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Lingua, territorio e sociedade

Por:   •  9/7/2015  •  Artigo  •  5.190 Palavras (21 Páginas)  •  795 Visualizações

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UFSB – Universidade Federal do Sul da Bahia

CC – Língua, Território e Sociedade

Discente: Jone Maicon Oliveira Rocha

Relação das atividades desenvolvidas em aula.

Nos trabalhos desenvolvidos até então no Componente Curricular de Línguas, Território e Sociedade, foram utilizados documentários, textos, entrevistas e livros que tem por base a defesa cultural da língua falada em determinada região, ou mais precisamente no Brasil.

No documentário “Línguas: Vidas em português” foram observadas expressiva variação entre os falantes nativos da nossa língua.  Essas variações ocorrem em virtude das diferentes culturas, costumes e influências religiosas nos diversos países lusófonos.  Segundo o escritor português José Saramago, "não há uma Língua Portuguesa, há línguas em Português".

Em “Preconceito Linguístico”, Bagno relaciona oito mitos que revelam o comportamento preconceituoso de certos segmentos da sociedade frente às variantes no uso da língua. Mostrando que esses mitos são prejudiciais à educação e cultura do nosso país. Pois: 1 - não reconhece a diversidade do português falado no Brasil; 2 – não aceita que o português do Brasil é diferente do português de Portugal; 3 - considera erroneamente que o português é uma língua difícil; 4 - permite que o preconceito linguístico e social, faça pensar que as pessoas de menor aquisição não sabem falar o português; 5  - considera equivocadamente a existência de uma forma mais correta de falar em detrimento de outras variantes; 6 – induz o pensamento enganoso de que língua escrita é um regulador de como se deve falar o português; 7 – admite incorretamente que para falar e escrever bem é necessário saber gramatica; 8 - e por fim leva a crer que para se ascender socialmente, há a necessidade do individuo dominar a norma culta.

Na entrevista de áudio solicitado pela professora de LTS, foi possível termos contato com a variante linguística usada regionalmente, assim como a influencia da cultura e costumes da localidade, e como cada entrevistado se vê inserido na sociedade.

Na entrevista a Marlos Bagno, este defende a oficialização de uma nova língua, o português brasileiro. Afirma que “o português brasileiro é uma língua e o português europeu é outra. Muito aparentadas, muito familiares, mas diferentes”. Para ele, já existe outro sistema linguístico totalmente diferente do português lusitano no português falado hoje no Brasil. Bagno se firma na ideia de que pelas diversas influencias históricas, ideológicas e culturais dos distintos lugares que se fala português, a língua tende a se diferenciar com o tempo, até que chegará um momento em que serão duas línguas distintas.

Afirma Marcos Bagno:“não é o português, assim sem mais nem menos, que é uma das línguas mais faladas no mundo: é o português brasileiro, língua materna de mais de 170 milhões de pessoas, que ocupa um lugar de destaque no cenário mundial das línguas”

No livro “A Importância do Ato de Ler” de Paulo Freire, ele apresenta sua teoria de que a aprendizagem é motivada pelo despertar do interesse do individuo. Abordando de forma simples e objetiva como se dá o processo de letramento da leitura do mundo. Segundo Paulo, a leitura da palavra escrita ou falada e a leitura do mundo são interligadas, uma não existe sem a outra, dada a sua necessidade complementar. Afinal, ninguém escreve ou fala alguma coisa sobre algo que nunca viu ou viveu. Praticando a leitura de mundo, o individuo ser torna esclarecido e passa a perceber e compreender o seu mundo e o mundo externo do seu. Podendo dessa forma dialogar e questionar este mundo.

No segundo e no terceiro artigo Freire mostra como sua teoria se faz verdadeira na prática. O autor apresenta o processo de reconstrução da sociedade pela alfabetização da nação de São Tomé e Príncipe. Uma nação liberta da colonização de Portugal em 1981.

Dessa forma podemos observar, após todos essas atividades desenvolvidas, o quanto as influências externas (cultural, ideológica e históricas) podem modificar uma língua escrita e falada ao longo do tempo em determinado lugar. E como se faz necessário que valorizemos essas diferenças, pois essas singularidades que formam a identidade de determinado povo.

É interessante notar na entrevista a Marcos Bagno e no livro de Paulo Freire, como suas ideias convergem na defesa de que a coisa mais importante é ensinar a ler e escrever, para a promoção de uma revolução social, econômica, cultural e ideológica. E que a melhor forma de ensinar a ler e escrever é praticando.

É essencial valorização da cultura popular através da leitura e promoção da língua local, pois é através dela que se pode almejar um processo permanente da sua libertação e reconhecimento da própria identidade, como foi o caso do povo de São Tomé e Príncipe.

A leitura não se limita apenas ao ato de ler algo escrito, mas também a outro tipo de leitura importantíssima, a leitura do mundo, do mundo ao nosso redor. Paulo Freire define a leitura do mundo como sendo a percepção de tudo a sua volta, de maneira particular, por cada indivíduo.

“Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo”. Paulo Freire.

Importância da gramática normativa: zero. Como deveria ser o ensino? Bom, as pessoas que se dedicam às questões pedagógicas do ensino de língua tem dito cada vez mais que a coisa mais importante é ensinar a ler e a escrever. Se nós conseguirmos ensinar as pessoas a ler e escrever faremos uma revolução cultural no Brasil. Como se ensina a ler e a escrever? Eis uma grande descoberta: lendo e escrevendo. Uau! (risos)

Como era o ensino tradicional, baseado na gramática normativa? Primeiramente, tem de aprender toda aquela nomenclatura confusa, caótica e contraditória, para um dia, quem sabe, começar a ler e a escrever. Então, a criança mal foi alfabetizada e já no primeiro ano começa a aprender sobre dígrafo, separação silábica, oxítona, paroxítona e tudo o mais. Para quê? Para nada. Portanto, o certo seria, pelo menos nos nove primeiros anos de escola, ter leitura e escrita, leitura e escrita e —– porque é inevitável —– reflexão da língua. É impossível trabalhar com leitura e escrita sem levar a pessoa a refletir sobre o que está acontecendo.

É possível conscientizar o estudante sobre os fenômenos linguísticos sem entupir a cabeça dele com teoria gramatical tradicional. Se tomarmos a coleção didática da Magda Soares, que se chama “Português, uma Proposta para o Letramento”, que é toda baseada em leitura, escrita e reflexão sobre a língua, ali não tem nada de nomenclatura gramatical, mas tem tudo de gramática. Por exemplo, ela diz: “Vejam, para expressar ideias contraditórias nós temos as seguintes possibilidades: ‘embora’, ‘apesar de’, ‘porém’ etc.” Então, ao invés de esquartejar a língua em classes gramaticais, Magda trabalha com os recursos que a língua oferece. Pois, se partirmos apenas para classe gramatical, não poderemos mostrar que “embora/apesar de/porém” e outras construções servem para expressar oposição de ideias. Temos que partir dessas questões do uso da língua para a pessoa se conscientizar e usar. Meu exemplo preferido é a oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. O que é isso? É assim: “Vânia disse que gosta mais de cinema do que de teatro/Vânia diz gostar mais de cinema do que de teatro”. Então, para esse “que gosta” e esse “gostar”, o mais simples é levar uma pessoa a refletir sobre essa transformação, de “ela disse que gosta” para “ela disse gostar”. Para fazer isso, você dá exemplos e mostra como ocorre essa mudança sintática, sem precisar levar a pessoa a decorar que isso é uma oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Essa é a diferença. É impossível ensinar a ler e a escrever sem ensinar gramática; porém, não é preciso essa gramática nesse sentido tradicional, de esquartejar frases ridículas tiradas do bolso e fazer classificações. É refletir sobre a língua em uso, a partir de textos autênticos e, para isso, nenhuma gramática normativa serve — principalmente porque, se ela é uma gramática normativa, ela é baseada no português europeu, escrita no século 19. Nem para Portugal serve mais.

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