até as teorias psicanalíticas de Freud sobre organização e o inconsciente. É exposto que as pessoas são aprisionadas por formas de raciocínio já assumidas, e podem conter três possibilidades de aprisionamento: pelo sucesso; pela acomodação social; e pelos processos grupais. Posteriormente é feito um aprofundamento teórico com uma série de abordagens baseadas na psicanálise relacionando organização e inconsciente, sejam na sexualidade reprimida, na estrutura da família patriarcal, no medo da morte, no período de aleitamento na primeira infância e no inconsciente coletivo.

Na abordagem sobre o aleitamento na primeira infância, são destacados três padrões que foram utilizados no artigo para analisar as organizações estudadas. São elas: padrões de dependência, de “fuga e luta” e de emparelhamento. O primeiro idealiza a figura de um líder, o segundo caracteriza que o grupo projeta seus medos em algum inimigo e o último crê que uma figura messiânica irá surgir.

Na metáfora sobre cultura, Morgan atribui que as pessoas de locais distintos possuem valores diferentes, e isso influencia a constituição e funcionamento das organizações. Desse modo, são citados diversos casos para fundamentação e diferenciação das culturas existentes e faz-se um elo da cultura com as organizações, ou seja, caracteriza-as como minissociedades com cultura própria.

Para análise foram escolhidos dois movimentos sociais de forma arbitrária e por conveniência, com visitas in loco de observação participante. Com relação à prisão psíquica, foi observado que ambas possuíam acentuados grau de dependência em suas lideranças carismáticas (padrão de dependência), porém, enquanto uma praticamente paralisava suas ações na ausência do líder, a outra conseguiu dirimir gradativamente esse grau através de eleições para coordenador. Também foi percebido na organização mais dependente o padrão de emparelhamento, pois o gestor, por motivos pessoais, saiu da entidade e em seguida houve um curto período de procura por uma figura “messiânica”, o que não ocorreu, e fez a organização ruir. Padrões de “fuga e luta” não foram encontrados.

Quanto a cultura, foram percebidos em ambos os movimentos estruturas influenciadas pela política social da Igreja Apostólica Romana, uma vez que ambas são oriundas de pastorais sociais. Porém enquanto uma, através de sua figura simbólica, criou uma representação social desejável, que os membros buscavam como ideal, a outra não conseguiu devido ao papel passivo de seu líder.

Por fim observou-se através do objetivo do estudo que é possível aplicar as metáforas organizacionais de Morgan em movimentos do terceiro setor.

O segundo artigo busca apresentar a metáfora do gerente-ciborgue na apreciação da interação que existe entre os humanos e não humanos para compreender melhor questões pertinentes a área organizacional. Existem vários trabalhos pertinentes que exploram os gerentes, e até citam ou falam sobre materiais, mas não exploram a forte interação entre eles.

Deste ponto de vista, o trabalho é disposto com uma apresentação teórica cronológica do gerente, a partir de Taylor e Fayol, e é percebido que em todas as concepções pesquisadas relacionadas a ele (gerente), somente tratam sua percepção na dimensão das relações-humanas, sem problematizar as não-humanas que estão inseridas fortemente em seu contexto. Na parte seguinte é discutida a metaforização nas organizações com o intuito de apresentar a realidade organizacional em seu complexo mundo. É dito que a metáfora tem como função gerar uma imagem que facilite o entendimento e estudo do objeto analisado. Assim, a imagem de ciborgue é apresentada seqüencialmente para a conseqüente aplicação do estudo.Originalmente, através do período promovido pela cibernética, caracterizado como pós-humano, o ciborgue é conceituado como o resultado da combinação do homem com a máquina. Posterior a essa idéia inicial, houveram várias interpretações sobre o mesmo, mas consecutivamente mantinham a mesma essência de resultado. Com a popularização do termo, foram desenvolvidos alguns estudos e dentre eles se destaca o “Manifesto Ciborgue”, que discute como as fronteiras que antes demarcavam a separação dos humanos de outras entidades não se sustentam mais. Dessa forma, devido as suas peculiares características, é postulado que o ciborgue é uma imagem que possibilita discutir conceitos tradicionais. A metáfora ciborgue já foi utilizada em Estudos Organizacionais, mas fazem somente a relação entre a organização e o processo organizativo, diferente do trabalho em questão que é voltado para o desempenho de atividades práticas decorrentes do resultado da associação entre humanos e não-humanos.

Também foi necessário, antes da introdução do gerente-ciborgue, a reconceituação de social, que deve considerar também o aspecto não-humano, ou seja, não limita-se aos aspectos puramente sociais relativos ao elemento humano, e sim a um efeito relacional entre ambos cuja separação em termos de desempenho das atividades cotidianas no trabalho não pode ser facilmente estabelecida.

O gerente-ciborque é conceituado como o efeito de uma performance que é distribuída não somente pelo seu corpo, mas também por meio de uma ramificada rede de materiais, ou seja, é um elemento híbrido. Para melhor entendimento o artigo relaciona três filmes clássicos que introduzem a figura ciborgue: Robocop, O Exterminador do Futuro e Soldado Universal. A partir desses filmes o autor faz uma analogia sobre aspectos vividos pelo ciborgue com o gerente-ciborgue. No primeiro ele relaciona o ato do Robocop ser atingido por armas de fogo e consequentemente ter seu sistema não-humano danificado, prejudicando assim suas atividades humanas. O gerente-ciborgue é semelhante, ao exemplificar que caso ocorra alguma falha na empresa em sistemas operacionais dos computadores, como um vírus, há uma desestabilização na rede de associação, podendo causar impactos negativos prejudiciais no exercício de suas atividades. Isso também demonstra que as formas de relações no trabalho não são puramente sociais, já que os não-humanos também estão presentes nos relacionamentos. No filme Soldado Universal, os ciborgues possuíam aparelhos de comunicação altamente tecnológicos que eram fundamentais no recebimento e execução dos planos pretendidos. Analogicamente, o gerente-ciborgue com seu BlackBerry condiciona os indivíduos a não difundirem completamente a vida profissional da pessoal, pois ficam praticamente conectados o tempo todo, gerando assim expectativas de disponibilidade e resposta imediata quando solicitado. Em O Exterminador do Futuro, o ciborgue geralmente precisa de pouco descanso, não dorme, e recompõe sua energia em curto prazo, tudo para estar apto para desempenhar suas atividades quando requisitado. O gerente-ciborgue, seja por necessidade do mercado, por imposição da empresa ou outros motivos, também possui estas características, porém ele é humano e isso pode acarretar diversos desdobramentos colaterais, como stress, problemas emocionais, físicos e psicológicos, dentre outros.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.8 Kb)   pdf (92.7 Kb)   docx (12.3 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com