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OS MOVIMENTOS MISSIONÁRIOS

Por:   •  1/11/2018  •  Resenha  •  5.058 Palavras (21 Páginas)  •  120 Visualizações

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OS MOVIMENTOS MISSIONÁRIOS

Os movimentos missionários no Brasil português podem ser distinguidos por quatro movimentos, formando assim quatro momentos da colonização portuguesa. O primeiro movimento acompanhou a conquista e ocupação do litoral brasileiro, não somente da costa do pau brasil, mas sobre tudo da zona de mata dedicada ao cultivo do açúcar do Rio Grande do Norte até à região de São Vicente no sul. “O segundo movimento é condicionado pela ocupação do vasto interior brasileiro, o sertão, que foi efetuada através os rios, sobretudo do famoso rio São Francisco”[1].

O terceiro movimento é maranhense, não brasileiro, no rigor da palavra, pois os portugueses consideraram o Maranhão como um estado distinto do estado do Brasil. Após a saída dos franceses da cidade de São Luís, por eles fundada, os portugueses tentaram penetrar na imensa planície do norte do atual Brasil, primeiramente pelos rios maranhenses como Pindará Itapecuru, Mearim, e depois pelo Rio Amazonas. O quarto movimento missionário não pertence á Igreja como instituição clerical, mas ao povo português como povo missionário. O Catolicismo mineiro é fruto de missão leiga, não clerical, só controlado pelo clero após a criação do bispado de mariana em 1745.

O movimento acompanhava o garimpo, com todas as suas vicissitudes e se exprimia na historia das irmandades. Houve outros lugares do Brasil que foram atingidos pela ação missionaria. Estes movimentos missionários obedecem a um ritmo, são na realidade ciclos missionários, ou seja, após anos de dinamismo e florescimento, entram numa fase de estabelecimento e acomodação, conhecem um entusiasmo primeiro que depois vai se amortecendo diante da dureza da realidade inexorável, sendo aos poucos substituídos por estruturas de acomodação, sem inspiração missionária.

O movimento litorâneo tiveram como nomes expressivos os de Anchieta e Nóbrega. O movimento o rio São Francisco e sertões adjacentes tem sua época de vitalidade com os capuchinhos como Martinho de Nantes e os oratorianos, na segunda parte do século XVII. O ciclo maranhense cobre a segunda parte do século XVII e a primeira do século XVIII. Jesuítas como São figueira, Vieira, Bettendorff foram figuras bem expressivas neste período. Por fim o Ciclo mineiro floresce com os ermitões, como Feliciano Mendes e Lourenço de Nossa Senhora durante o século XVIII.

O Caráter Cíclico do trabalho missionário teve suas dificuldades e conflitos surgidos no decorrer da ação missionaria, prova disso foram as perseguições sofridas pelos Jesuítas resultando até em sua expulsão.  Podemos ver que a maioria dessas ações missionarias foram feitas por religiosos, mas e o clero secular? Bem, em primeiro lugar, podemos dizer que o clero secular não teve “boa imprensa” no Brasil. A imprensa estava nas mãos dos religiosos, que difundiram uma imagem bastante negativa do clero secular e de suas atividades.

Muitos dos que chegaram no Brasil vieram por “força maior” ou seja, era um clero degredado, os que foram considerados missionários na Historia do Brasil eram brancos, os padres seculares do Brasil eram mamelucos, filhos de pai branco e mãe índia ou mameluca. O primeiro padre brasileiro foi Diogo Fernandes, filho de Afonso Rodrigues que era um português e Madalena, filha natural do famoso patriarca baiano Caramuru.

O nosso conhecimento da historia das missões no Brasil deve-se ao grande historiador jesuíta Serafim Leite. Dois problemas em relação à leitura da historia das missões no Brasil: em primeiro lugar, historia a partir da instituição, não a partir da antropologia. O seu enfoque é institucional, ele não estuda o homem em primeiro momento, não situa os movimentos missionários dentro de uma visão historia do homem.  Em segundo lugar, Leite faz historia a partir da relação Portugal-Brasil, pois a companhia de Jesus, antes de ser “do Brasil”, era “da Assistência de Portugal”. O movimento jesuítico em particular, como missionário em geral, tem que ser estudado em relação com a África, com Guiné, Moçambique, Angola.

Precisamos aqui antes de entrar no conteúdo principal relativizarmos a influencia real dos movimentos missionários clássicos no Brasil, outras influências foram menos valorizadas pela historiografia que pesaram mais na formação do catolicismo realmente vivido pela grande maioria do povo brasileiro. O movimento missionário mais vigoroso, mais dinâmico, que o ciclo litorâneo conheceu foi o movimento jesuítico, os seis jovens jesuítas que aportaram na cidade de Salvador em 1549 com Manuel da Nóbrega começaram uma experiência pioneira nas Américas. No Brasil já começou em 1553 a famosa experiência dos aldeamentos. José de Anchieta e Nóbrega precedem, na missão da Assistência de Portugal sendo assim os pioneiros desta missão.

Dom João III, que decidiu colonizar o Brasil de maneira racional, tomou informações acerca de uns “Clérigos reformados” residentes em Roma, entre os quais havia um português, o padre Simão Rodrigues. “Simão aceitou o convite do rei no sentido de colaborar na empresa ultramarina portuguesa em seus aspectos espirituais, veio a Portugal e tornou-se o primeiro provincial da província de Portugal, assim como superior das missões e enviou Manuel da Nobrega ao Brasil no mesmo ano, confirmando-o depois na função de provincial do Brasil”[2].

A obra jesuítica tem que ser encarada como essencialmente missionária e todas as suas expressões, como colégios e aldeamentos, só recebem plena valorização dentro desta perspectiva. O colégio era concebido como suporte da missão, conforme reza o regulamento das missões. Com a experiência da dureza do sistema e de suas leis inexoráveis, vem a explicitar-se o colégio como ensino dos colonos e instala-se a alternativa colégio-aldeamento, tão característica dos séculos XVII e XVIII.

Os colégios existiam para os aldeamentos, não ao lado dos aldeamentos. Os primeiros jesuítas não pretendiam viver em ambiente rico e fazer “pastoral” entre pobres em fins de semana. Os jesuítas não podiam fugir à logica interna do sistema colonial, infelizmente para se tirar proveito da terra e plantar a cana-de-açúcar, muitos índios foram eliminados. Eis o sentido da nomeação do terceiro governador geral do Brasil, Mem de Sá.

Das diversas alianças entre missão e poder colonizador que estão na origem das cidades brasileiras: Salvador e Recôncavo baiano pela aliança entre os jesuítas e Mem de Sá; Rio de Janeiro e a Baía da Guanabara pela aliança entre os mesmos jesuítas e Estácio de Sá; Paraíba e o vale do Paraíba pela aliança entre Frutuoso Barbosa, colonizador, e os frades carmelitas e beneditinos, São Luís do Maranhão e toda a ilha do Maranhão.

As cidades brasileiras são fundadas sobre o sangue dos vencidos, o suor dos reduzidos à escravidão, os discursos justificativos dos vencedores. O protótipo mesmo da aliança entre missionários e conquistadores é a Nobrega e Mem de Sá. Estas alianças produziram um número impressionante de discursos acerca da antropofagia dos índios, a sua amoralidade, sobretudo sexual, a sua falta de organização, a sua ignorância.

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