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RESENHA SOBRE O FILME “O MENINO SELVAGEM”

Por:   •  3/5/2022  •  Resenha  •  2.510 Palavras (11 Páginas)  •  398 Visualizações

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FACULDADE MULTIVIX

LAYSA CORADI RAULINO, RAFAEL BENTO GOMES, DANIEL OSS DE JESUS, LUIZ FERNANDO DA CONCEIÇÃO ALVES, SILMARA MOREIRA SANTOS, INGRITIS CONCEIÇÃO LIANDRO CAETANO

RESENHA SOBRE O FILME “O MENINO SELVAGEM”

São Mateus – ES

2022

INTRODUÇÃO

No início do século XIX, o médico Jean Marc-Gaspard Itard realizou intervenções pedagógicas com o posteriormente nomeado Victor, um menino encontrado em meio selvagem, e, a partir dessas, redigiu relatórios que mais tarde seriam utilizados de base para o filme que buscou expor esse processo ao público. A história de Victor teve grande influência na história, na educação, e nos estudos do desenvolvimento humano, tornando possível a desconstrução de crenças limitantes da época, e reforço de certas teorias.

Ao longo do texto pode-se observar vários aspectos educacionais e comportamentais utilizado pelo médico e educador Itard, com a finalidade de introduzir o Victor na sociedade da época, fazendo com que o adolescente adquirisse características e comportamentos propriamente humanos. No decorrer do trabalho observa-se componentes importantes para a formação de um indivíduo, tendo como base a vida de Victor e seus desafios ao longo dela, além de algumas abordagens em seu desenvolvimento.

O Desenvolvimento de Victor e sua trajetória de Vida

Em 1798, na França, foi encontrado um menino de aproximadamente 12 anos de idade, mais tarde nomeado Victor, que cresceu e se desenvolveu em meio selvagem, e que foi, então, adotado pelo médico e educador Jean Marc-Gaspard Itard para ser ensinado a se portar como humano. Dessas experiências foram redigidos relatórios pelo educador, os quais seriam usados mais tarde como base para o filme que relata o caso, além de levantarem debates acerca do desenvolvimento da criança e dos métodos de aprendizagem utilizados por Itard.

O filme dirigido por François Truffaut, em 1970, relata o progresso de Victor, desde o momento em que foi encontrado até sua aprendizagem e os resultados dela, mostrando os métodos utilizados por Itard de forma gradual e concisa, tornando fácil o entendimento e abrindo espaço para questionamentos acerca da educação do jovem.

É importante mencionar a ideia de selvagem existente na época, considerando a dificuldade em lidar com a alteridade, o que desencadeou ideias que perduram até hoje, incluindo a separação entre “homem civilizado” e “homem selvagem”, reduzindo o segundo a rótulos como “bárbaro”, e o colocando em posições socialmente inferiores por não ter adquirido os comportamentos sociais praticados na Europa, até os movimentos colonizadores introduzirem tais comportamentos a essas comunidades e promoverem sua doutrinação.

O conceito de selvagem teve início na Grécia antiga, onde prevalecia a ideia de que quem não era grego era bárbaro, ou selvagem, que se diferencia pela existência prévia do segundo, o qual teve de ser inventado antes de ser encontrado, fruto da religião dessa cultura, e dos seres que eram parte dela.

A partir das grandes navegações, uma nova ideia de humano foi inserida na mente europeia, mas as construções de alteridade herdadas em boa parte do pensamento antigo prevaleciam em seu imaginário, dando lugar a um novo “selvagem”, que abre espaço para questionamentos e ao mesmo tempo limita os colonizadores a ideias não mais cabíveis.

Victor recebeu o título de selvagem por ter se desenvolvido na natureza, adquirindo comportamentos de natureza animal. Após ser inserido na civilização, foi considerado inferior se comparado àqueles que o cercavam, e que sempre haviam estado em sociedade. Apesar de todo o conhecimento metafísico e filosófico da Grécia antiga, e do posterior conhecimento empírico adquirido com o descobrimento de povos com costumes diferentes, Victor não deixou de ser comparado com a sociedade francesa da época, devido a, principalmente, esse conhecimento herdado do passado.

A princípio, vale ressaltar as visões divergentes acerca do desenvolvimento do garoto, apresentadas por Itard e pelo psiquiatra renomado Philip Pinel, e associá-las com as teorias de desenvolvimento. Pinel tinha ideias inativistas e não acreditava que o garoto havia sido vítima do ambiente no qual se desenvolveu, portanto, não poderia mudar, limitando-o ao rótulo de “idiota”, por acreditar ser impossível aprender a ser humano e ter comportamentos característicos de tal, pois esses seriam um atributo natural da espécie. Em oposição, Itard carregava consigo teses ambientalistas e acreditava que poderia utilizá-las na aprendizagem de Victor, pois tinha a crença de que tudo poderia ser aprendido, incluindo sensações, imitação, fala, percepção, entre outros.

Tendo em vista a idade do jovem, assume-se que ele estava passando pela terceira infância, ou no início da adolescência, portanto, dentro do ponto de vista do desenvolvimento, estava atrasado, se comparado com o que era esperado de uma criança da sua idade. Se têm como exemplo diversos déficits apresentados pelo garoto em relação a fases anteriores dos desenvolvimentos cognitivo e psicossocial típicos, como a comunicação, habilidades de aprendizagem e memória, respostas a estímulos sensoriais, autoconsciência, habilidades sociais no geral, entre outros. No entanto, seu desenvolvimento físico se sobrepunha em relação aos demais, e, apesar de não obter sucesso em atividades motoras, essas foram as mais facilmente introduzidas e desenvolvidas por ele, tendo início a partir do momento que aprendeu a imitar movimentos apresentados a ele. Itard, seu educador, escreveu em seu relatório que foi enviado ao Ministro do Interior, que Victor não poderia ser comparado a ninguém senão a ele mesmo, para que pudesse ser devidamente julgado.

Victor foi abundantemente afetado pelo ambiente no qual se desenvolveu, e não teve contato com contextos sociais, todavia é importante considerar válido seu contexto, tendo em vista que as habilidades adquiridas por ele na selva proporcionaram que ele sobrevivesse naquele ambiente por praticamente toda sua vida, até que o encontrassem. Em contrapartida, não sofreu influências familiares, socioeconômicas ou étnicas, por não ter tido contato com elas até passar a conviver com pessoas, inclusive por esses serem fatores construídos socialmente. O fato de Victor não ter um nível socioeconômico na selva não impediu sua sobrevivência, já que isso não é algo exigido dele naquele ambiente.

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