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Máquina de Fazer Machos: Gênero e práticas culturais

Por:   •  27/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.033 Palavras (5 Páginas)  •  690 Visualizações

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ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Máquina de fazer machos: gênero e práticas culturais, desafios para o encontro da diferença. Disponível em http://eventos.uece.br/siseventos/processaEvento/evento/downloadArquivo.jsf;jsessionid=edc65019d586a5b1c9b61237f6c5.eventoss1?id=231&diretorio=documentos&nomeArquivo=231-17102015-164136.pdf&contexto=encontroextensaofafidam acesso em 15 de Setembro de 2017.

Resumo: O artigo que está em análise é de autoria de Durval Muniz de Albuquerque Júnior, doutor em História pela UNICAMP, e atualmente é professor permanente do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o mesmo trabalha com a perspectiva de pesquisa voltada para a área de gênero, nordeste, masculinidade, identidade, cultura, biografia histórica e produção de subjetividade. O artigo trabalha bastante como a temática do que seria um “macho autêntico”, e se tal existiria verdadeiramente.

Palavras-chaves: Macho; Homem; Corpos; Mentalidades.

  • O presente artigo começa com algumas indagações a respeito da “macheza” ou do que ela supostamente seria, “Mas o que é ser macho? Através de que traços nós delineamos e definimos o perfil de um macho? Como podemos saber que a pessoa que está a nossa frente é um macho de verdade?” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.1).
  • Isso já proporciona vários questionamentos que se pode fazer a sociedade patriarcal, questionamentos que muitas vezes não são feitos, pois se assim acontecesse iria corroer a estrutura desta.
  • Diante disso, Durval salienta que a análise do suposto macho possa ser feita a partir de seu corpo, um corpo que não apresenta “Nenhuma delicadeza, corpo rústico, rude, quase em estado de natureza, recendendo a suor e testosterona, viril, másculo. Corpo onde se ressaltem pêlos, músculos, que transpareça força e potência.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.1).
  • Porém, Durval não se prende somente nas questões do biológico, ele vai além e busca entender o macho através de seu comportamento e atitudes, pois “Um macho não deixa transparecer publicamente suas emoções e, acima de tudo, não chora, não demonstra franquezas, vacilações, incertezas.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.1). Ele é tão áspero e rústico quanto uma pedra, de forma que se tais atitudes não existem em um homem ele é categorizado como feminino, ou seja, é colocado em uma situação de inferioridade, já que o feminino, no contexto de uma sociedade machista e patriarcal, sempre é considerado o inferior.
  • Talvez seja difícil ou até impossível um homem se enquadrar por inteiro no perfil de macho que a sociedade impõe, são tantas “regras”, tantas atitudes grosseira, que até o mais rude dos homens escapa ao padrão “macho alfa”.
  • “Que conseqüências esta centralidade do masculino têm para os próprios homens e para as mulheres?” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.2) É o questionamento chave que o autor faz, que de certa forma paira sobre todo seu artigo. O quanto essas atitudes são prejudiciais aos indivíduos, tanto aos homens, como principalmente as mulheres, que são vítimas de atitudes machistas cotidianamente, e tudo isso em nome de que? Ou de quem?
  • Além disso, o autor aborda a importância que o movimento feminista vem desempenhando, desde a década de 1960, na desconstrução do ser macho e ser fêmea, para o feminismo “Ninguém nasceria masculino ou feminino, mas se tornaria masculino ou feminino...” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.2) a partir das imposições culturais, que de certa forma são consideradas normais ou ideais, e assim o configurar-se-ia o homem e a mulher, o macho e a fêmea, o superior e o inferior. E é ai que mora o perigo, pois como define o movimento feminista, essas ideias se tornam tão naturalizadas, que as pessoas esquecem que tais relações, homem e mulher, macho e fêmea, são construções sociais.
  • Tais pensamentos, proporcionariam um corpo masculino que “(...) teme a fuga, teme o desejo, teme o afeto, teme tudo que o possa arrastar para fora de si mesmo, possa gerar o descontrole, a abertura, a fragmentação, a viagem.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.3), já que tais atitudes são “características” do feminino. Além de se moldar o corpo do homem, a sociedade patriarcal define o corpo da mulher como algo que é “(...) sensível, sedutor, erótico, macio, móvel, insinuante, que arrastaria o homem para a perdição, para a perda de si mesmo.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.3) no qual, levaria ao homem o desvio de seu destino, que seria uma vida espiritualizada e intelectual.
  • O autor propõe algo que seria fundamental para a desconstrução das mentalidades machistas, que moldam o corpo masculino, ele argumenta que é necessário politizar o corpo masculino, por meio da introdução do homem como estudos dos feminismos, pois

Se os estudos de gênero afirmaram o caráter relacional das definições de gênero, dos modelos de gênero, as mensagens e práticas feministas não devem estar voltadas apenas para um lado da relação, mas devem se dirigir aos dois agentes das relações de gênero. (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.5)

  • Isso se faz necessário, é preciso reeducar os homens, mostra-los modelos alternativos de subjetividade, para que este possam se elaborarem, e descontruir essa mentalidade social que vive em função do macho, “pois a masculinidade entre nós é letal, morremos de masculinidade, matamos por masculinidade, para afirmá-la, por afirmá-la.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.6). Só por meio dessa reeducação poder-se-ia compreender que o homem é um ser portador de sentimentos e emoções, e não um ogro das lendas medievais.
  • “Todos os homens temem não ser e no fundo acham que ainda não são homens o suficiente.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.7) esse é o fantasma que assombra a mente dos homens, oriundo da mentalidade machista/patriarcal, pois quando algum destoa de modelo de macho, este é dito como “mulherzinha” ou “viado”. Diante disso, “Para afirmar-se homem deve-se sempre desqualificar, rebaixar, vencer, derrotar, feminilizar um outro homem.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.7).
  • No final de seu artigo, Durval Júnior, retoma novamente a ideia de que para tais mentalidades machistas serem descontruídas faz-se necessário que os feminismos “(...) incluísse os homens como sujeito e como objeto de suas práticas e discursos.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.8), além disso, “Os homens devem, antes de mais nada, ser convencidos de que redefinir o masculino é uma necessidade e uma urgência para os próprios homens.” (ALBUQUERQUE JUNIOR, p.8)
  • De forma geral, deve-se questionar as relações machistas estabelecidas na sociedade. Por fim, o autor aponta para as mudanças que já começam a acontecer, mudanças como a desfragmentação da família tradicional, o fim das sobrecargas para com as mulheres, e o fim de homens e mulheres incapazes de sentir afetos e sentimentos.

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