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Funcionamento de um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)

Por:   •  24/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.575 Palavras (15 Páginas)  •  563 Visualizações

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Introdução

Este trabalho tem como principal objetivo apresentar como é o funcionamento de um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que é uma instituição de saúde mental, alternativa aos hospitais psiquiátricos e como principais serviços oferece: atendimento a população, realiza acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários.

Foi realizada uma entrevista e uma observação, com uma psicóloga numa unidade do CAPs, para ilustrar na prática, como é o dia-a-dia da instituição, quem é o público atendido, e também como é a visão do paciente sobre o CAPS, segundo relatos da psicóloga.

A pesquisa realizada de um modo geral tem a intenção de mostrar um pouco de: como é feito o atendimento ao doente mental, qual o papel do psicólogo em relação ao usuário do CAPs e a respectiva família dele, como a equipe da instituição organiza a rotina dos pacientes, e também como lida com possíveis problemas relacionados a eles que venham a surgir.

Relatório de observação

  A visita realizada foi no CAPS I, unidade Largo Treze em Santo Amaro, bairro da zona sul no dia 28/3, naquele espaço funcionava o antigo Hospital Dia. Chegamos ao local por volta de 11hrs, era um dia de evento de páscoa e aconteceria um almoço especial de comemoração. O ambiente era muito limpo e organizado, dividiam-se em dois andares, onde no térreo era a recepção, refeitório e cozinha, dois banheiros, uma sala de jogos com computadores, livros e uma mesa para tênis de mesa, farmácia, setor administrativo e na área de lazer havia uma churrasqueira. No primeiro andar tinha almoxarifado, banheiros, uma sala com varias carteiras que segundo a entrevistada, aconteciam reuniões de equipes e terapia em grupo, quatro salas de consultório, sala de televisão, sala de oficinas, enfermaria, e uma área de descanso, onde era permitido fumar.

Fomos muito bem recebidas pela psicóloga Marcia Jordão, que se disponibilizou a apresentar o local e realizar a entrevista. Ela nos contou que aquela unidade acompanhava casos mais graves e que o procedimento terapêutico acontecia da seguinte forma: a família que trazia a paciente passava por uma triagem com os profissionais da equipe para saber qual o melhor tratamento, logo em seguida era realizado um acompanhamento de 15 dias com família e paciente. Pacientes crônicos vinham duas vezes por semana.

A equipe é composta por três psicólogos, um terapeuta ocupacional, um psiquiatra que é responsável pela chefia da unidade, dois psiquiatras residentes que cumprem duas vezes por semana sua carga horária, duas assistentes sociais, três enfermeiras, oito auxiliares, um farmacêutico, e quatro agentes administrativos que são responsáveis pelos prontuários e procedimentos administrativos.

Segundo a psicóloga, todos os dias acontecem diversas atividades. Na segunda-feira é o reencontro, onde eles contam como foi o final de semana e acontece um trabalho com a terapeuta ocupacional, durante a tarde tem filmes e alguma oficina, para aqueles não conseguem fica por muito tempo no mesmo lugar. Na terça-feira é programada alguma atividade para estimular a cognição, já na quarta-feira é realizado um grupo informativo, e também, o dia em que os pacientes que se sentem prontos pedem alta, e esses pedidos são encaminhados e analisados por toda a equipe. Na quinta-feira são realizados trabalhos corporais conduzidos por um profissional de psicologia especializado, e também acontece um grupo terapêutico, e a tarde a equipe pensa em algum passeio para fazer com eles. Na sexta-feira é realizado um grupo psicoterápico chamado de “grupo de sentimentos”, e outros dois grupos de convivência com as famílias, sempre com acompanhamento de um psicólogo.

Nas quintas-feiras a equipe se reúne para avaliar os pedidos de alta e tratar questões que possam ter surgido ao longo da semana. Nessas reuniões também são pensadas todas as programações da próxima semana. O objetivo maior dessas atividades é também preparar o paciente para conviver em sociedade, de maneira que ele tenha autonomia e não seja institucionalizado. Ao analisar os pedidos de alta, é levado em conta o tempo de permanência do paciente e o quadro evolutivo, com exceção dos pacientes crônicos. Notamos que a equipe tem um grande carinho com os pacientes.

Ao conhecer o espaço, nossa primeira impressão foi estar em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), pois a ideia física de CAPS que nós tínhamos era diferente, baseada nos relatos de uma colega do grupo que trabalha em uma unidade, segundo a mesma, a unidade em que trabalha é uma residência. Essa unidade que visitamos nos pareceu ser mais institucional e terapêutica, por conta da arquitetura do local e da expressão das pessoas que trabalham ali e dos usuários.

Apesar de ter móveis de aparência humilde e antiga, os ambientes são muito conservados e organizados, com isso percebemos que toda a equipe se preocupa com a aparência do local. Notamos que tinham diversos murais informativos espalhados pelo local, onde as informações e programações do CAPS estavam expostas sem dificuldade de compreensão. Durante a visita e entrevista percebemos que muitos profissionais não atuam mais na unidade por falta de verba, e que a equipe tenta se organizar como pode, a comunidade também participa, ajudando com doações e algumas vezes como voluntários.

De um modo geral acreditamos que falta mais comprometimento do governo em relação à saúde mental, tanto financeiramente, quanto socialmente no que se referem a trabalhos preventivos e mudança de percepção da doença e do doente. Essa mudança esta atrelada a institucionalização da saúde mental, pois o CAPs se tornando um referencial nesses tratamentos, desvincula a responsabilidade que as Unidades Básicas de Saúde têm aumentando então, o preconceito das pessoas e a dificuldade de inserção social desses pacientes.

Atuar com uma mudança na cognição social se torna ainda mais difícil quando nos deparamos com tamanha dificuldade, pois apesar da existência de políticas públicas que garantem a seguridade social para um desenvolvimento seguro dessas pessoas, muito se vê e pouco se faz. Acreditamos que o sistema que há por trás muitas vezes incapacidade a efetivação de tantas outras políticas públicas, o que nos força ao preconceito e criações de representação social ainda mais estigmatizada.

        

Relatório de entrevista

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