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Resenha crítica sobre o filme - quanto vale ou é por quilo

Por:   •  23/9/2016  •  Resenha  •  1.967 Palavras (8 Páginas)  •  1.753 Visualizações

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FACULDADE NORTE CAPIXABA DE SÃO MATEUS

PSICOLOGIA

PABLO TRINTIM DE OLIVEIRA

VITOR WITTIG VIANNA

ANÁLISE DOS FENÔMENOS SOCIAIS ABORDADOS NO FILME: QUANTO VALE OU É POR QUILO?

SÃO MATEUS

2016

PABLO TRINTIM DE OLIVEIRA

 VITOR WITTIG VIANNA

ANÁLISE DOS FENÔMENOS SOCIAIS ABORDADOS NO FILME: QUANTO VALE OU É POR QUILO?

[pic 1]

SÃO MATEUS

2016

QUANTO VALE OU É POR QUILO?

Diferente dos filmes com roteiros de aventuras épicas, fantasias, efeitos especiais e tecnologias, o filme “quanto vale ou é por quilo?” aborda uma realidade totalmente diferente dos filmes de Hollywood.  O filme mostra com clareza e crítica, infelizmente, uma realidade em que vivemos e talvez até, que “sobrevivemos”. Uma realidade sobre aqueles que olham, mas não querem ver, e até aqueles que veem, mas não conseguem enxergar.

Criticar o sistema e mostrar que as pessoas do nosso país convivem em um extremo maniqueísmo não é fácil, ainda mais em um país como o Brasil, em que o sistema é quase que completamente falho. O filme traz aspectos distintos, relatados em momentos diferentes, mas que possuem semelhantes manutenções de uma hipócrita dinâmica socioeconômica. Com críticas ferozes á sociedade brasileira, o filme relata aspectos falhos em nossa sociedade como em entidades assistenciais, poder paralelo, relações raciais, indústria cultural e etc.

O principal tema abordado e de mais impacto, é a desigualdade social, que é um problema vindo dos princípios da formação histórico-social brasileira. A desigualdade tem como consequência e parte principal, a “miséria”, onde a mesma vem como base da maioria das críticas do filme.

O filme enfoca na atual manutenção que a sociedade mantém acerca dessa desigualdade, onde as políticas públicas são mal planejadas e fáceis de “burlar”, como o sistema de cotas usado em universidades federais, onde as vagas são destinadas a pessoas que se encaixam nessas “divisões”. O filme relata esse fato em uma cena quando um produtor de um comercial contratado por uma empresa que seleciona crianças por etnia exige por meio de um contrato pré-estabelecido que 75% das crianças que vão participar do comercial sejam ”negras”, reforçando assim, a desigualdade que já é evidente no social e no cultural. Esse processo, ao invés de diminuir, somente aumenta desigualdade, pois a aplicação dessa politica parte de um propósito onde ocorre a autenticação da mesma, assim como também ocorre a autenticação da diferença étnica, podendo causar preconceitos.

O autor mostra que mesmo em outros momentos da história as desigualdades são bases para a obtenção de lucro e acúmulo de fortuna, assim como no passado escravocrata como no presente atual “democrático” e “livre”. Ilustrando de forma irônica e sagaz, o autor trás como histórias distintas, mas de fundo prático parecido, a relação de amizade entre Antonieta e Lucrécia num período feudal, bem como nos favores entre a sogra de Vandinho e a presidente da ONG, apresentados num período atual.

A exploração da pobreza e a manutenção da miséria explícita no contexto do filme, nos prova que a desigualdade é característica da dinâmica econômica e social de um Brasil em momentos do passado e do presente. Incrivelmente essa exploração às vezes nos é apresentada em forma de atos de solidariedade, onde essa “boa vontade” vira (ou precisa virar) algo que gere lucro. Ou seja, a miséria precisa ser mantida, para que negócios lucrativos não se estinguem, assim como os atos de “boa vontade” precisam ser transformados em medidas lucrativas. O que é fácil, dada uma sociedade que mantém pretextos em pensamentos coletivos conscientes de que devem optar pela manutenção de atos de solidariedade.

O autor expressa também que essa manutenção e exploração se devem de maneira que a mesma só existe se houver uma desigualdade. Mecanismos socialistas não devem ser usados, pois igualam as pessoas e classes, fazendo com que essa desigualdade seja extinta, terminando assim, com a exploração. Percebemos em um país como Brasil, onde a desigualdade é extrema, que toda essa exploração se torna uma bola de neve, desencadeando outras desigualdades, formando um ciclo vicioso que consequentemente gera mais exploração.

Tomando por principio que a desigualdade é um ciclo vicioso que gera outras desigualdades, principalmente em um país como o Brasil onde ela é extremamente evidente, isso acaba se tornando uma anomia. Partindo do passado, onde a escravidão era a “ordem estabelecida”, a desigualdade social era mantida por estas relações de forma legal em um fato social brasileiro. Um relato mostrado no inicio filme onde uma ex-escrava reclama do roubo de sua propriedade: um escravo. Percebemos ai como a manutenção das relações escravocratas é mantida e passada como herança à sociedade.

Em certo momento, o filme descreve a propaganda do estado na época em que o filme foi lançado para a criação de novos presídios em cidades do interior. O estado capitalista controla e administra essa manutenção das desigualdades. Afinal, muito mais lucrativo e rentável, colocar os próprios presos para construírem presídios, já que o salário para eles será bem menor. Fazendo isso, o estado transforma a violência em uma fonte geradora de lucro para empresas privadas, mantendo a economia capitalista em esfera local e regional. Está ai relatado o famoso “liberalismo social”.

Há também relatos e críticas a cerca das ONG’s, principalmente no momento em que a sogra de Vandinho diz:

“Descobri minha vocação que era ajudar as pessoas. Larguei tudo para ajudar os pobres. Os desempregados abandonam o ócio em prol da comunidade.”

Aí vemos um relato em que as pessoas praguejam e mantem o pensamento de que “devem ajudar os outros, porque é bom e não importa de que maneira”, em mais um exemplo de consciência coletiva e de que isso está contribuindo para o bem social geral. Em outra parte, mostra que essas ONG’s enchem os carros de comida e saem distribuindo para moradores de rua e necessitados. Isso pode até ser bom para valores pessoais, morais e religiosos, mas não adianta muito na prática, alias, não vai acabar com a desigualdade, não via mudar o mundo, não vai tirar aquelas pessoas da rua, não fará muita diferença. Segundo Antônio Gramsci, um dos mais importantes teóricos italianos,

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