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Sociedade Sem Classe

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Por:   •  15/11/2014  •  3.135 Palavras (13 Páginas)  •  483 Visualizações

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1. AS MASSAS:

(P.355) Nada caracteriza melhor os movimentos totalitários que a surpreendente facilidade com que são substituídos. (...)

(P.356) Essa impermanência tem certamente algo a ver com a volubilidade das massas e da fama que as tem por base; mas seria talvez mais correto atribuí-la à essência dos movimentos totalitários, que só podem permanecer no poder enquanto estiverem em movimento e transmitirem movimento a tudo o que os rodeia.

Seria um erro esquecer, em face dessa impermanência, que os regimes totalitários, enquanto no poder, e os líderes totalitários, enquanto vivos, sempre “comandam e baseiam-se no apoio das massas”. Não se pode atribuir essa popularidade ao sucesso de uma propaganda.

(P.357) Pois a propaganda dos movimentos totalitários, que precede a instauração dos regimes totalitários e os acompanha, é tão fraca quanto mentirosa, e os governantes totalitários em potencial geralmente iniciam suas carreiras vangloriando-se de crimes passados e planejando crimes futuros. A experiência mostrou que o valor propagandístico do mal e o desprezo geral pelos padrões morais, supõem-se ser o fator psicológico mais poderoso na política.

Mas o que é desconcertante no sucesso do totalitarismo é o verdadeiro altruísmo dos seus adeptos. É compreensível que as convicções de um nazista ou bolchevista não sejam abaladas por crimes cometidos contra os inimigos do movimento; mas mesmo quando ele próprio se torna vítima da opressão, quando é incriminado e condenado, esta disposto a colaborar com a própria condenação e morte para que seu status como membro do movimento permaneça intacto.

(P.358) A identificação com o movimento e o conformismo total parecem ter destruído a própria capacidade de sentir, mesmo que seja a tortura ou o medo morte.

Os movimentos totalitários objetivam e conseguem organizar as massas (não as classes e nem os cidadãos). Todos os grupos políticos dependem da força numérica, mas não na escala dos movimentos totalitários, que dependem da força bruta, a tal ponto que os regimes totalitários parecem impossíveis em paises de população relativamente pequena.

Depois da Primeira Guerra mundial, uma onda antidemocrática e pró-ditatorial de movimentos totalitários varreu a Europa.

(P.360) Em todos esses paises menores da Europa, movimentos totalitários precederam ditaduras não totalitárias, como se o totalitarismo fosse um objetivo demasiadamente ambicioso, e como se o tamanho do país forçasse os candidatos a governantes totalitários a enveredar pelo caminho da ditadura de classe ou partido. Sem muita possibilidade de conquistar territórios, os ditadores desses pequenos países eram obrigados à moderação, sem as quais corriam o risco de perder os poucos súditos de que dispunham.

(P.361) A moderação não se devia tanto ao receio dos governos de que pudessem haver rebeliões populares; resultavam de uma ameaça mais séria: O despovoamento de seus próprios países. Somente onda há grandes massas supérfluas que podem ser sacrificadas é que se torna viável o governo totalitário, diferente do movimento totalitário.

Os movimentos totalitários são possíveis onde quer que existam massas que desenvolveram certo gosto pela organização política. As massas não se unem pela consciência de um interesse comum e falta-lhes aquela específica articulação de classes que se expressa em objetivos determinados, limitados e atingíveis. As massas existem em qualquer país e constituem a maioria das pessoas neutras e politicamente indiferentes, que nunca se filiam a um partido e raramente exercem o poder de voto.

(P.362) O sucesso dos movimentos totalitários entre as massas significou o fim de duas ilusões dos países democráticos.

A primeira foi a ilusão de que o povo participava ativamente do governo e todo individuo simpatizava com um partido ou outro. Esses movimentos, pelo contrário, demonstraram que as massas politicamente neutras e indiferentes podiam facilmente constituir a maioria nem país de governo democrático e que, portanto, uma democracia podia funcionar de acordo com as normas que eram na verdade aceita apenas por uma minoria.

A segunda foi de que essas massas politicamente indiferentes não importavam, que eram realmente neutras e que nada mais constituíam senão um silencioso pano de fundo para a vida política da nação. Agora, os movimentos totalitários demonstravam que o governo democrático repousava na silenciosa tolerância e aprovação dos setores indiferentes e desarticulados do povo.

(P.363) É difícil perceber onda as organizações da ralé do séc. XIX diferem dos movimentos de massa do séc. XX, porque os modernos líderes totalitários não diferem muito em psicologia e mentalidade dos antigos líderes da escória. Embora o individualismo caracterizasse tanto a atitude da burguesia como a da ralé em relação a vida, os movimentos totalitários podem afirmar terem sido os primeiros partidos realmente anti-burgueses.

(P.364) A relação entre a sociedade de classes dominada pela burguesia e as massas que emergiram do seu colapso não é a mesma entre a burguesia e a ralé, que era um subproduto da produção capitalista. As massas tem em comum com a ralé apenas uma característica, ambas estão fora de qualquer ramificação social e representação política normal.

O colapso do sistema de classes significou o colapso do sistema partidário, porque os partidos, cuja função era representar interesses, não mais podiam representá-los, uma vez que a sua fonte e origem eram as classes.

(P.365) O primeiro sintoma do colapso do sistema partidário não foi a deserção dos antigos membros do partido, mas o insucesso em recrutar membros dentre a geração mais jovem e a perda do consentimento e apoio silencioso das massas desorganizadas, que subitamente deixavam de lado a apatia e marchavam para onde vissem oportunidade de expressar a sua violenta oposição.

A queda das paredes protetoras das classes transformou as maiorias adormecidas, que existiam por trás de todos os partidos, numa grande massa desorganizada e desestruturada de indivíduos furiosos que nada tinham em comum exceto a noção de que as esperanças partidárias eram vãs.Essa massa de homens insatisfeitos e desesperados aumentou rapidamente na Alemanha e na Áustria após a Primeira Guerra Mundial.

Foi nessa atmosfera de colapso da sociedade de classes que se desenvolveu a psicologia do homem-de-massa da Europa. Julgava, a si próprio, em termos de fracasso individual e criticava o mundo em termo de injustiça específica. Esse egocentrismo trazia consigo um claro enfraquecimento do instinto

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