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Resenha de A História na América Latina: ensaio de crítica historiográfica, Malerba

Por:   •  8/5/2017  •  Resenha  •  1.315 Palavras (6 Páginas)  •  919 Visualizações

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Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira

Instituto de Humanidades e Letras

Curso de Licenciatura em História

História e Historiografia da América

Docente: Prof. Dr. Rafael da Cunha Scheffer

Discente: Gutemberg de Queirós Lima

RESUMO: MALERBA, Jurandir. A História na América Latina: ensaio de crítica historiográfica. Rio de Janeiro: FGV, 2009, p. 13-48.

Jurandir Malerba é Doutor em História Social pela USP, tendo lecionado como professor visitante em Oxford, Inglaterra e em Georgetown, Estados Unidos, sendo também Titular Livre da UFRGS, atuando em pesquisas com Brasil, teoria e história da historiografia.

Malerba, tendo em mente uma dissertação heurística, estabelece como tema de seu texto a busca por apresentar um panorama da produção historiográfica da América Latina, e em paralelo fornecer a trilha histórica dessa produção, de forma que seja possível compreender as mudanças ocorridas nesse processo.

Malerba começa seu texto chamando atenção para o drástico desenvolvimento historiográfico latino-americano que se de seu em 30 anos. E que com tal desenvolvimento, se faz necessário uma demanda organizada e contínua de avaliação e crítica dessa produção.

O autor destaca constantemente a década de 1960 como de fundamental importância, sendo caracteriza como um período de crise e desvios, onde se estabelece um influxo de paradigmas na historiografia latino-americana, favorecendo uma postura de analise não de um "todo", mas das pequenas partes. Além disso, o autor destaca a intrínseca relação que essa história detém com outros centros culturais.

Em seguida, Malerba, se propõe a avaliar a historiografia pré anos 1960, afim de compreender os elementos que levaram as mudanças citadas anteriormente, assim como se dispõe analisar a contribuição do marxismo nesse mesmo cenário.

É válido ressaltar que Malerba alerta quanto as prováveis generalizações que podem decorrer de sua análise, em virtude da ampla dimensão que se mostra a América Latina. Assim, o autor se põe da tarefa de evidenciar o que ele chama de tendências majoritárias.

O autor segue a subsequente linha argumentativa: em primeira instância ele avalia os processos antes dos anos 1960; analisa a grande transição de paradigmas da história; disserta a questão dos centros culturais na historiografia latino-americana e a importância do marxismo nessa mesma historiografia. Em uma síntese, Malerba concebe parte da historiografia latino-americana como fruto dos processos das mudanças de 1968, sendo essa historiografia relacionada com as instituições culturais que circundam seu espaço, além de ter sido largamente influenciada pelo marxismo e ideias sucessoras.

Iniciando o período pre-1960, Malerba alerta para a atenção dada as práticas e resultados inovadores. Sendo esse período marcado pela produção de uma história tradicional, feita por não profissionais, se prevalecia os paradigmas históricos do positivismo e historicismo, no caso mexicano e em outros da América latina, no qual se elaborada a História oficial do Estado. Trazendo estudos de Francisco Falcon, Malerba mostra como a historiografia brasileira concebia uma história acrítica perante a teoria, e de base empirista positiva.

O interesse na instituição cultural, dentre outros aspectos, causou uma mudança estrutural no fazer histórico. Cabe aqui citar, mesmo que Malerba não o faça, o surgimento dos estudos culturais liderados por Stuart Hall, quase contemporâneos a esse período trabalhado.

Malerba destaca que a desconfiança nas posturas de progresso e modernização geram questionamentos durante os anos 1960. E quando se iniciam os estudos sobre grupos marginalizados, onde são reavaliados os sujeitos antes ignorados. Dentro dessa explanação, creio valer a pena ressaltar que é nesse mesmo período dos anos 1960 que se desenvolve de forma mais concreta o estudo da história africana, antes excluída do processo histórico.

A crença abalada nas ideias progressistas e estatais abre espaço para a "nova história cultural", as relações entre indivíduos são postas em evidência para além da estrutura. Essas noções influenciaram o estabelecimento do pós-modernismo. E crítica à razão e evolução que perpassam no pós-modernismo gerou impactos na teoria historiográfica.

Malerba chama atenção para a questão da linguagem nesse contexto de ideias do pós-modernismo, e como seus teóricos se preocupam com a noção de uma "história normal" e objetiva. E que em tantas interpretações da história, os hegemônicos silenciaram os restantes.

Essa percepção pós-moderna de que não há uma verdade absoluta na história, mas diferentes perspectivas, acaba por penetrar no que se estabelece como "nova história cultural". Malerba afirma que com essa postura de conceber a história como uma gama de discursos conflitantes, o conhecimento dessa área seria reduzido ao discurso, com histórias especificas, em sua maioria, de grupos antes marginalizados. Com tais noções, reflexo da sociedade individualista, se buscam não mais objetivos coletivos e totalizantes.

Em seguida, Malerba se abre para discutir a relação da historiografia da América latina com outros polos culturais. O pensamento ocidental, destacado pelo autor, invadiu os parâmetros culturais da América, como fica nítido pelas línguas oficiais.

Quanto ao Estados Unidos, sua atenção para América Latina somente se dá após a Revolução cubana. Nesse período da década de 60, o interesse norte americano era levar seu modelo democrático a essas nações. Malerba, porém, desconsidera a noção de um imperialismo cultural e científico por parte dos Estados Unidos na América latina, mas diz ser perceptível um colonialismo cultural.

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