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Tambor de Crioula: Alguns Elementos

Por:   •  27/3/2016  •  Projeto de pesquisa  •  2.271 Palavras (10 Páginas)  •  1.269 Visualizações

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Tambor de Crioula: Alguns Elementos

David Gustavo dos Santos Silva

Introdução

O Maranhão foi um dos locais que mais receberam escravos no período da colonização do Brasil, com isso a cultura maranhense é permeada por elementos africanos, tanto em relação a religião, com uma grande parcela da população com fé nas religiões de matriz africana, como: o Tambor de Mina, Tereco entre outros.

O Tambor de Crioula é mais uma dessas heranças culturais deixado pelos africanos em terras maranhenses. O Tambor de Crioula é sobretudo uma dança, que tem em sua formação de um círculo com solistas dançando alternadamente no centro. Quando a mesma convida outra dançante para o centro faz-se um movimento encostando umbigo com umbigo, por isso que é chamado umbigada ou como é mais conhecido Punga/pungada.

O Tambor de Crioula é ligado em sua maioria a pagamento de promessas a São Benedito, ou seja, pelo lado católico, já nas religiões de matriz africana, o mesmo santo católico é sincretizado com o vodum daomeano Toi Averequete.  

O Tambor de Crioula ao lado do Bumba-Meu-Boi e Festa do Divino Espirito Santo configura-se a uma das principais festas da cultura maranhense, onde o Estado passa a ser reconhecido por ser exatamente como um lugar de efervescência cultural em todo o Brasil.

Esse presente texto tem como principal objetivo apresentar de forma básica alguns elementos que configuram a festa de Tambor de Crioula, como sua História, tambores, danças, vestimentas, devoção, comida, bebida, toadas e batismo. Para quem nunca teve contato com a dança, se configura uma introdução a uma das principais danças populares do Maranhão.

 

 

 

Conceito e História

Em todos os estudos feitos sobre o Tambor de Crioula é comum definia-la como uma forma de expressão de matriz afro-brasileira que envolve dança circular, canto e percussão de tambores. Dela participam as “coreiras”, tocadores e cantadores, conduzidos pelo ritmo incessante dos tambores e o influxo das toadas evocadas, culminando na punga (ou umbigada) – movimento coreográfico no qual as dançarinas, num gesto entendido como saudação e convite, tocam o ventre umas das outras.

Uma característica principais do Tambor de Crioula é que não existe local especifico ou calendário pré-fixado e praticado como uma espécie de adoração a São Benedito. Via de regra as narrativas da origem da dança estão sempre associadas ao são Benedito que no tambor de mina, é sincretizado com o vodum daomeano Toi Averequete. A origem histórica do Tambor de Crioula é imprecisa, na maioria das vezes não há narrativa geral e sua origem ancestral o que prevalece é sim a história específica de determinado grupo de tambor. Para algumas dessas narrativas de origens do Tambor São Benedito, o santo protetor dos negros aparece no teatro das memórias como um escravo que foi à mata, cortou um tronco de árvore e ensinou os outros negros a fazer e a tocar o tambor. Outras vezes ele surge como o cozinheiro do monastério que levava comida escondida em suas vestes para os pobres.

Elementos

O Tambor

O tambor maior, chamado de "tambor grande” é o solista. Há dois outros tambores, o segundo chamado de "meião" ou "socador", que estabelece o ritmo básico de 6/8 e o terceiro "crivador" ou "pererengue" que realiza improvisos em 6/8. A música africana é frequentemente caracterizada como sendo polimétrica, porque, em contraste com a música ocidental, cada instrumento no conjunto, possui medidas diferentes, permitindo diversas possibilidades de variação e de improviso para o tambor que lidera o grupo. Após serem tocados, os tambores são colocados diante de uma fogueira para afinar o couro. Os tambores são similares aos utilizados no culto Mina-Jêje, originário do antigo Reino do Daomé. O tambor grande é amarrado à cintura do tocador chefe, de pé, preso entre suas pernas. Os dois menores são apoiados no chão, sobre um tronco, com os tocadores sentados sobre os tambores entre suas pernas. Um ajudante, agachado atrás do tambor grande percute duas matracas, produzindo interessantes variações de acompanhamento.

Outro elemento importante quando se fala em tambor é o fogo, que tem a função de “esquentar” os tambores, servindo para afina-los. É acesa uma fogueira ao lado de quase toda as apresentações, é um dos ritos inicias e bastante característicos de uma apresentação de Tambor de Crioula.

Como é descrito no dossiê realizado pelo IPHAN, o tambor tem o seu momento de entrar na roda do Tambor de Crioula:

“Trazendo uma marcha solitária, o meião inicia os toques com seu ritmo marcado. Seguido do som agudo ou “repicado” do crivador. Por último, o tambor grande se apresenta “rufando” a liberdade e o improviso. Coreiros e tambores parecem um só. Cada movimento e inflexão são devorados pelos que observam. Tocados com as mãos, os tambores compõem uma combinação rítmica envolvente. “O meião é a marcação, o crivador o contratempo e o tambor grande marca a punga”. (Coco, Tambor do Oriente). O meião e o crivador são assentados no chão, lado a lado, e o tambor grande é amarrado, por uma corda, junto à cintura do tocador, ambos são tocados nessas posições. A maioria dos grupos também utiliza a matraca, um par de pequenos pedaços de madeira batidos no corpo do tambor grande. O toque das matracas acrescenta “um tom especial” às toadas. ” (pág. 47).

Assim como no bumba Boi, no Tambor de Crioula é possível estabelecer sotaques/ritmos diferenciados, algumas com “alvoroçadas”, “corridas”, e lentas”, “cadenciadas”, e, a “paixão na toada”, marcam algumas diferenças de ritmos no Tambor de Crioula.

Vestimenta

Para as mulheres, saia de chitão florido, bem rodada, para acentuar o movimento, anágua por baixo das saias, blusa branca de renda, com babado na gola, torso na cabeça, colares, geralmente descalças. Para homens, calça, camisa de botão e chapéu de couro ou de palha. Comida - A comida na festa de São Benedito adquire uma importância significativa. Distribuí-la não representa apenas alimentar os convidados, mas seguir o exemplo de caridade do santo, demonstrar abundância, superação das dificuldades. E o seu preparo além de unir brincantes e comunidade, revela aspectos fundamentais para a continuidade dessas práticas. O cardápio é popular: galinha, carne de gado e porco, torta de camarão, maçarão, tapioca, farofa, bolos.

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