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Ensaio sobre "A sangue frio"

Por:   •  14/10/2016  •  Ensaio  •  827 Palavras (4 Páginas)  •  339 Visualizações

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Em 15 de Novembro de 1959, no oeste do Kansas, Estados Unidos, um crime violento mudou os rumos de uma pequena cidade em meio às plantações de trigo. Não apenas isso: Inspirou um livro que mudaria a história do jornalismo. Passados quase 50 anos de sua publicação, “A Sangue Frio” é conhecido como a obra-prima de Truman Capote, uma leitura obrigatória, principalmente para escritores e jornalistas.

O assassinato da família Clutter, na pequena cidade de Holcomb, foi amplamente explorado pela mídia e gerava um interesse enorme por parte do público. Com um tema muito popular em mãos, Capote publicou na New Yorker em 1966 uma grande reportagem que recebeu o título de obra de arte. De fato, Capote estreou um novo tipo de fazer literatura e jornalismo: o romance de não-ficção que, na época, era inconcebível. Como diz o próprio biógrafo de Truman Capote, Gerald Clarke: “segundo a definição do dicionário, um romance é uma narrativa fictícia de extensão considerável”, portanto, se a história que ele contava era real, o texto não poderia ser nomeado de romance.

Mas a vaidade do escritor era quase do tamanho de seu talento. A resolução, portanto, foi simples. Antes mesmo de sua obra estar concluída, afirmou que inventaria um novo gênero: o romance de não ficção. Independente da categoria formal na qual se encaixasse, em 1966, foi publicado um livro diferente de tudo que havia sido escrito até então. Capote se destacou pelo trabalho de 6 anos de apuração e investigação. Durante os anos entre o crime e o lançamento da reportagem, o autor não apenas entrevistou os vizinhos e amigos da família e conversou com os investigadores e com os próprios criminosos, Capote fez questão de se tornar parte da rotina da cidade e de construir uma relação com cada entrevistado do livro. Esse profundo estudo de campo foi fundamental para que o livro tivesse uma narrativa sólida e cheia de detalhes que só a própria família Clutter poderia saber.

No plano da construção e exposição dos fatos reunidos, Capote utiliza os elementos da narrativa literária para modificar a construção do texto jornalístico. As fontes passam a ser personagens de romance, porém reais. Com uma boa descrição, porém pouca profundidade psicológica além do que é conveniente para trama. O tempo e o espaço, que estariam inseridos no lead – conjunto das principais informações da notícia (O quê? Quem? Como? Quando? Onde? Por que? )– , passam a ser fundamentais em toda a obra e inseridas em longas descrições de lugares, pessoas, personalidades e, principalmente, do tempo e clima, são o ponto forte do livro, completamente levado de uma cena a outra, com poucas divagações e diálogos, tal qual uma narrativa cinematográfica.

O narrador não permanece tão neutro ao longo da obra, e vai surgir na história em alguns formatos. Ora onisciente, ora participativo nas conversas, mesmo que não explicitamente, ora adotando pontos de vista de diferentes personagens conforme a descrição da cena. Porém, o trabalho de apuração e a enorme familiarização do autor com o tema, com a cidade, os investigadores e especialmente com os assassinos condenados, assim como fundamentais para a construção de um texto tão intrigante e bem amarrado, também desempenharam um papel prejudicial na imagem do autor.

A provável afeição mútua entre Capote

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