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Elizabeth: Uma Rainha "a Frente" De Seu Tempo Mostrada Pelo Diretor Shekhar Kapur

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Por:   •  21/5/2014  •  4.286 Palavras (18 Páginas)  •  502 Visualizações

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Elizabeth: uma rainha “a frente” de seu tempo mostrada pelo Diretor Shekhar Kapur

Clara da Rosa Pereira

Esse artigo tem como objetivo analisar uma representação cinematográfica da figura da rainha Elizabeth, que reinou na Inglaterra dos anos de 1558 a 1603.

A Inglaterra, retratada no filme, está em constante ameaça de invasão por questões religiosas, principalmente pela Espanha com o rei católico Felipe II. O filme começa com uma cena em vitrais, onde aparece Felipe II, suas tropas, inquisidores e as seguintes legendas: “1585/ A Espanha é o império mais poderoso do mundo/ Felipe de Espanha, católico devoto/ Mergulhou a Europa numa guerra santa/ Apenas a Inglaterra resiste a ele/ Governada por uma rainha protestante/ ELIZABETH”. Logo a seguir, aparece Felipe II se encontrando com sua filha, a infanta Isabel, e dizendo que a Armada logo irá surgir. Eles caminham em direção a uma janela para serem vistos por seus súditos, mas somente Isabel aparece publicamente segurando uma boneca da rainha Elizabeth. O rei Felipe II, em todo o filme foi retratado como um louco e era conduzido por sua filha.

Ao mesmo tempo, a Inglaterra está passando por sua “era de ouro”. Por ser Elizabeth uma rainha protestante e por não ter sua ascensão ao trono reconhecida pelos católicos (caso da Espanha), Felipe II, junto com Mary Stuart (prima de Elizabeth e rainha dos Escoceses) e outros católicos, estão tramando a retirada da rainha do trono inglês. A rainha Maria Stuart, está aprisionada em um castelo e dali se comunica com seus súditos (ingleses católicos) através de bilhetes que mais tarde serão descobertos por Sir. Francis Walsingham.

Elizabeth será sempre, na obra, induzida a agir contra os católicos por seus conselheiros que dizem “Essa inércia é vista como fraqueza”. Aos quais ela responde, “Se meu povo violar a lei, deverá ser punido. Até então, deverá ser protegido”. Nota-se uma rainha sempre ponderada e inteligente, com muita clareza em seus atos, fria e calculista. Mesmo com seus conselheiros dizendo para ela temer os católicos, ela responde: “O medo gera medo. Não ignoro os perigos, Senhor. Mas não punirei o meu povo por suas crenças. Apenas por suas ações.”. E aí se vê a sua perspicácia perante os atos, seu poder como rainha, a sua superioridade enquanto pessoa. Ela se dirige aos seus conselheiros com um timbre de voz que, ao mesmo tempo demonstra decisão e impossibilidade de ser contrariada. A partir de um certo momento do filme, notamos que as câmeras não estão filmando mais na altura dos olhos da rainha e não estão mais estáticas, além de ter uma mudança na trilha sonora. Isso se dá por dois motivos: um pelo perigo da invasão e outro é a sua vida pessoal que está sendo instigada por Walter Raleigh (um corsário inglês que voltou para a Inglaterra), trazendo não só notícias sobre o “Novo Mundo”, mas paixão e desejo a essa rainha magnânima.

O filme mostra cenas intercaladas da rainha Elizabeth, do rei Felipe II da Espanha e de Mary Stuart na prisão, dando movimento e coesão à obra. São importantes essas intercalações, pois mostram que os fatos estão acontecendo num mesmo tempo, acrescentando um toque de “realidade”. A obra pode ser enquadrada como um “filme histórico clássico”. No comentário do Diretor Shekhar Kapur sobre o filme, ele explicita que o seu primeiro filme sobre a rainha Elizabeth, Elizabeth, era pra ser sobre o poder, mas notou que fez sobre a sobrevivência no contexto do poder. Sendo assim, resolveu que teria mais para falar sobre poder e

Assim fizemos o segundo, que é sobre o poder absoluto. O que é poder absoluto? Ao se tornar poderoso, você vira divino. Quando vira divino, você é adorado e se torna imortal. Quem é você quando vira imortal e se torna divino?

Segundo a citação acima, percebemos que o filme pretende falar da rainha Elizabeth como pessoa poderosa, divina e, também, humana. Elizabeth, em algumas cenas é mostrada como divina, seja por colocações explícitas (afirmações verbais, feitas pelos personagens) ou colocações implícitas (afirmações não-verbais feita pelo contexto da cena). Essa frase do diretor também pode ser entendida como uma reafirmação à monarquia, principalmente a britânica “atual” (falaremos sobre o assunto mais adiante). Ao mesmo tempo, é mostrada como humana, demonstrando medo, fraqueza, amando, errando, enfim, qualidades e defeitos que são humanos. Sendo assim, dividirei em subtítulos que falarão de poder, da humanidade e da divindade atribuídos à rainha Elizabeth no filme.

A Divindade

Em muitas cenas podemos notar a sua caracterização como uma rainha quase divina, em busca de sua divindade. O diretor nos chama atenção para isso, ao afirmar que, quando se assume um poder absoluto, você vira divino. Era comum no pensamento da época em que Elizabeth reinou, acharem que o rei e rainha eram divinos e reinavam por serem divinos. A divinização fazia parte do processo. Sendo divino, era incontestável, sendo incontestável, era absoluto. É difícil separar o poder da divindade e a divindade do poder.

A divindade de Elizabeth é afirmada e a sua parte “humana” vai sendo destruída no filme. De um lado uma rainha humana com qualidades e defeitos. De outro, uma rainha perspicaz, inteligente. Mesmo em horas humanas, a rainha tem “Deus” a seu lado. Uma das cenas que se enxerga “a olho nu” a rainha divinizada, é quando sofre um atentado. Ela está rezando numa igreja quando entra o assassino com uma arma de fogo e grita: “Vagabunda!”. Elizabeth se vira calmamente e caminha em direção a ele. Nessa hora, a rainha fica muito iluminada, como se fosse alguma divindade, além da trilha sonora “angustiante” e forte. Segundo o diretor, pode-se notar que o destino de Elizabeth é maior do que ela sente naquele momento, pelo modo que a cena foi filmada: “em que a cena sobe da rainha para os céus, quase até Deus (...)”. Através da fala do diretor, notamos a exaltação de Elizabeth, que ainda não cumpriu o seu destino, de ser divina e, também, não tem medo de cumpri-lo. Não se sabe ao certo se a rainha foi baleada ou não, mas, no filme, foi tomada a decisão de que ela não seria baleada, dando a entender que seria um milagre a arma estar sem bala. Segundo o diretor: “Vemos pelos olhos dele (assassino) e reconhecemos o divino”, o assassino reconhece a divindade da rainha Elizabeth.

Por causa da investigação de Sir Walsingham, descobre-se o envolvimento da rainha Mary Stuart, prima de Elizabeth que estava presa em um castelo, no atentado e em armações contra a rainha. O carcereiro avisa que a “rainha saiu ilesa”, se dirigindo

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