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A Literatura Fantástica na prosa brasileira

Por:   •  11/4/2018  •  Artigo  •  2.585 Palavras (11 Páginas)  •  269 Visualizações

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A Literatura Fantástica na prosa brasileira: um estudo do conto “As formigas” de Lygia Fagundes Telles.

Camila Suili Campos Primo

Resumo

A Literatura Fantástica integra a trajetória da humanidade. Desde o século XVIII a Europa aprecia a narrativa fantástica. A partir do século XIX, principalmente na Alemanha, França e Inglaterra, ela se desenvolveu e chegou a outros continentes.  Lygia Fagundes Telles  é uma das mulheres que figura entre os grandes nomes da Literatura Brasileira. Suas narrativas são atraentes tanto pelos temas abordados quanto pela forma como são feitos. A realidade é apresentada como um universo que abriga elementos comuns entrelaçados com fatos mágicos, misteriosos e desconcertantes. Ela é uma escritora brasileira que trabalha com o universo fantástico em sua obra. O objetivo desse estudo é analisar os aspectos da Literatura Fantástica presentes no conto “As formigas” da referida autora, apontando as particularidades dos personagens, do tempo e do espaço na narrativa.  Para isso compõem o referencial teórico textos de Todorov (1977), Almeida (2004), Moreira (2008), entre outros que servem de base às reflexões.

Palavras-chave: literatura fantástica; gênero literário; conto. 

Lygia Fagundes Telles é uma das mulheres que figura entre os grandes nomes da Literatura Brasileira.  Nascida em São Paulo em 19 de abril de 1923, estudou Educação Física e Direito. Casou-se duas vezes e teve apenas um filho, do primeiro relacionamento. Recebeu prêmios como o Prêmio Camões e o Jabuti. Suas obras mais conhecidas são “Ciranda de Pedra”, “As Meninas” e “Antes do Baile Verde”.

 Suas narrativas são atraentes tanto pelos temas abordados quanto pela forma como são feitos. A realidade é apresentada como um universo que abriga elementos comuns entrelaçados com fatos mágicos, misteriosos e desconcertantes. Para Calvino (2004) a essência da Literatura Fantástica está nesse aspecto da obra: a relação entre aquilo que se conhece da realidade e a reação provocada pela circunstância estranha.

A Literatura Fantástica integra a trajetória da humanidade. O ser humano é afetivo e talvez, por isso, necessite expressar-se de diversas maneiras. A Literatura, arte da palavra, é uma das formas usadas para a interação do homem como o mundo. Desde o princípio da civilização a humanidade buscou respostas para suas inquietações, fossem elas de natureza física ou espiritual. Para explicar, por exemplo, a origem da chuva e trovões foram criados os mitos. Um passeio pela História mostra os deuses, heróis e seres fantásticos que fizeram parte do modo pelo qual as pessoas enxergavam a vida.

Desde o século XVIII a Europa aprecia a narrativa fantástica. A partir do século XIX, principalmente na Alemanha, França e Inglaterra, a Literatura Fantástica se desenvolveu e chegou a outros continentes.

        Para uma Literatura ser chamada de fantástica precisa ter elementos inexplicáveis à razão, tais como o sobrenatural, o terror, o inconcebível, o excepcional, o inquietante. Isso tudo provoca calafrios, incredulidade, medo e outras reações. Todorov (1977) define o fantástico como uma vacilação do ser que está acostumado às leis naturais dos fatos e que de repente se depara com um acontecimento sobrenatural.  Na visão de Almeida (2004, p.18) “ a narrativa fantástica busca provocar algo de estranho, que incomode e assuste ou cause um sentimento de fuga do habitual, do cotidiano e vá ao encontro do desconhecido, do oposto ao real.”

        São diversos os livros considerados clássicos desse tipo de Literatura, tais como “Drácula” de Bram Stocker, “Frankenstein” de Mary Shelley e “Cem anos de solidão” de Gabriel García Márquez. No nosso país também há escritores que se dedicaram ao gênero fantástico como Machado de Assis, Murilo Rubião e José J. Veiga.

        Lygia Fagundes Telles é outra escritora brasileira que trabalha com o universo fantástico em sua obra. O objetivo desse estudo é analisar os aspectos da Literatura Fantástica presentes no conto “As formigas” da referida autora, apontando as particularidades dos personagens, do tempo e do espaço na narrativa.  Para isso compõem o referencial teórico textos de Todorov (1977), Almeida (2004), entre outros que servem de base às reflexões.

 

        Na contemporaneidade diversos estilos e tendências são observados, o realismo mágico é um bom exemplo da prosa desenvolvida no período literário Pós-Modernista. O sonho, a imaginação, o delírio são os acontecimentos dos livros do gênero fantástico com seus vampiros, personagens perturbados psicologicamente ou que se comportam de maneira incompreensível, além de outros pormenores.

O conto “As formigas” foi publicado originalmente no livro “Seminário dos Ratos” em 1977. A narrativa é sobre um episódio estranho vivido por duas estudantes, uma de Direito e outra de Medicina quando vão morar numa pensão antiga. Elas são primas e devido à falta de recursos financeiros precisam se sujeitar a certas situações. Desde o princípio as personagens se deparam com imagens desagradáveis: ora é o “velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles vazado por uma pedrada” ora é a proprietária do lugar “uma velha balofa, de peruca” que “vestia um desbotado pijama de seda japonesa e tinha as unhas aduncas recobertas por uma crosta de pontas encardidas” (TELLES, 2009, p.09).

        As estudantes haviam alugado um quarto e seguiram para ele após subirem à escada e terem mantido contato com a mulher cujo sobrado pertencia. A impressão, causada pelo comportamento dela assim como pelo aspecto dos móveis da saleta, não foi das melhores.

        Quando chegam ao quarto de “duas camas, dois armários e uma cadeira de palhinha pintada de dourado” viram o caixotinho que guardava os ossos de um anão. A estudante de Medicina fica fascinada com algo tão raro e faz algumas perguntas à dona da pensão, esta declara que o inquilino anterior também estudava Medicina e esqueceu esse material quando foi embora. “-Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode ficar com ele”, disse a senhora, fez algumas recomendações e se foi. As primas se organizaram no quarto. A estudante de Direito, sentiu um “cheiro meio ardido”. A outra respondeu que era bolor, comum na casa.

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