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Gestal Terapia Refazendo Um Caminho

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Por:   •  7/10/2014  •  5.161 Palavras (21 Páginas)  •  281 Visualizações

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3.1.4 Conceitos Descritivos

Após algumas considerações sobre conceitos básicos da Psicologia da Gestalt, abordaremos agora alguns conceitos descritivos, intimamente relacionados com os primeiros e entre si mesmos.

Abordaremos três conceitos: I. Comportamento molar e molecular; 2. Meio geográfico e meio comportamental; 3. O conceito de campo.

1.º) Comportamento Molar e Molecular

Estes conceitos, dado o sentido experimental que envolvem, nos aproximam inicialmente do próprio conceito de psicologia como ciência do comportamento. Uma vez que podem ser descritos e analisados, eles se prestam a uma observação mais acurada da realidade neles implicada.

O comportamento ocorre dentro de um campo fenomênico total, donde a distinção do comportamento como fenômeno molar e molecular nos ajuda a entender melhor a implicação existente no modelo que ora apresentamos.

* Comportamento molar: Este ocorre num meio ambiente, ocorre num contexto externo: por exemplo, a freqüência do estudante às aulas, a lição do professor, a navegação do piloto; é a coisa finalizada, embora para finalizá-la tivessem sido necessários dezenas de atos, gestos. etc. O comportamento molar, portanto, ocorre sob a influência de um contexto externo à pessoa. O comportamento molar é consciente. É o resultado final e exteriormente observável de grande número de processos fisiológicos.

* Comportamento molecular: "Processo que se inicia com uma excitação na superfície sensorial de um animal, é transmitido por fibras nervosas aos centros nervosos, transferido para novos nervos eferentes e termina numa contração muscular ou numa secreção glandular. O comportamento molecular, portanto, é aquele que ocorre dentro do organismo e somente é iniciado pelos fatores ambientais a que se dá o nome de estímulos."(15)

Todas as pessoas sabem falar sobre comportamento molar e o conhecem, e sabem também que este comportamento molar implica em contrações musculares que põem em movimento os membros, ativados por impulsos nervosos.

O comportamento molecular é desconhecido e poucos podem ou sabem falar dele,

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A psicologia, como ciência do comportamento, deve estar atenta aos dois processos como explicativos da realidade como um todo. Qualquer tipo de fragmentação dicotomiza, radicaliza o processo de uma compreensão mais ampla do comportamento. (16)

Embora ambos os processos se distingam entre si, ambos ocorrem no organismo ou através dele, ou seja, ambos são função do organismo-ambiente. Isto significa, entre outras coisas, o convite permanente a uma visão do homem como totalidade.

Este pensamento, freqüente já, em nossas colocações anteriores, nos conduz a interrogar que aplicação estes conceitos podem ter na área da psicoterapia. Como podemos lidar com um comportamento molar ou molecular, tentando identificar através deles situações clínicas vividas pelos nossos clientes.

Em termos práticos, o que é diretamente observável em nossos clientes é o seu comportamento molar, não só enquanto é consciente para ele, como para nós. A todo comportamento molar, no entanto, subjaz um comportamento molecular. Dependendo da intensidade ou complexidade do comportamento molar, o molecular se intensifica e se expressa até fisicamente. Alguém pode estar, racionalmente, fazendo uma exposição com aparente controle de sua comunicação (comportamento molar) e o seu corpo apresenta uma intensa sudoração (comportamento molecular). Existe, portanto, nele, a partir de uma estimulação interna, algo inconsciente que lhe escapa ao controle e que produz um efeito externo freqüentemente não desejado.

Tecnicamente, o psicoterapeuta pode trabalhar uma coisa ou outra, sua comunicação ou sua sudoração, pois considerando que a pessoa é uma realidade una, trata-se, apenas, de caminhos diferentes para se chegar a um mesmo ponto. Talvez aquele da sudoração o leve mais rápido e certo ao ponto desejado, pois este não está sob o controle da razão, é o resultado de um comportamento molecular.

Em termos simples de transposição, podemos dizer que os processos internos, sejam eles físicos ou psíquicos, conscientes ou não, fazem parte dos chamados comportamentos moleculares; são as emoções, as fantasias, as palpitações cardíacas, a dificuldade de respirar. Os processos externos ou o comportamento externo, tipo caminhar, falar, gesticular, são comportamentos molares, embora, como se disse antes, para que eles aconteçam é necessária a movimentação interna de contrações musculares, movimentando áreas diversas, com impulsos nervosos maiores ou menores.

Existe uma tendência da parte de uma certa psicologia em considerar como objeto da ciência apenas os comportamentos moleculares, afirmando que o comportamento molar é um fenômeno secundário, que apenas oferece problemas, ao passo que o comportamento

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molecular, composto de contínuas seqüências causais, forma os eventos primários, capazes de serem medidos e avaliados.

É desnecessário dizer que tal postura dicotomiza a realidade, dando validade à parte e não ao todo, e relega a psicologia ao campo das ciências morais. O problema do valor e do significado, como já discutimos anteriormente, não teria vez dentro desta concepção mecânica e atomista do comportamento humano, proposta por adeptos do comportamento molecular.

Dentro daquela informação anterior de que o comportamento molar é também acompanhado de processos e reações internas, vamos além afirmando que, ademais desta dupla realidade fora-dentro, característica do comportamento molar, o comportamento molar como um todo se realiza em um duplo meio, por exemplo: o professor que ensina na sala de aula (comportamento molar). De um lado, existem professor e aluno, do outro, existe o ambiente físico, a sala. Professor e aluno estão no mesmo local, mas ambos experienciam aquela realidade física de modo diferente: professor e alunos são objetos diferentes, destacados da sua realidade física.

A discussão sobre comportamento molar e molecular, além de envolver um problema para a filosofia da psicologia, no sentido de que admitir só o comportamento molecular seria reduzir a psicologia a uma ciência pragmática e experimental, envolve um problema para a prática psicoterapêutica. O organismo humano não é regido só por leis químicas ou físicas, pois todo e qualquer comportamento tem um valor e um significado. Estamos falando não só do quantum, mas da qualitas.

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