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HISTÓRIA ORAL E PATRIMÔNIO: O papel da memória e da identidade na construção do projeto do Museu das Águas em Luzilândia

Por:   •  22/4/2020  •  Artigo  •  4.209 Palavras (17 Páginas)  •  177 Visualizações

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HISTÓRIA ORAL E PATRIMÔNIO: o papel da memória e da identidade na construção do projeto do Museu das Águas em Luzilândia

¹ Maria Carvalho Pinto

² Felipe Augusto dos Santos Ribeiro

Resumo: O presente artigo trata de uma revisão de literatura em torno da história oral, objetivando a análise de como esta se relaciona com memórias e identidades, bem como a busca de contribuições deste método de pesquisa no projeto de mestrado que se propõe a elaborar um projeto arquitetônico para o museu das águas na cidade de Luzilândia, Piauí. Para tanto, o trabalho teve seu desenvolvimento pautado em fundamentações de caráter teórico e bibliográfico – estudo e coleta de dados literários já publicados – tais como: Pollak (1992), Ferreira (2002), Meihy (2005), Halbwachs (2006), Alberti (2008) e Rovai (2013). Na busca pela ressignificação das relações estabelecidas entre o patrimônio, o território e a comunidade da cidade luzilandense, ou seja, da paisagem cultural do município, as pesquisas em torno das memorias individuais e coletivas como das identidades contribuem de forma significativa no projeto de concepção do museu.

Palavras-chave: História Oral, Memória, Identidade, Museu.

______________________

¹ Pós-graduação em Artes, Patrimônio e Museologia – Universidade Federal do Piauí – UFPI, Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, pelo Instituto Camilo Filho. E-mail: maria_carvalho@hotmail.com

² Professor – Orientador. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Pós-Doutor - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Brasil. Email: feliperibeiro@phb.uespi.br.

 1. INTRODUÇÃO         

 

Conforme Castriota (2009), o termo patrimônio emana do latim patromonium, e associado ao direito romano, significa o conjunto de bens e direitos que uma pessoa ou uma instituição possui, o que pode configurar herança paterna, bens de família, bens materiais ou morais pertencentes a um indivíduo, a uma mesma instituição, a um povo. Porém, nem tudo o que é considerado patrimônio remete a algo de valor econômico, tornando, desse modo, o termo patrimônio bem mais abrangente.

Preservar o patrimônio cultural é de extrema importância para construção e manutenção da cultura de um determinado grupo, pois ele retém inúmeras informações e significados, sejam de crenças, costumes ou mesmo ideais estéticos, onde a relevância desta iniciativa encontra-se justamente nas singularidades e pormenores de cada lugar.

Compreende-se assim, que o patrimônio identifica, ao tempo que separa uma nação ou uma região, pois valoriza as identidades com suas singularidades. Isso se deve ao seu caráter dinâmico, que se modifica no decorrer da história, ou mesmo atribui diferentes significados e valores, em um mesmo contexto para um mesmo bem, por diferentes grupos.

Consoante Rovai (2013), em 1989 a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, lançou as Recomendações sobre a Salvaguarda da Cultura e Tradição Popular, destacando a importância dos modos de viver, saberes e fazeres das comunidades tradicionais, tidas como “tesouros da humanidade”.

Posteriormente em 1993, a mesma instituição afirmou que as comunidades portadoras da tradição deveriam ser protegidas – em virtude de suas fragilidades perante os empreendimentos capitalistas que se apoderam de suas produções, comercializações e mesmo ao cúmulo de seus direitos autorais em torno dos bens criados – considerando que estas continuassem a transmitir seu patrimônio às novas gerações, produzindo-o e decidindo a respeito de suas aplicações, significados e funções, afirmando ainda o papel fundamental do Estado na produção de políticas públicas que levem ao êxito desse processo (ROVAI, 2013).

No Brasil, em 2020 foi instituído o Registro dos Bens Culturais de Natureza Imaterial e o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial, com o Inventário de Nacional de Referências Culturais – INRC, no qual abraçam paisagens naturais, artes, ofícios, expressões, festas e lugares a que a memória social atribui sentido, pertencimento, afetividade e raízes.

Diante do exposto, nota-se no espaço da sociedade contemporânea, uma grande preocupação com a perda de sentido do passado, o que tem levado a muitas comunidades e instituições a buscarem pela manutenção das tradições, identidades e a memória viva de seu povo nas suas mais diversas manifestações. Destaca-se aqui, que estes podem ser transmitidos as novas gerações por meio da oralidade, que passa a atuar como um elo entre passado e presente. De acordo com Ferreira (2002, p. 326) a história oral pode ser aplicada como “um instrumento privilegiado para recuperar memórias e resgatar experiências de histórias vividas”.

É nesse sentido que a presente pesquisa tem como foco uma revisão de literatura a cerca da história oral, objetivando explorar as relações desta com memórias e identidades, bem como a busca de contribuições deste método de pesquisa no projeto de mestrado que se propõe a elaborar um projeto arquitetônico para o museu das águas na cidade de Luzilândia, Piauí. Para tanto, o trabalho teve seu desenvolvimento pautado em fundamentações de caráter teórico e bibliográfico – estudo e coleta de dados literários já publicados – tais como: Alberti (2008), Ferreira (2002), Meihy (2005), Pollak (1992), Rovai (2013).

2. HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA E IDENTIDADE

Segundo Queiroz (1987), a oralidade ao longo dos séculos pode ser considerada como a maior fonte humana de preservação e divulgação de saberes, em outras palavras, a mais significativa fonte de dados para a ciência em geral, destacando que a palavra antecedeu a escrita, em que a mesma, quando concebida não foi mais que a cristalização do relato oral. Gonçalves e Lisboa acrescentam (2007, p.85) que “ a fonte oral constitui como base primária para a obtenção de toda forma de conhecimento, seja ele científico ou não.

Se podemos arriscar uma rápida definição, diríamos que a história oral é um método de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica etc.) que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo. Como consequência, o método de história oral produz fontes de consulta (as entrevistas) para outros estudos, podendo ser reunidas em um acervo aberto a pesquisadores. Trata-se de estudar acontecimentos históricos, instituições, grupos sociais, categorias profissionais, movimentos, conjunturas, etc., a luz de depoimentos de pessoas que deles participaram ou testemunharam (ALBERTI, 2008, p.18).

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