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Aspectos Morfossintáticos do Aposto na Gramática de Evanildo Bechara e na gramática de Celso Ferreira da Cunha e Luís Filipe Lindley Cintra.

Por:   •  25/6/2022  •  Artigo  •  5.408 Palavras (22 Páginas)  •  129 Visualizações

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Aspectos morfossintáticos do aposto na gramática de Evanildo Bechara e na gramática de Celso Ferreira da Cunha e Luís Filipe Lindley Cintra.

Douglas de Souza Pereira

Universidade de Taubaté

RESUMO: De forma analítica e sucinta, este artigo busca elucidar maneiras próprias de Bechara (2009) e Cunha (1985) a respeito do tema aposto, estudando, pois, as obras gramaticais de ambos autores. Comumente, o aposto é apresentado ao leitor/ estudante apenas como “um termo acessório da oração”, porém ele não deve ser tratado desse modo, visto que sua gama de particularidades pede um olhar atento: como a semântica por si exercida; aposto de forma adverbial, como apresentado por um dos gramáticos. Tanto um autor quanto o outro considera o aposto pertencente a um grupo sintagmático nominal e, amiúde, divergem na abordagem do tema, na composição do capítulo e nos exemplos propostos, o que se percebe na questão do aposto circunstancial ou até mesmo aposto predicativo adverbial.

Palavras-chave: Aposto. Gramática. Bechara. Cunha.

Introdução

Este trabalho compreende, em seu todo, verificar as semelhanças e diferenças nos aspectos morfossintáticos, nas gramáticas de Evanildo Bechara e Celso Cunha e Luís Filipe Lindley Cintra, na função do aposto. Assim sendo, a presente pesquisa está orientada nos movimentos tidos pelos gramáticos supracitados.

Não obstante, resta-se admitir que não somente houve papel de semelhanças e diferenças entre os dois gramáticos, em questão de suas visões e/ ou vertentes de pensamento referente à determinada matéria. Ora, a considerar-se que tanto mestres quanto discípulos tiveram, o que não é incomum, suas divergências. A critério de curiosidade: no aspecto de reduzir ou não a gerúndio as orações adjetivas, dois gramáticos divergem-se; Napoleão Mendes de Almeida (2015) não aceita de modo nenhum, mas seu discípulo, Carlos Nougué (2015), não vê problema nisso. Um mesmo assunto, e visões distintas.

Conquanto Bechara e Cintra não tivessem vínculo escolar entre eles, faz-se necessário o estudo dos pensamentos divergentes e a trajetória pela qual suas obras tomam no decorrer do capítulo do aposto. No entanto, não somente de diferenças entre as abordagens se faz nas obras, pois muitos pontos durante toda a gramática e, especialmente, no aposto aplicam-se em comum, como por exemplo, a respeito da função adverbial do aposto.

Para prosseguimento efetivo do trabalho, faz-se mister a apresentação breve dos gramáticos tanto quanto suas contribuições para com a língua. Evanildo Bechara, recifense, é indubitavelmente emblemático quanto aos ensaios e às pesquisas sobre língua portuguesa no país. Foi discípulo do também gramático e lexicógrafo, Manuel Sai Ali (1953), consoante sua biografia feita pela Academia Brasileira de Letras. Também foi membro da Academia Brasileira de Letras, Celso Cunha (1989), mineiro, contribuiu formidavelmente com estudos relativos à filologia e, sobretudo, aos cancioneiros, estes foram alvo de sua tese de doutoramento, além de ministrar aulas e escrever livros. Em parceria com Lindley, escreveram a Nova Gramática do Português Contemporâneo.

Como os autores fazem referência, no item aposto, ao sintagma nominal (SN), consideravelmente, torna-se viável a apresentação desse termo, haja vista que se fará uso recorrente dele durante todo o trabalho. Bechara ao introduzir o assunto aposto, trata-o como “ Outro componente do grupo sintagmático nominal é o chamado aposto [...] (2009, pág. 554); e, Celso Cunha fá-lo em poucas palavras “[...] é o termo de caráter nominal [...]”. (1985, pág. 169).

Não são poucos professores e especialistas a usarem essa nomenclatura, Elisa Paixão de Campos (2014, pág. 144) faz uso dela a fim de elucidar as funções dos quais os nomes (substantivos, adjetivos, pronomes etc.) assumem na frase, como, por exemplo: sujeito e objeto, o que se fará presente neste artigo adiante.

Cabe elucidar que existem dois tipos de sintagmas aqueles os quais são considerados presos e outros livres, conforme Carone (1988, pág. 31) ; no entanto, não será aqui explorado. O que interessa a este artigo são os outros subtítulos de sintagmas: os verbais e os nominais. Estes, conforme Carone (idem.), são palavras ou expressões cujas classes gramaticais nucleares são substantiva, adjetiva ou pronominal, e aquelas, cujas palavras e expressões possuem cunho verbal.

Didaticamente, Celso Cunha explora a questão dos sintagmas por meio de um período simples: “Este aluno obteve ontem uma boa nota” e, dividindo a oração em partes essenciais, tem-se: S[1]: Este aluno, e P[2]: obteve ontem uma boa nota; em que Este aluno cujo núcleo é aluno e o que o precede é um pronome; tanto este como aluno pertencem à classe de palavras as quais são, inevitavelmente, sintagmas nominais. Se se pegar o predicado, tem-se: “uma boa nota” como também sintagmas nominas, pois, respectivamente, tem-se: pronome, adjetivo e substantivo.

Bechara ao chamar o aposto de “...grupo sintagmático nominal” (2009, pág. 554), pretende que seus orientandos mirem na perspectiva de que esse assunto remete diretamente aos nomes gramaticais e, ao completar a assertiva, escreve “[...] cujo limite de distinção com o adjunto adnominal propriamente dito é muitas vezes difícil de traçar”. (idem.). Em seu complemento, Bechara deixa à luz da lógica: se se é difícil a percepção entre o adjunto adnominal e aposto; logo, faz-se a conexão de que o aposto exerce alguma relação adjetiva àquilo que se refere.

Em contraposição ao exposto por Bechara, Celso Cunha diz que o aposto pertence ao “caráter nominar” e que se junta ao substantivo ou a pronomes. Apenas faz uma ressalva de modo simplista em relação ao adjunto adnominal ao aposto: “não deve ser confundido com certas construções formalmente semelhantes […] funcionam como atributos”. (CUNHA, 1989, pág. 170)

Percebe-se, portanto, a dualidade existente entre os dois gramáticos num mesmo assunto – o que não é novidade em gramática.

Durante todo o exposto, o trabalho buscará mostrar as semelhanças e diferenças na abordagem do mesmo tópico gramatical em ambos os autores supracitados; como seus escritos encaram a questão, por exemplo, do aposto que se é unido pela preposição de e como se explica essa linha tênue entre um aposto e um adjunto adnominal.

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