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Por:   •  13/3/2015  •  2.590 Palavras (11 Páginas)  •  286 Visualizações

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Historiador francês, Fustel de Coulanges nasceu em Paris a 18 de Março de 1930 e morreu em Massy a 12 de Setembro de 1889. Em 1850 matriculou-se na École Normale Supérieure de Paris, transferindo-se em 1853 para a Escola francesa de Atenas. Entre 1853 e 1858, esteve ocupado em estudos e pesquisas arqueológicas na ilha de Quio. Em 1858, doutorou-se, defendendo a tese Polybe ou La Grèce conquise par lês romaim (Políbio ou a Grécia conquistada pelos romanos), e em 1860 foi nomeado professor de história na faculdade de letras de Strasbourg, onde permaneceu até 1870. Lecionou a seguir na faculdade de letras de paris e em 1878 assumiu a cadeira de história medieval na Sorbonne. Seu último cargo importante foi o de diretor da École Normale Supérieure, a partir de 1880.

Fustel de Coulanges reformou o método dos estudos históricos na França, sendo responsável por uma abordagem mais científica dos temas da história antiga. Opunha-se à mera erudição livresca, preferindo valorizar o testemunho dos fatos históricos, fornecido pelos textos da época e pelas tradições, de modo a imprimir maior objetividade aos seus estudos. Pretendia assumir uma total imparcialidade diante dos fatos, em atitude bem diversa da dos historiadores românticos que o precederam, como Michelet, sobretudo pela determinação de evitar a confusão entre o estudo histórico e outros interesses. Seu método, bem como suas concepções da história antiga e da história francesa, suscitaram muitas polêmicas e acusações. Aqueles que o defendem asseguram o respeito e a confiança que inspiram as obras de Coulanges por terem sido baseadas em documentos e na análise direta dos textos. Em contraponto, seus críticos ferrenhos o acusam de demonstrar pouco conhecimento paleográfico, o que o teria induzido a numerosos erros de interpretação. Além disso, para estes, sua filologia era duvidosa e sua concepção de história mecanicista. Apesar das críticas, sua obras possuem uma imensa riqueza de informações. A maior parte dos estudos de Coulanges versa sobre as instituições feudais da França antiga, entre eles o mais importante, a Histoire dês institutions politiques de l´ancienne France (1875; História das instituições políticas da França antiga), em que minimizou o papel das invasões germânicas na organização política e no estabelecimento das instituições feudais, cujas origens procurou entre as antigas instituições gaulesas. Essa obra e várias outras em que sustentou as origens do sistema feudal provocaram acirradas polêmicas.

Contudo, o trabalho que o consagrou foi La cite antique (1864; A cidade antiga), em que estuda a evolução política e social das antigas Grécia e Roma. Nesta obra o historiador dá singular destaque às crenças religiosas e seu papel ímpar como causa de um processo evolutivo ocorrido tanto em Roma quanto na Grécia. Josep Fontana em a Historia dos homens style="">[1]. Para este autor, a cidade antiga serve à visão da direita francesa, pois defende a propriedade privada como eterna e combate a quem imagine que tenha existido alguma vez o comunismo. No fim de sua vida Fustel extremou sua atitude nacionalista, defendeu a erudição francesa contra a crítica hermenêutica e filosófica alemã e, além disso, estudou as instituições políticas da antiga França para combater a visão liberal. Contudo, Fontana observa que Fustel não foi apenas o historiador da direita, estimado pela corte de Napoleão III, onde deu cursos especiais para a imperatriz Eugênia foi, pelo contrário, muito influente em outros meios. A cidade Antiga até hoje é citada em inumerosas obras realizadas por filósofos, sociólogos e, claro, historiadores, além das influências diretas como a transmissão da preocupação pelo religioso aos sociólogos Durkheim e Mauss[2].

A Cidade Antiga é escrita de forma linear progressista, forma que vai ao encontro dos conceitos e hipóteses defendidas pelo autor. Na obra há uma clara concepção progressista de história, a sociedade humana está num processo de evolução e desenvolvimento. Assim o autor inicia sua explicação desta evolução a partir das instituições gregas e romanas, instituições resultantes das crenças religiosas destas sociedades. A tese de Fustel centra-se no papel das crenças religiosas para a formação dos diferentes tipos de organização social e instituições políticas de um grupo humano. A partir desta concepção traça-se um paralelo entre o processo histórico de diferentes sociedades com base em uma classificação das crenças religiosas, ou seja, crenças semelhantes resultam em instituições e processo histórico semelhantes. Apesar da obra possuir um grande volume sua linguagem e forma didáticas de expor seu raciocínio tornam a leitura fácil e prazerosa, por isso A Cidade Antiga também é considerada uma obra literária. Por ter um grande volume foi dividida pelo autor em cinco livros ou partes, onde cada livro destes se subdivide em pequenos capítulos. Pelos títulos destes livros pode-se perceber a linearidade da obra e o papel protagonista dado às crenças religiosas e à família. Além disso, vê-se a concepção da idéia de causa e efeito, por isso a idéia linear teleológica da história.

Os títulos de tais livros são os seguintes: o primeiro livro se chama Crenças Antigas, o segundo A Família, o terceiro A cidade, o quarto As revoluções e o quinto Desaparece o regime municipal. Assim, Fustel inicia a obra caracterizando as crenças dos antigos, pois para ele são delas que resultam as formas de instituições e a leis que regulam estas sociedades. As leis e o direito ganham nesta obra grande destaque na medida em que estes são reflexos das crenças e das formas de organização política e social de uma sociedade humana. O historiador busca no passado a explicação para o presente, nas suas palavras o homem é o produto e o resumo de todas as suas épocas anteriores[3]. E, a maneira de se de se compreender uma sociedade, incluindo a que vivemos, é conhecer suas crenças e relações familiares a partir de suas leis e regulamentos, pois não são as regras que impõem os comportamentos, mas, pelo contrário, surgem como necessidade de especificar e organizar os costumes em um corpo unificado de leis. Se as leis da associação humana já não são as mesmas das da antiguidade, o motivo está em que algo do próprio homem se transformou[4].

Pelas razões acima informadas Fustel de Coulanges atribui significativa importância às constituições e conjunto de leis. Além de usar obras de autores da época como fonte, as leis e a própria língua são importantes meios de reunir informações sobre uma sociedade, ou seja, são também fontes indispensáveis para a compreensão de uma sociedade de determinado contexto histórico. A forma, as linhas gerais da obra e seus objetivos são definidos

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