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Conceitos Históricos

Por:   •  15/7/2023  •  Resenha  •  1.659 Palavras (7 Páginas)  •  45 Visualizações

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Conceitos  Históricos

Este trabalho advém das reflexões da disciplina: Introdução de Conceitos Históricos, que partiram das leituras, que perpassam desde a construção do conceito de história como disciplina e ciência ao longo do tempo, a relação entre história e memória, as fontes históricas e as suas co-relações com o historiador e a produção da historicidade. Toda essa discussão será permeada por Le Goff, Marc Bloch, Ciro Flamarion e Loiva Otero.

Uma das obras, mais surpreendente apresentada pelo professor, foi o livro: Apologia da história ou ofício de historiador de Marc Bloch, inusitada pelo seu contexto histórico (como e onde  foi escrito) e pelo seu conteúdo que aprimorou o conhecimento da graduanda. Outra obra, que foi de difícil compreensão num primeiro momento, História e Memória de Jacques Le Goff, que trouxe toda uma discussão do que vem a ser história,  memória e a relação entre elas. Ambos autores fizeram partes da escola dos Annales, que penso ter sido um divisor de água, na história.

As obras citadas acima, foram produzidas na década de 40, justamente num momento em que a história enquanto disciplina e área do conhecimento, passava por uma espécie de crise, diante do avanço de outras disciplinas, como a sociologia, a economia, a antropologia, havia uma certa impressão de que a história estava perdendo a sua relevância em relação às outras disciplinas, que também, faziam pesquisas/ estudos históricos (como é até hoje).

Neste contexto, havia preocupação por parte dos historiadores, definir quais eram as particularidades do estudo da história enquanto disciplina, os seus objetos de estudo e a sua cientificidade.

A distância entre a história e sociologia, história e economia, história e antropologia, é algo que Marc Bloch, chama a atenção em seu livro Apologia da História, mais do que isso, expõe o ofício do historiador em todos os seus âmbitos.

Marc Bloch, afirma que o historiador tem que saber falar tanto para os seus pares, quanto para as pessoas que não têm o conhecimento acadêmico, precisa saber difundir o conhecimento para todos. E que ele tem responsabilidade e que deve “prestar” contas à sociedade, porque possui uma responsabilidade moral, principalmente no momento de  consultar as fontes diversas e na produção de sua escrita.

O autor, critica o historicismo (somente observação dos fatos, não passando pelo crivo da moral) e o positivismo ( a história que convém, com algum propósito), porque o trabalho do historiador, requer interpretação e a criticidade nas fontes, não aceitando que elas sejam uma verdade absoluta, há sempre a necessidade de questionar a sua veracidade. Pois, só assim dará a história o caráter científico.

A história têm método/metodologia e os historiadores buscam uma objetividade, para Ciro Flamarion, “a ciência está inserida no conhecimento e na forma de adquiri-lo”...”busca a natureza do conhecimento histórico” e para Marc Bloch “as fontes são testemunhas sendo de fundamental importância para o conhecimento”, então, é uma ciência em construção, e a conquista do seu método científico, ainda não é completa, pois os historiadores ainda estão descobrindo os meios de análise mais adequados ao seu tempo.

Em relação ao conceito de história, que é a ciência do homem no tempo, Marc Bloch insiste que tudo gira em torno do ser humano, as interações, a vida, que dão a história a sua relevância, o seu sabor. Como afirma: “Ciência dos homens”, dissemos. É ainda vago demais. É preciso acrescentar: “dos homens no tempo”. ( BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício de historiador, p. 55).

Outro fator importante, que Marc Bloch levanta, é que a história precisa dialogar com outras áreas, como a antropologia, economia, psicanálise, etc, para tentar fazer uma história mais completa, ao meu ver globalizada/interdisciplinar.

Para que haja a interdisciplinaridade, o historiador precisa observar e compreender os acontecimentos a sua volta, penso que seja por isso, que a história não seja somente relatos do passado, como afirma Marc Bloch: “A própria ideia de que  o passado, enquanto tal, possa ser objeto de ciência é absurda”. ( BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício de historiador, p. 52)

Então, o historiador estuda o passado para compreender o presente de formar relacionada, não utilitarista, interpretando as fontes, realizando perguntas corretas à elas, “Pois os textos ou documentos arqueológicos, mesmo os aparentemente mais claros e mais complacentes não falam senão quando sabemos interrogá-los”. ( BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício de historiador, p.79) ou seja, as fontes não “falam” por si, elas “falam”, quando o pesquisador realiza questionamentos e busca ser o mais neutro possível/verdadeiro em suas produções escritas. “Uma ciência, entretanto, não se define apenas por seu objeto. Seus limites podem ser fixados, também, pela natureza própria de seus métodos”. BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício de historiador, p. 68)

Diante de toda a discussão acima, Le Goff vem contribuir com o conceito de história e memória, que são diferentes, apesar de sempre estarem interligados e às vezes é difícil diferenciar uma para com a outra.

Le Goff, parece partir do princípio que a História é uma análise crítica do passado, um estudo do presente a partir do passado, “A cultura (ou mentalidade) histórica não depende apenas das relações memória-história, presente-passado. A história é a ciência do tempo. Está estritamente ligada às diferentes concepções de tempo que existem numa sociedade e são um elemento essencial da aparelhagem mental dos seus historiadores” ( GOFF, Jacques Le, História e Memória p. 52),  e que fazer história é um trabalho intelectual, como também afirma Loiva Félix: “... a história como campo do conhecimento, é um exercício intelectual, organizado e problematizado…”, que tenta restaurar a memória (não esquecendo da criticidade no uso das fontes, que também foram levantadas por Marc Bloch). entender como essas fontes foram produzidas, usar teorias como ferramenta de estudo e realizar uma interpretação desse passado. Como Le Goff,  afirma em seu livro, História e Memória: “... a memória não é a história, mas um dos seus objetos e simultaneamente um nível elementar de elaboração histórica” (p. 49).

A memória é um conhecimento do passado, que é guiado pelo presente que bebe nas lembranças individuais, coletivas e de “jogos” de poder/interesse, segundo Loiva Félix: “...a memória é uma construção social a partir das tensões e experiências das pessoas e grupos... Geralmente, a memória glorifica ou destrói parte do passado (aquilo que quer ou não lembrar), carrega julgamentos morais, a respeito dos eventos que é lembrado, que podem ser mudados com o passar dos anos ou interesses pessoais.

Por outro lado, a memória esconde elementos do passado que não servem a narrativa que se quer defender, isto é, uma reconstrução do passado para atender interesses do presente, que podem ser econômicos, políticos, culturais, individuais, etc.

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