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Senso Comum

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Por:   •  15/3/2014  •  3.686 Palavras (15 Páginas)  •  390 Visualizações

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O conhecimento científico e o senso comum no contexto da racionalidade moderna.

Até a idade média a religião era quem determinava o que era verdade, e era quem possuía todas as explicações sobre todos os fenômenos. Atualmente a ciência ocupou o lugar da religião. E a religião passou a produzir verdades por adesão, ou seja, só as adere quem acredita nelas. A ciência nasce no século XVII, o fazer ciência acontece com a observação da realidade. A partir desta ação, busca-se levantar hipóteses. A ciência busca a produção de verdades, e se a teoria em questão é confirmada de acordo com os procedimentos pertinentes ao conhecimento científico, tal teoria é tomada como uma verdade, embora na ciência as verdades sejam provisórias, porque com o passar do tempo elas deixam de ocupar o seu lugar como verdade. Entretanto, a única verdade da ciência reside no seu método. Segundo a perspectiva de Luz (1988), a razão é a grande produtora de verdades acerca do conhecimento sobre a natureza e dos seus inúmeros aspectos e peças. Para este autor, a ciência tem a função de ordenar o grande quebra-cabeça cósmico.

Pois, “Para a racionalidade moderna, a partir do século XVIII, só há uma grande certeza, um dogma: o da ciência como caminho único para a obtenção da verdade. Portanto, para o processo de sua produção.” (p. 36). Ao situarmos os contextos de produção do conhecimento; sabe-se que “O conhecimento científico é produzido num contexto específico, a comunidade científica.” (SANTOS, 1989, p. 155). Já o senso comum é um conhecimento prático, produzido em nosso cotidiano, e é por meio dele que orientamos as nossas ações. O senso comum representa a realidade em que estamos inseridos, é um conhecimento fértil, representa as inquietações do sujeito. A ciência rompe com o senso comum, porque o considerou superficial, ilusório e falso. “(...) É certo que o conhecimento do senso comum tende a ser um conhecimento mistificado e mistificador, mas, apesar disso e apesar de ser conservador, tem uma dimensão utópica e libertadora que pode ser ampliada através do diálogo com o conhecimento científico.” (SANTOS, s/d, p. 21). A relação entre ciência e senso comum é abordada por Santos (1989) na concepção de que a ciência se opõe a opinião. Pois, para essa nada é dado, tudo se constrói. O senso comum representa a experiência imediata, o conhecimento vulgar; as opiniões. Ou seja, tudo o que se precisa romper para se tornar possível o conhecimento científico, racional e válido. “A paixão é incompatível com o conhecimento científico, precisamente porque a sua presença na natureza humana representa a exata medida da incapacidade do homem para agir e pensar racionalmente.” (IDEM, p. 117-118).Cada modelo de produção de conhecimento tem suas particularidades no tocante à obtenção de suas verdades. Inicialmente a humanidade iniciou suas crenças a partir das concepções do senso comum, e posteriormente através da razão e da racionalidade modernas, apropriou-se das premissas da ciência.

De acordo com Carvalho (2000), a investigação teórica sobre a ciência recebeu ao longo dos anos as seguintes denominações: epistemologia, filosofia da ciência e metodologia. Para a teoria da ciência um conhecimento é classificado como científico quando se repousa em bases sólidas e seguras, capazes de assegurar certezas e verdades indubitáveis. A atividade do cientista é semelhante à de um solucionador de quebra-cabeças, ao se propor solucioná-lo sabe-se de antemão que nele há uma solução a ser encontrada. Entretanto, a meta da ciência não deve basear-se na busca de certezas indubitáveis, mas sim na construção de hipóteses que propiciem a solução de problemas.

É certo que deixa de ter sentido a busca de uma verdade absoluta, de uma cópia integralmente fiel da realidade. O conhecimento é sempre falível, a verdade é sempre aproximada e provisória. Contudo, nem todo conhecimento é igualmente falível, e o fato de o conhecimento e o mundo material serem realidades qualitativamente diferentes não significa que não haja relações entre eles. (SANTOS, 1989, p. 72).

A ciência alcançou tamanha legitimidade em nossa sociedade, que hoje acreditamos e seguimos somente o que é ciência. É somente ela que produz verdades, pois, confiamos plenamente nas receitas e nos remédios prescritos, nos laudos dos exames médicos, nas previsões da meteorologia, nas descobertas da arqueologia, nos cálculos da engenharia para a construção de edifícios sólidos, nos índices e porcentagens das pesquisas das mais diversas áreas. Abandonamos todo o nosso conhecimento prévio e a nossa vivência para aceitar e acreditar plenamente nas certezas produzidas pelo conhecimento científico. A racionalidade científica moderna é pautada na idéia hegemônica da ciência como portadora e produtora de verdades absolutas, e também como fim e meio para solucionar todas as inquietações e problemas da humanidade, estas idéias hegemônicas foram construídas nas relações sociais, para que os indivíduos tomem tais preceitos como verdade. Assim, temos uma percepção muito clara através de nossa vivência cotidiana, que a ciência criou em torno de si uma hegemonia, ela é sempre a última palavra.

“(...) a noção de hegemonia, de Antonio Gramsci, é central para a pesquisa crítica. Gramsci compreendeu que o poder dominante do século XX nem sempre é exercido simplesmente pela força física, mas também por meio de tentativas psicológicas sociais de ganhar o consentimento das pessoas para a dominação através de instituições culturais como a mídia, as escolas, a família e a igreja.” (DENZIN, LINCOLN, 2006, p. 285).

De meados do século XIX até hoje a ciência adquiriu total hegemonia no pensamento ocidental e passou a ser socialmente reconhecida pelas virtualidades instrumentais da sua racionalidade, ou seja, pelo desenvolvimento tecnológico que tornou possível. A partir desse momento, o conhecimento científico pode dispensar a investigação das suas causas como meio de justificação. Socialmente passou a justificar-se, não pelas causas, mas pelas suas conseqüências. (SANTOS, 1989, p. 28)

Na perspectiva de Denzin e Lincoln (2006), um dos aspectos mais importantes de uma pesquisa qualitativa, inspirada na teoria crítica, envolve o domínio da interpretação de informações. O ato hermenêutico baseia-se no entendimento do que foi observado; com a finalidade de se comunicar a compreensão. A pesquisa e a percepção dos resultados

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