Compreender E Aceitar

Compreender e aceitar. Estas duas palavras têm sido vistas como de igual sentido. Em verdade, digo que não está certo. Compreender é ir ao cerne do problema e decifrar a essência. É decodificar.

Aceitar não é mesma coisa. É fazer juízo subjetivo de si próprio e relacioná-lo ao problema. Ao estabelecer essa relação, o analista avalia a si mesmo, valorativamente. Isso ocorre porque, antes de aceitar, ele precisa ter certeza se merece ou não aquela realidade factual. A análise se dirige mais a si mesmo do que ao problema. E se o problema for algo ruim e o analista for cristão, ele vai aceitar. O cristão foi feito para aceitar. O cristão é um puro. O Cristianismo cultiva o dogma de que não é possível ser feliz, assim, “de mão beijada”. Tem que sofrer antes. “Depois da tempestade vem a bonança”. “Sem luta não há vitória”.

Não se chega a dizer que estão errados. São cristãos e ponto.

O não cristão pensa diferente. Está solto no mundo e é livre para pensar sobre o que lhe for conveniente. Depois de compreender, tem liberdade para aceitar ou não. Consegue entender que algum sofrimento pode até existir, mas que isso não é regra. A regra é a felicidade. Não necessariamente precedida de tempestade. Não se chega a admitir, peremptoriamente, que estejam certos. Não são cristãos e ponto.

É preciso acreditar que no fim do arco-íris tem um pote cheio de moedas de ouro. É bento que bento é o frade, na boca do povo...