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Evolucao Conceito Trabalho

Artigo: Evolucao Conceito Trabalho. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/9/2013  •  2.131 Palavras (9 Páginas)  •  744 Visualizações

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EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE TRABALHO

1 – CONFLITO ENTRE TRABALHO E REALIZAÇÃO

O ser humano durante toda sua vida persegue um único objetivo: ser feliz, sentir-se realizado. Mas a realização humana é algo desde sempre incompleto, é um eterno vir-a-ser. É essa constante busca de realização que permite ao ser humano transformar o seu meio natural e, com isso, fazer história. É nessa ação de transformar a realidade à sua volta que o ser humano encontra momentos de satisfação, de realização de seus projetos, ainda que, paralelamente a isso, esteja gerando novos desejos e ansiedades. A realização de um sonho, de um projeto é um estímulo para o início de um outro. E toda realização humana se faz por meio do trabalho. Mas apesar de a realização (a felicidade) somente vir por meio do trabalho, há uma enorme distância entre realização e trabalho. O conflito gerado entre trabalho e realização deve-se, além de ser associado à tortura e ao sofrimento, ao fato de que na sociedade os trabalhos realizados pelos trabalhadores não são projetos seus e nem mesmo são seus os frutos de seus esforços. Longe de ser sinônimo de criação e de transformação, o trabalho que desenvolvem torna-se opressivo e estafante.

2 – HISTÓRIA DO TRABALHO

O trabalho na antiguidade greco-romana

Para o filósofo Aristóteles a diferença social entre os homens era natural, não havendo contradição alguma na divisão que se impunha entre o trabalho manual e as atividades intelectuais e políticas. Na cultura grega, cabia aos cidadãos a organização e o comando da polis. Ao cidadão era proibido o trabalho braçal, já que ele deveria ter o tempo livre – ócio– para se dedicar à reflexão e ao exercício da cidadania e do bem-governar. Por ser rotineiro e não exigir capacidade reflexiva, o trabalho manual era considerado atividade degradante (indigna), relegada a escravos e não cidadãos. Em Roma, permaneceu a divisão entre a arte de governar e o trabalho braçal. Sendo o império fundado na escravidão, o trabalho braçal era visto como degradante e destinado aos povos dominados, tidos como seres inferiores. Trabalhar, para o cidadão romano, era negar o ócio (negotium), negar o tempo livre e o lazer.

O trabalho na Idade Média

A Idade Média ocidental-cristã não alterou substancialmente o conceito de trabalho. Organizada com base numa economia de subsistência, grande parcela da população, apesar de livre em relação aos senhores proprietários, encontrava-se presa à terra, em luta diária pela sobrevivência. O trabalho era visto como meio de subsistência, de disciplina do corpo e de purificação da mente. Assim, servia de instrumento de dominação social e de condenação a qualquer rebeldia à ordem instituída. Se entre os gregos a escravidão era justificada como algo natural, na Idade Média cristã a servidão era justificada pela ordem divina.

A ética capitalista do trabalho

É da época do Renascimento a crença de que o trabalho é inerente ao ser humano, isto é, faz parte da essência humana o desejo e a necessidade do trabalho. O fim da servidão medieval determinou ao homem a liberdade de conquistar, com o suor de seu próprio rosto, o reconhecimento como cidadão.

Nicolau Maquiavel afirmava que os seres humanos trabalham por necessidade ou por escolha, afirmando haver mais virtude no trabalho realizado por escolha.

Martinho Lutero afirmava ser o trabalho uma forma de purificação e adquiria sucesso na profissão aqueles que eram dignos da Providência Divina. Por conseqüência, a ociosidade (moleza, preguiça) passou a ser sinônimo de negação de Deus. Só se mostrava a verdadeira fé pelo trabalho incessante e produtivo.

Adam Smith afirmava que a riqueza de uma nação dependia essencialmente da produtividade baseada na divisão do trabalho. O que antes era executado por um único trabalhador, agora é decomposta e executada por diversos trabalhadores, que se especializam em tarefas específicas e complementares. Só o trabalho produtivo, fundado na máxima utilização do tempo, dignificava o homem.

3 – O MUNDO MODERNO E O VALOR DADO AO TRABALHO

“Cada homem vive do seu trabalho, e o salário que recebe deve pelo menos ser suficiente para mantê-lo. (...)” Adam Smith

O valor do trabalho segundo Adam Smith é fornecer ao trabalhador o mínimo necessário para sobreviver e procriar novos operários. Assim como para os escravos da Antiguidade e os servos da Idade Média, a realização que os trabalhadores assalariados deveriam esperar de seus esforços na produção das fábricas era a de poder sobreviver e procriar. Do mesmo modo como na sociedade greco-romana, os prazeres do espírito ficam reservados à elite, e ao trabalhador, em geral, resta o exercício do trabalho braçal. O mundo moderno proporcionou exatamente o contrário daquilo que os trabalhadores sempre desejaram. A máquina, que seria a libertadora do homem de seu esforço físico, na verdade serviu para aumentar a produtividade, impor um ritmo e uma disciplina do tempo e do esforço.

4 – TRABALHO E ALIENAÇÃO

“A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas.” Karl Marx

O trabalho é criado com a intenção de tornar o ser humano mais independente e mais satisfeito com as conquistas realizadas com seu esforço e dedicação. Porém, a partir da revolução industrial e da evolução do capitalismo o trabalho tem sido motivo de insatisfação e dependência do ser humano em relação ao seu

trabalho. O trabalho vem cada vez mais roubando (limitando ou mesmo inviabilizando) a liberdade e a vontade própria de cada indivíduo. Como trabalhador (operário nas fábricas), o indivíduo não possui vontade própria sobre o que, quanto e como produzir, esse poder de decisão não lhe pertence, como também não lhe pertence o fruto de seu trabalho. O trabalhador não decide seu ritmo de trabalho, seu salário, suas condições de moradia, de alimentação, seu tempo de lazer etc. Transforma-se, portanto, no que Marx chamou de sujeito alienado (alheio). Sujeito alienado, para Marx, é aquele trabalhador que, diante daquele trabalho que realiza, torna-se muito mais um objeto usado para fabricar mercadorias que gerarão riqueza para os capitalistas. O trabalhador alienado tanto se sente como objeto, quanto de fato é tratado como tal – é o chamado processo de coisificação. Ele funciona

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